segunda-feira, 29 de agosto de 2011

P79 Estrebucha, filha...

Já que chegamos a isso...
Chegamos a tal ponto nesse país atacado por todos os lados por todo tipo de bandidos, que atitudes que levam ao extermínio de bandidos já são plenamente justificáveis. Já que chegamos a tal ponto ou pelo menos os acontecimentos diários nos levam à constatação de que não fica tão deselegante pensar assim, haja visto os tempos que estamos atravessando nesta nação, com total inversão de valores.
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Na foto acima vemos o treinamento de policiais da ROTA em São Paulo, um grupo conhecido pela sua capacidade de combate ao crime. Na foto abaixo vemos a nacionalmente conhecida imagem de um assaltante, Tiago Silva de Oliveira, agonizando após troca de tiros com policiais depois de ter feito um assalto em São Paulo. Com a divulgação do vídeo, ficou celébre a expressão do policial que chega para atender a ocorrência com uma frase dita no calor do momento.
Imediatamente levantaram-se os clamores dos intelectuais e entidades de defesa dos direitos humanos em rádios, televisões e jornais condenando o acontecido. Essas entidades que hoje mais se assemelham a grupos de pressão política a favor dos bandidos já deixaram de ser representantes do que uma sociedade pode ter de modos civilizados ao lidar com a questão do crime, parecendo hoje a todos inextricavelmente ligadas aos criminosos. Com sua eterna e incondicional defesa dos criminosos, já repugnam a todos. Uma coisa é certa, de graça é que não vão trabalhar.
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Na foto abaixo vemos o assaltante que sobreviveu, Diego Arruda Ramos, que hoje aparece fazendo o discurso de coitadinho, dizendo que foi humilhado durante 40 minutos. Se os policiais fossem tão maus quanto ele diz, ele teria sido executado 4 minutos depois que eles chegassem. Mas com esse discurso de coitadinho, além de ser uma excelente marionete para seus amigos dos direitos humanos, ainda tenta cavar uma indenização. Depois de ser baleado ao participar de um assalto, ainda se arroga o direito que teria de ser tratado como se fosse um hóspede de um hotel. Ele se declara borracheiro, mas não explica se fazia assaltos nas horas de folga.
Enquanto o caso é divulgado, alguns repórteres, alguns intelectuais e alguns defensores dos direitos humanos, os mesmos que nunca vemos em ocorrências policiais, (porque sabem que bichos estão defendendo), que nunca aparecem nas cenas de latrocínios, estupros e tudo mais prometendo assistência e defesa para as vítimas, aparecem na frente das câmeras e em estúdios de televisão à beira de um ataque de nervos, exigindo rigorosíssima apuração dos fatos, punição implacável para os responsáveis e é claro, se possível, fica no ar a idéia de uma indenização para o sobrevivente.
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É provável que a maioria das pessoas que tem notícia do caso ache a atitude dos policiais a mais correta e justificável. Porém como alguns ainda ficam em dúvida escutando o discurso dos defensores dos direitos humanos para os quais bandido bom é bandido vivo (afinal esse paga honorários), selecionei imagens de alguns casos de crimes celébres, para que os leitores possam vê-las, rememorar o acontecido e imaginar qual a última frase que esses criminosos talvez tenham dito para suas vítimas agonizantes.
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2002. A população toma conhecimento de que Suzane von Richthofen e os irmãos Cravinhos, um deles seu namorado, foram denunciados como autores do assassinato dos pais dela, atacados enquanto dormiam, sem a mínima chance de defesa. Suzane arquitetou o crime querendo se apossar dos bens dos pais. Um dos irmãos comprou uma moto logo após o crime com dinheiro roubado do quarto do casal assassinado. Quais as últimas palavras que eles podem ter dito para o casal agonizante?

2007. Presos depois de descobertos em seu esconderijo, os assaltantes dos pais do menino João Hélio são apresentados pela polícia carioca aos repórteres. Durante o roubo do carro, os assaltantes ignoraram os pedidos da mãe para soltar o filho caído no chão preso no cinto de segurança e arrastaram a criança por 7 quilômetros, deixando seu corpo completamente destroçado. Um motoqueiro que tentou avisá-los recebeu como resposta gritos de deboche. O que terão dito ao verem o corpo de sua vítima?
2008. O casal Nardoni chega preso depois que foram denunciados pelo promotor encarregado do caso como assassinos da menina Isabella Nardoni, de 5 anos de idade, cujo pai Alexandre Nardoni, a jogou pela janela do apartamento no 6.º andar. Pela reconstituição dos fatos, haviam tentado sufocar a menina no carro, depois decidiram jogá-la pela janela e simular um assalto. Quais a últimas palavras que Isabella deve ter ouvido de seus assassinos?
2011. A juíza Patrícia Lourival Acioli, combatente do crime organizado e jurada de morte termina executada ao chegar em sua casa com 21 tiros. Sempre combatendo e penalizando os membros de milícias e traficantes que eram levados a julgamento, Patrícia notabilizou-se pela sua coragem, mesmo ameaçada, defendendo a população ao sentenciar os criminosos a penas severas. Podemos imaginar as últimas palavras que os criminosos lhe disseram enquanto recebia os disparos.
Óbvio que num país cheio de problemas como o Brasil, com os policiais sempre imersos numa rotina de sobreviver a perigos que vem de onde menos se espera, de socorrer colegas baleados no dia a dia de patrulhas, de mesmo mostrarem no corpo as cicatrizes de balas recebidas na troca de tiros com criminosos e de se lembrarem dos últimos momentos de vida de colegas caídos mortalmente feridos por armas de criminosos, claro, a reação deles não poderia ser outra.
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E nem deveria ser outra. O certo é deixar claro a criminosos que partem para o latrocínio que a parada é dura, as chances de sobrevivência são poucas e o castigo é certo.
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Socorro?
Tratamento decente? Nada disso. Já vão partir para o crime sabendo o que os espera ao serem capturados ou baleados. O mesmo tratamento que deram às suas vítimas. Sem piedade, sem compaixão. Entrou nessa vida, sabia onde estava entrando. Entrou na chuva, é para se molhar.

