sexta-feira, 17 de junho de 2011

P72 O fim de um ciclo

Uma mudança necessária...
Apesar dos tempos que vivemos, supostamente de democracia e cidadania, não poderia ser mais triste a visão que temos quando olhamos a sociedade brasileira como um todo nos dias de hoje. Fazemos parte dessa sociedade e estamos portanto expostos a tudo o que acontece em nosso meio. Como atores desse imenso drama social, nosso papel, examinado pelas demais nações do mundo e por nós mesmos tem sido vergonhoso, por culpa da estrutura política que existe no nosso país, que a tudo degenera e a todos oprime, em que pese a fingida democracia em que vivemos, que nada mais é do que a rapinagem política e social generalizada, onde cada cidadão está entregue à sua própria sorte e a nação, na verdade, sem rumo algum.
-
Vive-se no Brasil oficial e propagandístico de uma mídia submissa a interesses políticos e econômicos, uma euforia localizada, em que uma pequena parte da população tem acesso a benefícios econômicos e a uma pequena ascensão social, benesses que vem mais da imensa capacidade de exportação de minérios provenientes da riqueza do nosso solo do que da capacidade propriamente dita de pesquisar, inovar e desenvolver técnicas e produtos que além de terem uma boa acolhida e procura por outros países, teriam como resultado final o contínuo desenvolvimento da possibilidade de não só manter mas aumentar a capacidade própria de criação e desenvolvimento intelectual e efetiva auto-segurança e predominância da nação no cenário mundial, caminho seguro para a sobrevivência de uma nação forte e realmente independente, como é mostrado pelo exemplo de outras nações mais desenvolvidas. Ao contrário disso, o Brasil de hoje mostra uma limitada capacidade de apenas repetir algumas poucas coisas do que já foi desenvolvido em outros países. O tão cantado progresso é sempre a eterna dependência de outras nações, sempre em posição de inferioridade e subordinação da vida nacional em todos os níveis.
-
Beneficiando-se desse deplorável estado de coisas, um ínfima parcela da população, que são os membros mais altos dos três poderes, a tudo assiste sem nenhum desejo de mudança, que não seja a mistificação que se repete a cada quatro anos, chamada de eleições, que nada mais servem a não ser escolher entre oponentes de sempre ou aliados de última hora. Oponentes de sempre, longe de qualquer ideologia, querem apenas tomar todo o lucro desses estado de coisas para suas siglas partidárias e para si mesmos, discordando de qualquer partilha de lucros, advindo daí sua oposição a outros competidores. Aliados de última hora apenas acertaram repartir entre si e seus partidos os lucros bilionários que obtém nessa vida de parasitas políticos, que vivem às custas do trabalho do povo brasileiro e da venda das riquezas nacionais a estrangeiros.
-
Sufocada nessa estrutura social criada para proteger e servir os mais ricos e mais bem situados nessa construção política e judiciária, batida em suas fictícias escolhas eleitorais onde palhaços e corruptos são eleitos, sufocada em seu trabalho diário e atemorizada pelas tristes perspectivas de um futuro sem recursos, à população nada mais resta fazer senão obedecer ao conjunto de leis injustas que esse grupo político cria para exploração dela e para seu benefício próprio.
-
Como uma das últimas linhas de defesa, já em grande parte depauperadas por mais de 20 anos de sucateamento, as Forças Armadas, ainda com comandantes preocupados com os rumos atuais mas completamente isolados por uma mídia serviçal do poder, tentam de todas as formas reverter a situação enquanto assitem ao contínuo empobrecimento dos seus quartéis e percebem que suas forças de terra, mar e ar se tornam a cada dia menos capazes de defender o Brasil de qualquer eventualidade futura. Mesmo nos dias de hoje nem podemos dizer mais que nosso país tenha forças militares capazes de defendê-lo. A cada diretriz dos atuais governantes, estes, longe de cuidarem das nossas forças militares, tratam cada vez mais de caminharem um passo a mais no rumo para as tornarem forças subordinadas a interesses estrangeiros, como sempre foi comum em países mais pobres da América Latina, simplesmente porque isso serve a seus propósitos políticos..
-
Nesse intolerável estado de coisas, é necessário que os cidadãos repensem a vida e suas posturas políticas, hoje na situação de falsos cidadãos de uma falsa democracia que apenas os vê apenas como pagadores de impostos para enriquecimento de corruptos e vendilhões da nação, meras máquinas de trabalho que possam render o máximo de lucros com o mínimo de conservação.
-
Direitos são negados para os cidadãos e para a nação, deveres são esquecidos e mais privilégios são criados para os que se beneficiam de tudo isto que vemos e vivemos, mais que vivemos, na verdade sofremos.
-
É tempo de em definitivo os cidadãos reverem sua postura de obediência a esse estado de coisas, que sendo útil apenas para uma classe de políticos e dirigentes corruptos, dia a dia leva a nação a um futuro onde esgotados o valor de seus recursos minerais, apenas pobreza e total submissão a estrangeiros será a ordem normal da vida dos filhos e herdeiros desse presente que vivemos, mas que ainda poderemos alterar de forma decisiva, pelo bem do Brasil e de nós mesmos, como coletividade humana que luta por um futuro melhor e uma nação, que com sua diginidade restabelecida, seja também verdadeiramente representativa no cenário mundial.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