É difícil crer que depois dessas duas décadas de absurdo garantismo penal, que não faz mais o mínimo sentido, com centenas de milhares de vítimas de todo tipo de crimes, como latrocínios, sequestros, estupros, tráfico de drogas, ainda exista um grupo de amigos de bandidos que nada mais fazem do que entoar sempre no conforto dos estúdios de televisão, a cantiga de que os policiais são maus e os bandidos apenas seres sociamente incompreendidos.
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Pior ainda, foi esse garantismo que permitiu o assalto de corruptos aos cofres públicos com o roubo de dezenas de bilhões de reais, aumentando as disparidades sociais e ferindo gravemente a nação. Se esse garantismo penal serviu para abrir as porteiras para centenas de milhares de criminosos do pior tipo, qual é o problema? O problema é do cidadão comum, que paga com a própria vida por isso.
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Garantismo penal que em última análise foi criado enquanto repórteres que depois vieram a entrar na fila das indenizações fazendo o papel de "coitadinhos perseguidos pelo regime militar" enchiam páginas e mais páginas defendendo o garantismo penal sem limites. Isso é que serviu de gancho para os mais variados vagabundos legislativos, desde municipais até federais criarem códigos penais e leis de administração que visavam garantir isso sim, a sua própria impunidade e a de seus cúmplices no verdadeiro paraíso de corrupção em que se tornou o Brasil, tudo sob o pretexto das "garantias democráticas".
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Exclusão social e pobreza são sim chagas sociais do Brasil, mas não são passaporte para as pessoas saírem matando, na maior parte das vezes de forma fria, escarnecendo do sofrimento de suas vítimas, para depois, quando são pegas, correrem atrás desses grupos de defesa dos direitos humanos somente para bandidos, enquanto que o cidadão de bem fica caído numa poça de sangue na esquina.

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Com esses absurdos, muitos desses repórteres, intelectuais e defensores dos direitos humanos para criminosos conseguiram aumentar em muito o número de cruzes nos cemitérios de todo o Brasil. Cúmplices dos assassinos, posam de grandes heróis "democráticos", alguns escrevendo em confortáveis apartamentos no exterior, longe dos tiroteios dos quais fazem questão de ficar bem longe.
Enquanto isso, sabe-se lá em quantos lugares, na medida do possível, os policiais chegam na cena de mais uma troca de tiros com bandidos e dizem o que deve ser dito:
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- Estrebucha, filha...

domingo, 14 de agosto de 2011

P78 Galeria de tiro

Mesmo na linha de tiro, há quem lute até o fim...
No último dia 11 a juíza Patrícia Lourival Acioli terminou assassinada com vários tiros de armas calibre .40 e .45 quando retornava para sua casa em Niterói no Rio de Janeiro. Titular da Vara Criminal de São Gonçalo, era conhecida pelo rigor com que julgava e sentenciava criminosos como policiais envolvidos com milícias no Rio de Janeiro. A juíza tratava esses criminosos sem perdão. Julgamento rápido, rigor na inquirição dos réus e maior rigor ainda na condenação. Para ela era simplesmente imperdoável que agentes da lei tivessem decidido seguir o caminho do crime e por isso mereciam as penas mais severas. Seu nome estava incluído numa lista de nomes de magistrados a serem executados.
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Enquanto seu carro todo furado de balas ainda era periciado, baixava à sepultura o corpo da juíza, mais uma magistrada que realmente deu valor e vida ao seu juramento como defensora da sociedade e do cidadão comum e que investindo com seu rigor condenatório contra os criminosos que viessem a cair sob sua pena, caiu sob as balas dos seus inimigos. Inimiga jurada de morte pelas milícias, em momento algum se deixou intimidar pelas ameaças que recebeu. Com toda coragem continuou seu trabalho. Facilitou o trabalho dos assassinos ter sido deixada à mercê da sua sorte pelo poder público, hoje largamente mancomunado com essas milícias.
Após seu assassinato, como era previsível os jornais e noticiários da televisão foram tomados pelos manifestos adequadamente consternados de diversas entidades. É de se perguntar o que vão fazer. Nada além de ficarem encolhidos de medo pela formidável aglomeração de criminosos em se tornou o poder público nos dias de hoje.
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Temos um executivo omisso que se importa mais com as fotos de corruptos envolvidos em desvio de recursos expostas no jornais, um legislativo que em parte considerável deve o dinheiro de suas campanhas eleitorais ao poder do crime organizado e um número inquietante de magistrados que quando não estão envolvidos em atos de corrupção, já entenderam o recado, ou seja, não condenar ninguém das milícias. Quem fizer isso morre, quem fizer de conta que não está vendo nada, continua vivo. É só não aborrecer o crime organizado com suas sentenças.
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Se ficar vivo significa ser leniente com esse estado criminal, é isso que vão fazer a não ser os poucos corajosos que honram sua missão de magistrados e defendem o cidadão e a sociedade a qualquer custo contra o crime, até mesmo com o custo de suas vidas. Esses são os idealistas e corajosos, hoje praticamente abandonados numa galeria de tiro onde os criminosos periodicamente vem abater os alvos que os incomodam, enquanto que os outros membros da dita sociedade representativa ficam encolhidos de medo atrás do estande de tiro.
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E como usual, a cada acontecimento desse tipo vemos o habitual teatro de marionetes em marcha. Num completo quadro de desagregação, intelectuais e artistas vão continuar organizando marchas e eventos. Pela liberação das drogas e é claro, pelo desarmamento do cidadão, para que ele fique tão indefeso quanto a juíza.
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Um dos exemplos do esquecimento que vai se abater sobre a memória da juíza é o monumento à corrupção que existe no Rio de Janeiro, a infeliz Cidade da Música que já consome quase 500 milhões de reais, 5 vezes mais que o valor inicial da obra e nenhum membro dessa sociedade fez alguma coisa para impedir isso. Ou não pôde, pelas leis em vigência, o que de qualquer forma apenas mostra sua impotência. Esse é apenas um exemplo. Milhares de outros existem pelo Brasil afora e sabe-se lá quantos no Rio de Janeiro. Com apenas uma fração do valor gasto nessas obras, os juízes dedicados, leais e decentes teriam uma tropa especializada para unicamente cuidar da sua proteção e reprimir com extrema e necessária violência o crime organizado, o que é legítimo e certo num combate entre o crime e a sociedade. Defender uma resposta violenta a esses atentados do crime organizado nada tem de errado. Atos deliberados de extrema violência contra mandantes ou subordinados do crime em represália aberta aos criminosos através de expedições punitivas abertas ao conhecimento público teriam um efeito salutar e por assim dizer profilático.
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Diminuiu o número de juízes e policiais decentes e defensores da sociedade por terem sido executados pelo crime organizado? Sem problemas. Uma bem preparada coluna de busca, captura e execução de bandidos daria o troco imediato. Logo os mandantes do crime organizado veriam baixas consideráveis em suas fileiras, pior ainda, que qualquer atentado contra defensores da lei ou cidadãos teria um custo muito caro para eles. Hoje o que vivemos é o inverso.

Pior ainda, logo estarão todas atenções voltadas para a espantosa Copa de 2014, outro monumento da estupidez e da corrupção que nos foi legado pelo governo anterior em sua ânsia de busca por holofotes da imprensa nacional e internacional que dessem realce à figura do seu sucessor, com o objetivo único de agregar propaganda e apoio para sua eleição, numa bem calculada manobra de enganar um povo incapaz de decidir o que realmente é melhor para si. E nesse caminho, a juíza será apenas um nome esquecido num túmulo, enquanto outros magistrados combativos como ela estarão também esquecidos e desprotegidos.
Num clima de tristeza sem fim entre os que lutam pela Justiça, baixou à sepultura o corpo da juíza Patrícia Lourival Acioli. Lutadora corajosa, mesmo ameaçada de morte honrou seu trabalho de magistrada, deu valor à causa de defender a sociedade contra o crime, não foi complacente com os que mereciam uma condenação certa e em momento algum vacilou em seu trabalho.
E não longe dalí, num clima festivo entre os grupos do crime organizado, os membros das milícias tiveram a certeza de que com seu crime realmente alcançaram seu objetivo. Matar os que se opõem a eles e que ousam condenar seus comparsas e ter a certeza de que o resto dos magistrados e outras autoridades não comprometidas com a defesa da Justiça até fim, hoje são apenas meros, silenciosos e obedientes espectadores na galeria de tiro.
Com todo o poder que esses obedientes espectadores tem na mão e que poderiam usar até para saírem caçando os criminosos pessoalmente de arma em punho, agora vão apenas ser bons redatores de discursos de protesto.