D01 Depois de tudo perdido

Apenas um pequeno clique...
Com esta postagem inicial recomeço no novo espaço que criei Cartas do Vellker ainda recebendo retoques finais, o antigo bilogue (aportuguesei a palavra) que mantive por muito tempo no Terra, o velho http://vellker.blog.terra.com.br que ontem, por causa de um pequeno clique, deixou de existir.
-
Há algum tempo atrás pude voltar a acessá-lo e ontem quando salvava textos para republicar, ao rever e apagar algumas postagens que haviam ficado como rascunho, por distração dei o comando de "excluir tudo" e não apenas uma postagem. Quando me dei conta do erro, me senti como o piloto que ao aterrissar vê faíscas saindo debaixo do avião e percebe que, ora essa, esqueceu de baixar o trem de pouso. Claro, fica de orelhas vermelhas enquanto vê a agitação na torre de controle.
-
Por sorte ninguém morreu, a não ser textos e imagens que mantive desde 2006. Textos e imagens que lamento ter perdido. E findou-se a memória do velho bilogue, que agora começo a repostar através do que havia conseguido salvar. Lá aprendi a postar os primeiros textos, refazer a redação, corrigir temas e conjugar imagens com o assunto escolhido. Também conheci muitos amigos da chamada bilogosfera, no Brasil e no exterior e valeu a pena o aprendizado.
-
Na medida do possível, os textos serão repostos ordenados da melhor forma possível. Apesar do tempo passado, vai valer a pena ler de vez em quando.
-
Tento o acesso mais uma vez com uma certa esperança, olho para a mensagem na tela informando que o bilogue não foi encontrado e de vez me sinto como o piloto, que depois de sentir o avião parar na pista, olha para a torre de controle e liga o rádio balbuciando alguma desculpa. Era só ter apertado um pequeno botão e o avião estaria a salvo.
-
No meu caso era só ter dado um clique em outro botão e tudo ainda estaria em seu lugar.
Acontece nos melhores teclados.