domingo, 7 de agosto de 2011

P77 Soldados vencidos

Suicidando-se por inanição e ainda pedindo desculpas...
Passando em retrospecto o comportamento das Forças Armadas nas últimas décadas, vemos que se guiaram desde 1985 numa chamada posição de respeito aos governos civis, garantindo sua não ingerência nos governos que vieram desde então. O momento histórico assim o exigia e os militares souberam entender isso. Porém, se por um lado deram mostras de uma atitude que condiz com uma postura de correção política, por outro se colocaram numa rota suicida, submetendo-se aos desvarios de governos ditos democráticos que na verdade vieram todos, desde a posse de José Sarney em 1986, carregados de uma corrupção avassaladora. Pior que isso, a corrupção, a entrega da nação a estrangeiros e em grande parte a destruição das Forças Armadas foram sempre diretrizes de autodefesa de tais governos, tanto federais como estaduais. Retalhando e destruindo para terem lucro qualquer parte dos serviços e instalações públicas, em especial a capacidade militar do Brasil, mantendo-se sempre submissos a diretrizes estrangeiras em troca de favores pessoais e favorecimentos comerciais, os dirigentes que vieram desde a época da passagem da presidência aos civis não só desmereceram completamente seu comando como também talvez tenham colocado o Brasil e suas Forças Armadas frente às consequencias de uma secessão civil e militar da nação.
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Hoje sempre insistindo em estar na defesa de um sistema político que o ataca, o deixa sem condições de defender a própria nação e ao mesmo tempo provoca sua morte lenta, as Forças Armadas brasileiras hoje parecem na verdade uma espécie de soldado que além de estar se suicidando pela fome ainda pede desculpas pelo incômodo.
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No primeiro dia deste mês o General Augusto Heleno, hoje reformado, mas que já foi comandante militar da Amazônia e também liderou as forças brasileiras no Haití, participou do programa de debates da Rede Bandeirantes, o Canal Livre. Em que pesem suas credenciais impecáveis e postura de verdadeiro patriota e defensor da nação, ao longo da entrevista todos os que gostam de assuntos estratégicos veem de forma clara que as Forças Armadas brasileiras hoje estão em situação de mendicância, em se tratando de poder militar contra algum possível invasor estrangeiro, coisa não desprezível nos dias de hoje. Pior ainda, quem conhece a realidade dos quartéis sabe que em muitas unidades, soldados com famílias na cidade do quartel almoçam em casa para que o Exército possa gastar menos. Percebe-se claramente que uma estrutura militar que desceu a tal ponto nem mesmo suas cidades consegue defender de inimigos internos. Um claro exemplo foi a falsa "retomada" dos morros cariocas pelo Estado, tão mistificada e celebrada pela imprensa com a subida de tanques do Exército e da Marinha no Rio de Janeiro, para desalojar traficantes, que apenas mudaram de lugar e continuam com o tráfico sem maiores problemas, enquanto que todo o aparato bélico apenas voltou para os quartéis sem nada fazer e nem nada garantir. Serviu apenas para os governantes do Rio dizerem para a FIFA que o trabalho de casa estava sendo feito. Nada poderia ser tão humilhante para os militares brasileiros quanto esse papel.
Com esse pano de fundo, a entrevista do General Heleno versou sobre a Amazônia e problemas de equipamentos do Exército. Com profundo respeito pela postura desse militar, o que os telespectadores perceberam foi que ele falava em nome de guarnições senão famélicas, ao menos miseravelmente a pé, tal o estado de desmonte dos sistemas de transporte em massa de soldados, coisa impensável na selva amazônica, onde a maioria dos ônibus e caminhões em certas estradas chegam a levar um dia inteiro para andarem uma mísera centena de quilômetros devido ao estado de abandono das estradas. Essas mesmas estradas seriam usadas no caso de necessidade do Exército reagir a um ataque estrangeiro. Ou seja, hoje em dia, a própria selva amazônica é um elemento de contenção dos soldados brasileiros, que se fossem responder a um ataque, se veriam enrolados em cipós e matas fechadas com seu deslocamento rápido completamente anulado.
Dispõe o Exército de velhos blindados de transporte pessoal tipo M-113, boa parte deles veteranos da Guerra do Vietnã, caminhões Mercedes brasileiros, jipes Toyota japoneses e Land Rovers ingleses numa total despadronização de equipamentos de transporte. Os velhos tanques vendidos ao Brasil nas décadas de 70 e 80, apesar de bons também tem limites para avanço numa selva. Em todo caso não iriam a lugam nenhum nessas estradas e os soldados permaneceriam dentro deles sem mais nada a fazer do que patrulhar o perímetro próximo. Para aumentar ainda mais a sensação de espanto, o próprio general admitiu no programa que o sistema de comunicaçães militares amazônico é tão precário que muitas vezes ele usava o celular para conseguir se comunicar. Um general de um exército com uma missão de defesa continental e que pode ter a surpresa de ao tentar dar uma ordem, receber o aviso de seu celular está fora de área. Para não sujeitar nosso Exército a maiores humilhações, melhor nem entrar no éxame da situação de sistemas de artilharia, transporte aéreo, cobertura por força aérea própria e vigilância por satélites, simplesmente inexistentes.
Se é para dar uma esperança, falsa aliás, sobram tanques M-41 da década de 60 e alguns tanques M-60 recentemente comprados pelo exército brasileiro. Alguns desses modelos hoje são usados como alvos para mísseis em testes nos Estados Unidos. Com quase 1.400 blindados obsoletos espalhados pelo Brasil, boa parte sem funcionar, vemos que hoje o território nacional é uma casa de portas abertas para qualquer invasor estrangeiro. Só para uma comparação, somente para a defesa de seu território os americanos contam com mais de 8.000 blindados modernos e funcionando. Esse número não inclui os blindados em uso pelo exército americano em operações estrangeiras e nem se contam aqui os que saem das fábricas mensalmente. É provável que não tenhamos sido invadidos porque nas privatizações boa parte das províncias minerais amazônicas passou para a mão de estrangeiros através da venda a preço de ocasião. Chegava mesmo a ser tragicômico ver anúncios do Exército Brasileiro na televisão falando de tropas preparadas para a defesa do território nacional e depois o noticiário sobre mais uma compra de reservas minerais por estrangeiros.
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Em todo caso a grande responsável pelo desmonte das Forças Armadas brasileiras foi a classe política brasileira, que tendo causado um prejuízo de incontáveis bilhões de reais desde 1985, não só não se cansa de reincidir nos seus crimes, como também a cada dia que passa coloca em risco a sobrevivência do Brasil como o conhecemos, como território constituído nesses 8 milhões de quilômetros quadrados tão duramente conquistados e que por incompetência e e corrupção contumaz de seus políticos, verdadeiros traidores da nação, está cada dia mais em grave perigo.
Restaram homens como o General Augusto Heleno, com suas críticas fundamentadas contra a política indigenista, ponta de lança da entrega de territórios brasileiros a estrangeiros e também civis preocupados com essa situação, que ajudam no possível com suas idéias. Temos que reconhecer, que como brasileiros estamos acuados em nosso próprio território. Até mesmo para dar a entrevista o general teve que transitar por estradas onde empresas com participação estrangeira lhe cobraram pedágio. Parece que a missão de defesa do solo nacional pode ser mais bem descrita como uma abstração do que uma realidade.
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Apesar reconhecermos o esforço, a dedicação e o preparo dos soldados brasileiros na Amazônia, mais ainda na figura do General Augusto Heleno, temos que nos lembrar das palavras de Anton Zischka, que observou várias guerras ao redor do mundo e até mesmo previu a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Ao observar a sempre certa vitória de tropas com mecanização superior em vários confrontos na Europa, ele não deixou de observar a coragem e determinação de exércitos vencidos. Mas observou igualmente que se a coragem pode muito, a coragem movida a gasolina pode muito mais. Foi assim que ele viu as vitórias avassaladoras de tropas blindadas alemãs contra oponentes que ainda lutavam a cavalo ou a pé.

domingo, 31 de julho de 2011

P76 Vale-tudo

Em apenas poucos dias, as manchetes do vale-tudo...
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Para ter uma idéia, mais uma, da situação política e social do país que é sempre vista e analisada por leitores que gostam desse tema, basta coletar as notícias que lemos nos jornais sem nem mesmo completar uma semana.
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No dia 28 de julho, políticos presos sob a acusação de desviarem 10 milhões de reais da prefeitura de Taboão da Serra em SP, foram libertados e responderão o processo em liberdade.
No mesmo dia 28 saiu a notícia de que um desembargador paulista pediu desculpas publicamente para a mãe de um rapaz morto em 1998 após acidente com uma viatura da polícia. Desde 2001 o recurso que ela impetrou no processo contra o estado estava esquecido dentro do TJ-SP.
No dia 29 o apresentador de programas policiais José Luis Datena deixou a Rede Record após trabalhar 43 dias dos 1.825 dias que previa o contrato assinado entre ele e a emissora. Ao ir para a Record Datena teve perdoada uma dívida de 15 milhões de reais da saída anterior da emissora. Assim que a dívida foi perdoada em acordo judicial, passou a alegar censura e abandonou a nova emissora.
Na mesma página saiu a notícia de que uma ex Ronaldinha admite hoje que namorou Ronaldinho em sua fase áurea por dinheiro dizendo que era por amor. Gorda e banida da TV, conta que queria mesmo fama e riqueza mas ficou sem dinheiro e aceitou fazer fimes pornô e depois perdeu tudo de novo. Aí passou a fazer programas com executivos.
No dia 30 saiu a declaração da moça que atropelou e matou um jovem em São Paulo. Segundo o médico que atendeu a ocorrência, ela estava alcoolizada e seu namorado também. No momento do acidente recusou-se a fazer o teste segundo os policiais e depois ela disse que nem a polícia e nem os médicos do instituto médico legal se lembraram de fazer o exame. E nem ela. Apesar do jipe blindado ter capotado e ter ficado muito danificado, ela afirmou que dirigia a apenas 30 km. por hora.
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No mesmo dia 30 saiu a notícia de que a presidente Dilma, irritada com as atitudes e denúncias contra Ricardo Teixeira, decidiu não recebê-lo para manifestar seu desagrado. Mostrando o que seus assessores chamam de mais completo repúdio, apareceu na solenidade e discursou obedientemente no mesmo recinto em que estavam Ricardo Teixeira e Joseph Blatter, também acusado de graves irregularidades. E apesar de ser contra a exclusividade dada pela FIFA para a Rede Globo, aceitou discursar sem dizer uma palavra que fosse de estar contrariada e além disso, de estar no comando. Segundo seus assessores, sua atitude foi firme. Talvez possamos entender isso como de firme obediência ao que já foi acertado entre os que vão ganhar dinheiro às custas do Brasil.
22 políticos acusados de fraude contra uma prefeitura libertados em menos de 100 dias. Uma mãe que tenta processar o estado pela morte de seu filho e tem seu processo esquecido por 10 anos. Um apresentador que diz denunciar crimes e que tem uma dívida perdoada e então rompe o contrato com quem o desobrigou. Uma ex vedete que diz que na verdade só se interessava pelo dinheiro de quem dizia amar. Uma jovem que atropelou e matou que faz um depoimento absurdo no escritório do seu advogado. Uma copa do mundo que antes de começar mostra claramente como está eivada de corrupção. Uma presidente que tenta aparentar que manda nessa bagunça e que diz que é contra o principal acusado e no entanto vai de cabeça baixa discursar no evento que ele montou junto com outro acusado. E são apenas notícias rotineiras.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

P75 A praça de touros

O touro que espera...
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Com os mais recentes desdobramentos da crise econômica, também a Espanha começa a dar sinais de que dificilmente sairá inteira da praça de touros econômicos onde se enfiou nos últimos anos.
Fazendo uma comparação com as touradas, uma coisa é que a aparente coragem do toureiro é no fundo uma extrema covardia. Dias antes da tourada, o touro é fechado num curral escuro onde fica sem água e sem comida até o dia da tourada. Enquanto isso dão-lhe laxantes e deixam pesos amarrados em suas costas. Quando está bem esgotado e desorientado é assim que é jogado numa arena para enfrentar de súbito um homem que se diz corajoso, saudável, armado e que treinou durante anos esse ataque. Cultores dessa coisa ainda propagandeiam uma suposta coragem, ocultando todo o horror que existe aí. Pior ainda, se o touro começar a apenas ameaçar seu desafiante, o toureiro é socorrido imediatamente por lanceiros a cavalo e vários outros toureiros também armados. Custa crer que ainda tenha admiradores essa atrocidade.
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Ao ser lançada na América Latina a onda de privatizações de empresas estatais largamente incensada em especial por economistas e jornalistas brasileiros sem nenhum compromisso com seu país, a Espanha se aproveitou disso para voltar a este continente novamente, onde sua última presença em séculos passados só trouxe infelicidade pelos genocídios e exploração social que deixou como marca. Mantendo seu costume secular de se aproveitar de outros povos, não poderia deixar de ser diferente quando os espanhóis viram a chance de novamente desembarcarem por aqui, contando com o apoio dos chamados neoliberais do governo FHC, que depois de terem vendido as estatais brasileiras por preço de liquidação, saíram de seus empregos para trabalharem como diretores de bancos de investimentos que passaram a ter participação nas empresas privatizadas. Afinal de graça é que não venderam todo o patrimônio brasileiro. Se alguém pagou alguma coisa, esse foi o povo brasileiro.
Na época em que se liquidavam as estatais de energia elétrica, as condições de venda eram tão favoráveis a especuladores e aproveitadores que um dos dirigentes de um grupo hidrelétrico espanhol declarou abismado para a imprensa que não conseguia entender como o governo brasileiro estava vendendo empresas totalmente pagas e que estavam dando lucro.
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Enquanto isso um casal de jornalistas brasileiros, figura habitual do noticiário da Rede Globo alardeava durante meses, de forma mais enfática, a ineficiência das empresas estatais brasileiras. Durante anos já vinham vendendo a idéia de que entregar tudo aos estrangeiros era a melhor coisa a fazer. Reportagens minuciosas eram feitas mostrando até mesmo torneiras pingando nas estatais. Hoje esse mesmo casal não faz essas reportagens minuciosas investigando a fundo as dezenas de explosões de bueiros de sistemas elétricos no Rio de Janeiro, cuja manutenção seria dever das empresas privadas que compraram a rede elétrica antes estatal. Mas não era para ter melhorado com a administração privada? Isso o Jornal Nacional não fala muito.
No caso dos bancos estaduais, não só no Brasil como também no resto da América Latina, coisa semelhante aconteceu. Durante anos também não só emissoras de televisão como também uma revista semanal da Editora Abril, noticiavam com destaque qualquer problema nesses bancos, coisa que qualquer administração correta acertaria sem problemas, a não ser que ela tivesse a intenção de pôr tudo a perder enquanto jornalistas faziam a propaganda de que vender para estrangeiros seria melhor. Enquanto isso, uma revista de circulação nacional publicava relatos de brasileiros felizes no exterior com os serviços bancários estrangeiros. Quando o banco estatal de São Paulo foi vendido, em questão de meses o dinheiro da venda evaporou-se nas despesas do estado. Pior ainda, hoje o banco Santander, o comprador, acumulou milhares de reclamações nesses anos, trabalhistas e de clientes, sem contar que em 2011 o Ministério Público Federal carioca concluiu que o Grupo Santander havia cobrado 265 milhões de reais em taxas indevidas dos clientes do Brasil. Mas não ia ficar tudo melhor com os estrangeiros? Isso a revista não investiga nem remotamente.
Nas empresas de telefonia, os grandes grupos jornalísticos do Brasil foram aliados incondicionais dos espanhóis. Os grupos da Espanha puderam ir ás compras com tudo muito facilitado por essa parceria. Hoje operando a antiga Telesp, ex estatal de telefonia paulista, entre outras no Brasil, os espanhóis fixaram um domínio por aqui às custas do brasileiros. Claro que reportagens da revista "Veja" se esmeravam em mostrar relatos de brasileiros felizes no exterior com as empresas de telefonia de onde estavam. Mas ficava complicado contar que a Telefonica de España já havia levado multas de milhões de euros no exterior. Depois da privatização, do dia para a noite os telefones começaram a ser vendidos em 48 horas. Milagre?
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Sim, às custas do povo brasileiro que não foi informado de que isso se devia aos altos investimentos feitos pelo governo FHC pouco antes das privatizações. E que a alta de preços pouco antes dessas mesmas privatizações foi imensamente bem vista por possíveis compradores estrangeiros que receberiam as empresas funcionando, com melhoramentos nas instalações e melhor ainda, com os preços cobrados já deixados mais altos pelo governo vendedor. Algum repórter do "Jornal Nacional" ou da revista "Veja" investigou isso? Não. Ia atrapalhar os negócios de telefonia que ambicionavam e de onde foram postos para fora pelos mesmos estrangeiros que ajudaram a entrar aqui.