sábado, 4 de junho de 2011

P71 Nos tempos do Soviete Supremo

O Soviete Supremo à moda brasileira..
Ao que tudo indica, andou sendo reencenada por esses dias uma versão brasileira do Soviete Supremo da finada União Soviética. E parece que a encenação ainda vai longe. Com a mistura da apatia da presidente Dilma frente ao choque das denúncias contra o ministro Antonio Palocci, a intervenção de Lula nos bastidores e os desmentidos dados pelo ministro via Rede Globo, o cenário não poderia lembrar outra coisa.
-
Para quem não viveu aqueles tempos, o Soviete Supremo da União Soviétia trazia sempre em suas reuniões uma leva de dirigentes octogenários, que além de comunistas ortodoxos, eram quase sempre doentes e cambaleantes, dos tipos mais fáceis de serem manipulados numa estrutura de poder, mesmo que alcançassem o cargo máximo de secretário-geral do Partido Comunista. Facções em luta pelo poder se aproveitavam de homens idosos e doentes como se fossem marionetes, com as verdadeiras decisões sendo tomadas nos bastidores.
-
Assim, nos telejornais da época aparecia a figura de um Leonid Brezhnev apático ou cambaleante durante anos, que levado ao poder em 1964, ao longo dos anos foi adoecendo e se tornando combalido enquanto a imprensa estatal a tudo desmentia, até que em 1984 ele morreu. Em seu lugar entrou Yuri Andropov, igualmente enfermo, com a promessa de reformas e mudanças e que de forma surpreendente viveu apenas 2 anos. Claro, não teve tempo de fazer as reformas políticas que pretendia ou que pelo menos dizia querer.
Para o novo secretário-geral escolheram Konstantin Chernenko, que de forma mais surpreendente ainda viveu apenas 1 ano, sempre acompanhado dos desmentidos oficiais que procuravam ocultar seu estado de saúde. A todas essas escolhas os comunistas do Brasil assistiam dizendo que o novo líder seria a renovação do comunismo. Nas reuniões plenas do Soviete Supremo todos os membros concordavam com a escolha. Não havia um único voto contrário, que seria a mesma coisa que cometer suicídio.
-
Não era surpreendente que os eleitos morressem logo. O surpreendente era que o colégio eleitoral do soviete supremo escolhesse homens tão debilitados esperando que vivessem um longo tempo. Mistificações, notícias de ocasião e conchavos de gabinetes era tudo o que acontecia nos círculos do poder de então, até que uma vez eleito, Mikhail Gorbachev realmente renovou tudo e favoreceu a implosão da União Soviética em 1991, evitando uma guerra civil.

-
O roteiro do que realmente aconteceu na época da Guerra Fria em tudo é semelhante ao que acontece nos dias de hoje em Brasília, onde o que se pode chamar de Soviete Supremo do Partido dos Trabalhadores, junto com o que podemos chamar também de Soviete Supremo dos partidos que compõem o governo, está tendo um trabalho difícil para debelar a crise das denúncias contra o ministro Antonio Palocci. Aqui não existem dirigentes octogenários, conservadores, doentes e fáceis de serem manipulados, mas pode existir uma presidente doente cercada por corruptos acuados por denúncias, um grupo de comunicações se aproveitando da situação e um grupo de "aliados" que é em tudo semelhante a uma matilha de lobos, tentando conseguir seu quinhão de poder, se não o poder definitivo.
-
Frente ao estado de visível abatimento da presidente Dilma Roussef, em certos momentos quase parecendo no limite de suas forças frente às câmeras de televisão, até mesmo ao ex-presidente Lula tiveram que recorrer, em vista da aparente incapacidade da atual governante de decidir de uma vez por todas a questão, demitindo o ministro, que pelas respostas evasivas que tem dado, já deu mostras suficientes de estar mais do que comprometido em atos nada aceitáveis com sua empresa, muito provavelmente envolvida com o dinheiro público.
Em sua busca de garantir o poder de qualquer forma, entram em cena os famosos conchavos entre os amigos do poder, tanto com os que estão no cargo atualmente como entre os que um dia já tiveram salas perto do gabinete da presidência da República.
No meio de tudo isso, oferece seus préstimos ao governo a tão falada Rede Globo, inimiga visceral de Lula, Dilma e do Partido dos Trabalhadores. A mesma Rede Globo que exultava nos seus editoriais as derrotas de Lula em eleições anteriores e fez todo o possível para derrubá-lo nas vezes em que ele esteve envolvido pelas denúncias de corrupção de expoentes do seu governo, ofereceu ao ministro Palocci uma agradável entrevista pré-gravada onde as perguntas aparentemente difíceis ofereciam amplas saídas para generalizações, respostas vagas e falas sem conclusão nenhuma.
-
Reservou-se o ministro Antonio Palloci o direito de ocultar muitas respostas sob essa névoa de evasivas com o argumento de proteção do sigilo econômico e de nomes de terceiros, seus ex-clientes, enquanto que no caso do caseiro Francenildo que teve seu sigilo bancário quebrado e sua conta corrente na Caixa Econômica Federal exposta ao público, o mesmo Antonio Palocci não mostrou nenhuma reserva ou constrangimento em expôr completamente o caseiro que o denunciava a todos os telejornais. Talvez porque o caseiro Francenildo não fosse cliente dos negócios do então ministro.
-
Na época o depoimento do caseiro Francenildo numa CPI foi impedido por uma liminar concedida ao senador Tião Viana do PT, que ao invés de ouvir tudo para tudo esclarecer, teve a inestimável ajuda do STF para silenciar o depoente. Uma tentativa de incriminar o caseiro como tendo recebido suborno para o depoimento foi veiculada pela revista Época, que é propriedade das Organizações Globo, a mesma que comanda a Rede Globo. E apenas um dia depois de veiculada, a reportagem foi desmentida.
-
Talvez por isso a Rede Globo tenha recorrido ao seguro esquema de uma agradável entrevista pré-gravada, sem participação ao vivo de alguma assistência, que poderia terminar em revelações surpreendentes de última hora e fora de controle.
Em tudo e por tudo seus repórteres e apresentadores parecem membros dos jornais estatais da finada União Soviética, com um senso de oportunismo político dos mais indecentes, quando não de uma subserviência ao poder inacreditável, seja ele de esquerda, de direita ou econômico de grupos estrangeiros, que sempre protegem e nunca denunciam.