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Hoje os negócios de telecomunicações das Organizações Globo são praticamente desconhecidos e a MTV da Editora Abril encolheu-se miseravelmente a ponto de ser desconhecida fora da cidade de São Paulo.
E hoje, depois de tudo isso, depois de passarem anos lucrando às custas de um povo explorado e enganado, estão os governantes e empresários espanhóis a baterem na porta das agências de risco internacionais pedindo alguma ajuda, para não terem seu país rebaixado nas notas que graduam os investimentos para melhor ou pior. Já foram rebaixados para pior, pois lidam com gente do mesmo tipo. Enquanto isso, dentro da Espanha sucedem-se as marchas contra o desemprego e a crise no país deles. De novo perderam o que ganharam, depois de terem tido uma triste passagem por aqui, sempre explorando povos enganados ou de alguma forma incapazes de se defenderem.
Assim, o toureiro espanhol subitamente se vê na arena sem capa e sem espada, enquanto que o touro que ele tem pela frente, além de estar em forma e bem disposto, está acostumado a moer o que encontra na arena mas não tem muita pressa. Os amigos que antes o ajudavam de cavalo e lanças em punho agora se voltam contra ele. Sem saída, o toureiro espanhol tem que pedir ajuda para seu povo até se lembrar de que calça de toureiro não tem bolso.
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A platéia de grandes especuladores não está nem um pouco interessada no certo nem no errado, nem no touro e nem no toureiro, mas em sim em quanto vai ganhar. Mas quem se meteu nesse jogo sujo foi ele. Memorável mesmo. Em pouco mais de dez anos depois de retornarem ao continente sul-americano como pretensos reconquistadores, com tudo o que ganharam em negócios obscuros mal conseguem fechar as contas internas e seus amigos de ontem lhes dão as costas hoje. Custa-se a crer que até mesmos seus jornalistas de aluguel os tenham abandonado, mas esses trabalham de acordo com o que ganham.
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Enfim, com touro bem alimentado, a coisa é outra.

domingo, 17 de julho de 2011

P74 O navio português

Currículos e referências primeiro...
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Nos dias de hoje segue sem maiores novidades o rumo do que podemos chamar de navio da economia portuguesa. Se por um lado parece surreal a imagem de um navio encravado em terra firme, esta seria uma navegação segura para os portugueses. O problema é que lá vem tempestade e faltam botes e bóias para os passageiros abandonarem o navio. Enfim, tendo zarpado junto com a comunidade econômica européia há alguns anos, esse foi o rumo tomado.
É um caso de estudo no qual o Brasil deve se mirar pois não está longe disso, apesar da alegria reinante com dinheiro emprestado, na mesma festa que hoje chega ao fim para os portugueses. Com instituições cópia das portuguesas, a capacidade de mudar e de reagir a qualquer imprevisto se anula a cada dia, se não houver uma mudança radical na estrutura política do Brasil. Enquanto isso, para Portugal, se o cenário já era desolador com a admissão pública da incapacidade para saldar suas dívidas e pedido formal de socorro aos outros países europeus, agora com os problemas financeiros do governo americano, no navio português todos veem que além do naufrágio iminente, falta de botes e bóias, ainda por cima aparecem tubarões no mar.
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Com uma história de lamentáveis 8 séculos de persistência no mesmo sistema político viciado, do qual aliás o Brasil é um dos mais dignos herdeiros, haja visto a espantosa corrupção que a todos hoje assombra por aqui, Portugal e os portugueses, seja lá como for, acharam que estava de bom tamanho viverem sob a égide de um sistema político atrasado, retrógrado e acostumado a viver da pilhagem sistemática de povos colonizados, sempre mais fracos é claro. As guerras de conquista coloniais de Portugal contra os povos africanos sempre tiveram essa marca: um moderno poder bélico sempre voltado contra tribos que ainda mergulhadas numa vida pre-histórica caíam fácil sob as balas das armas portuguesas, compradas dos ingleses, franceses, alemães e outros que tivessem as indústrias e fábricas que os portugueses não tinham. Vale lembrar que até pouco tempo atrás, a cortiça plantada em Portugal era industrializada em outros países de onde voltava como rolha para suas garrafas de vinho.
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As guerras coloniais de Portugal sempre tiveram essa triste marca, a qual procuram não comentar. Guerra de conquista contra a Alemanha ou mesmo contra a Espanha, um pouco menor? Nem pensar. Melhor dar tiros de canhão em aborígenes que pensavam que lanças e flechas eram a última palavra em armamento e que foram aprender o que era a pólvora com os tiros que levaram. Enquanto isso, do século 12 ao século 20, seguia a modorrenta vida de exploração de plantações de cortiça, uvas e oliveiras, com o que Portugal reafirmava seu modo de vida voltado à exploração cruenta dos povos colonizados, enquanto que entregava a seu próprio povo migalhas do que conseguia no exterior através das colonias conquistadas com sua esquadra. Na verdade eles já chegavam nas colônias com saldo devedor para ingleses, de quem compravam as armas e para holandeses, de quem arrendavam os navios. O que sempre foi saque, assassinato em larga escala e tráfico de escravos sempre foi mais palatável contar nas aulas de história de ginásios como gloriosa saga de exploração colonial.
Apesar de uma alentada produção vinícola, tanto hoje como naqueles tempos, barris e mais barris de vinho estavam muito longe de pagar tudo o que deviam aos povos mais cultos, progressistas e industrializados daquela época. Pior ainda, os exploradores portugueses, além de chegarem devendo para holandeses e ingleses ainda hoje seus credores, já deviam dinheiro também para a corte portuguesa que sustentava sua opulência com os impostos cobrados do que viessem a conseguir de ouro e pedras preciosas, sobre o que também tinham que pagar a sua parte para o braço português da igreja católica. Uma situação triste mesmo.
Parece incrível que os portugueses tenham chegado novamente por terras brasileiras com a onda de privatizações que se seguiu com o governo FHC a partir de 1995, onde nenhum pouco de indústria ou trabalho foi preciso para que saíssem lucrando e muito. Basicamente nessas privatizações, um alto funcionário do governo brasileiro dizia que estava em condições de vender por um preço de liquidação tudo o que o povo brasileiro tinha passado 20 anos construindo e pagando. E é claro, esse funcionário, à semelhança do corrupto Major Sandro do filme "Tropa de Elite 1" dizia que quem quer rir, tem que fazer rir, se é que o entendiam. Claro que o entenderam.
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E assim, somente com a tradição de colher cortiça, engarrafar vinho e enlatar azeite, Portugal, do dia para a noite se tornava proprietário de redes de telecomunicações das quais não havia levantado um poste e nem sequer estendido um fio que fosse. Exultantes e arrogantes, chegavam os portugueses, sentindo-se superiores em tudo, pisando a terra do Brasil como a velha colônia que na verdade sempre deveria ter sido. E recomeçava a transferência de dinheiro da antiga colônia para a velha metrópole, sempre velha em seus hábitos e costumes nada elogiáveis.
Ao mesmo tempo em que fazia isso, qualquer um que fosse estudar a história de Portugal veria que se existem símbolos e marcas de cortiças, vinhos e azeites em profusão, nenhuma marca, nada mesmo existe que indique alta tecnologia, adquirida por conhecimento próprio e avançado em ciências exatas, laboratórios de eletrônica, física e engenharia que andem passo a passo com os mais modernos laboratórios do mesmo tipo alemães, ingleses e holandeses, para não dizer americanos, que com 6 séculos a menos de história até mesmo colocaram o primeiro homem na Lua.
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Existem apenas entidades centenárias que cultivam em grande parte todos os vícios que conhecemos por aqui, deixados como herança pelos antigos colonizadores portugueses. Vícios políticos que por sinal são a única forma de vida da estrutura política que aceitam como instituição nacional. Vícios de educação, onde é privilegiada a formação intensiva de bacharéis que em nada contribuem com o país, a não ser com a malandragem e esperteza institucionais, ou seja, com a redação de leis destinadas a apenas enganar seu próprio povo.
Não podia dar outra coisa. Enquanto durou a festa do dinheiro emprestado da comunidade econômica européia, Portugal foi às compras. Agora que o dinheiro europeu acabou, exatamente como nos tempos em que perdeu o rendimento que vinha de suas colônias, Portugal se prepara para afundar. Até mesmo foi ensaiado um primeiro e discreto pedido para a recém eleita presidente Dilma, que desconversou já que estava mais para fazer negócios com os chineses que tinham muito mais a oferecer. Pedir dinheiro para uma ex-colônia é o ponto mais baixo para uma ex-metrópole. Sem contar que Dilma deixou claro que estava com os cofres empenhados em coisas inúteis tal como o trem-bala, o mesmo que Portugal mandou construir e que hoje está abandonado por lá, enquanto que em imensas rodovias que estariam mais bem situadas na Alemanha, trafegam alguns poucos carros e enquanto os motoristas pagam caros pedágios, o governo português pensa em como vai pagar tudo o que foi construído sem saberem ao certo porque.
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Alheio a tudo isso, o ex primeiro ministro José Sócrates, dirigente que levou Portugal a esse buraco, há poucos dias mudou-se para a França e disse que sua nova residência em Paris é para estudos de filosofia. Formado em engenharia civil, a mudança dele vem bem a calhar já que saiu a notícia de que o novo governo português admitiu publicamente o desvio de mais de 2 bilhões de euros de contas públicas, equivalente a 4 bilhões de reais, o que deixa os países que ajudaram Portugal com 73 bilhões de euros propensos a não dar mais ajuda nenhuma.
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Sem outra alternativa, os portugueses que antes olhavam os imigrantes brasileiros com uma ponta de desprezo, hoje se veem na contingência de chegarem não só no Brasil como também em outros países como imigrantes, levando currículo e referências para candidatarem-se a empregos.
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Com o navio português prestes a afundar, todos gritarão como palavras de ordem currículos e referências primeiro, mulheres e crianças depois. Em caso de cairem na água mesmo, resta ainda fazer como o herói literário Camões, que segundo a lenda, ao escapar de um naufrágio nadou com um só braço e segurou seus manuscritos com outro até chegar em terra firme. Haja braço para isso no mar agitado dos dias de hoje.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

P73 Em nome do povo, matam o povo

Tudo em nome do povo...que está no poder, é claro...
Após quase um mês sem colocar outro texto, devo dizer que estes períodos tem a finalidade única de constatar de forma inequívoca a atual degradação política a que estamos submetidos pela simples leitura das notícias apresentadas nos meios de comunicação nesse curto tempo passado. O termo atual aqui se refere aos últimos 20 anos, quando fomos envolvidos pelas promessas de partidos falando em renovação e moralização da vida nacional e desde então tudo o que vimos foi a desmoralização progressiva da nação e administrações seguidas que se pautam pelo exercício de um latrocínio puro e simples, a que a classe política brasileira chama de "democracia", enquanto que grupos de jornalistas subalternos a isso coroam com o nome de "cidadania".
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Qualquer observador atento ao que se passa na vida nacional em pouco menos de um mês vê uma profusão de notícias sobre corrupção e degradação social, que apenas precisa escolher quais dos fatos noticiados são mais dignos de nota para ter a mais absoluta convicção de que uma renovação radical na vida nacional é mais que urgente.
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Tudo é feito pelas autoridades em nome do povo, que dizem que é assistido pela constituição cidadã. Na verdade uma grande farsa política, essa constituição mostrada na foto por um dos mais incensados enganadores do povo brasileiro, o finado deputado Ulisses Guimarães, visou tão somente permitir que os três poderes do Brasil num momento único de transição de poder, ao invés de realmente protegerem o povo brasileiro, protegessem apenas as próprias ambições, criando uma falsa constituição que longe de defender o povo, defendeu apenas prerrogativas, privilégios e a impunidade total dos que a redigiram. Não é por acaso que a assembléia constituinte de 1988 é por alguns críticos chamada de "assembléia prostituinte" tamanho foi o balcão de negócios que se tornou e tudo "em nome do povo".
Isso foi em 1988. Durante 23 anos a nação tem suportado o assalto de dinastias políticas centenárias, obstinadas na corrupção, pois esse é seu único meio de vida, na verdade uma herança familiar.
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Nos dias de hoje, nesses poucos dias passados é possível escolher as incontáveis notícias que infelicitam a todos. Folheando os jornais do mês, só como exemplo vemos que quadrilhas dentro de prefeituras já são coisa comum. De cidades pequenas a cidades grandes de norte a sul, a Polícia Federal se desloca em seu já monótono trabalho de busca e captura dos elementos denunciados, sem nenhum entusiasmo pois sabe da impunidade que todos os acusados desfrutarão. Os acusados, que com igual ar de monotonia e tédio deixam-se prender, já aconselhados por advogados também moralmente comprometidos ou envolvidos nas denúncias, mostram a que ponto chegou a tomada dos meios de governo por bandidos diplomados. Tudo em "nome do povo".
O congresso nacional prossegue sem a menor vontade de mudar, mas sim de persistir no caminho que iniciou há duas décadas, de rapinagem da nação, de proteção de interesses pessoais e recrutamento de bandidos disfarçados de "representantes do povo", assistido por instituições e agremiações das mais diversas, que com discursos vazios e inúteis, procuram apenas tomar parte no assalto às riquezas da nação, com seus bacharéis mais graduados oferecendo seus serviços, pelos quais esperam o pagamento. Aliás, no Brasil moderno a graduação de um bacharel passou a equivaler a receber carteira para cometer assaltos com seus autores protegidos por prerrogativas.
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Entre a rápida e arriscada carreira do assaltante de bancos exposto a todos os perigos e a lenta mas segura carreira de rapinagem política e jurídica protegida por um diploma e por prerrogativas que garantem a impunidade vai uma grande diferença. A diferença de que o assaltante de bancos mostra notável coragem pessoal. É o que os distingue nos dias de hoje.

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Existem os idealistas, fiéis a seus juramentos à Justiça? Existem e alguns até mesmo pagam com a vida por essa coragem, tais como discípulos modernos de juristas que marcaram época na história do Brasil com sua honra, coragem e honestidade, mas só eles não serão suficientes para vencermos todas essas quadrilhas que não só infestam a vida nacional, como destroem a nação dia a dia com sua rapinagem.
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Protegidos por esses verdadeiros chefes de quadrilhas legislativas, hoje chamados de governantes, que nomeiam parentes e cúmplices em todos os níveis da administração pública, a seu serviço todo o tipo de marginais aliados ou úteis ao poder atacam o povo brasileiro em sua vida diária. Desde ladrões já conhecidos no dia a dia da administração pública tanto em nível federal como municipal, até membros da segurança pública como no mais recente e doloroso caso do
menino assassinado por policiais militares do Rio de Janeiro, cujo corpo tentaram ocultar e que hoje são obrigados a reencenar o crime, para uma mera satisfação da opinião pública. Fazem essas coisas porque sabem que no final, a impunidade assistirá a todos. Dependendo do clamor público, alguns companheiros de bando até podem ser sacrificados, mas em nível nacional, o verdadeiro poder político que a tudo isso assiste e protege, permanece intocado.
JustificarEnquanto isso, no plenário do que chamam de congresso nacional, a bandeira brasileira e as riquezas que mostra estampadas em suas cores permanece ainda prisioneira dessa quadrilha.
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Já é tempo do brasileiro comum entender que de forma alguma esse estado de coisas mudará por
si mesmo. Somente um gesto de ruptura radical, revolucionária mesmo, porá fim a esse estado de coisas e derrubará essas falsas instituições, resgatando essas cores para o verdadeiro lugar de honra e trabalho que merecem, junto com a nação brasileira e seu povo.