-
No meio de tais aventureiros políticos, surge assim mais uma vez e de forma incontestável esse oportunismo nauseante da Rede Globo e por consequência, das Organizações Globo, que no fundo desejando ver fora do poder esse governo, ainda assim concede ao ministro uma privilegiada entrevista, esperando uma compensação pelos serviços prestados.
-
Poderia ser na contratação de milionárias verbas publicitárias de empresas estatais como a Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal? Seria mesmo lucrativo.
-
Outros órgãos de imprensa, com uma ou duas honrosas exceções, como revistas semanais e jornalões tradicionais, de propriedade de famílias conservadoras, longe de serem órgãos contestadores e verdadeiros oponentes políticos em defesa do Brasil e do povo brasileiro, apenas defendem seus interesses e lucros.
-
Na medida em que uma denúncia favorece seus negócios, denunciam. Na medida em que seus negócios estarão mais favorecidos com a ocultação de atos de corrupção, é o que fazem, não falando uma palavra ou imprimindo uma linha sequer sobre isso.
-

De forma diferente, os jornais estatais da União Soviética que defendiam os secretários-gerais do Partido Comunista não contavam com verbas ou favores futuros, apenas eram obrigados a isso sob pena de prisão. Eram assim mais autênticos pelo menos. Ou escreviam o que o governo queria ou iam presos. Aqui os jornalistas podem barganhar o que vão ou não escrever, o que vão denunciar ou o que vão esconder.
Nesse soviete supremo do jornalismo tropical encenado por aqui, muitas denúncias apresentadas com as cores de patriotismo ou jornalismo investigativo não passam de dores de favores não concedidos ou então de obediência a ordens de desafetos daqueles que estão no poder.

-
Já com os "aliados" de Dilma, que ela escolheu como aliados de campanha mas são uma matilha de lobos, o estado de abatimento da presidente frente às câmeras de televisão parece a eles uma dádiva divina. Estando ela em tal situação, o que não é improvável, visto que teve que pedir socorro até ao ex-presidente Lula, homens do tipo mais condenável como José Sarney, Renan Calheiros, os antigos discípulos do finado Antonio Carlos Magalhães e outros totalmente sem caráter que Dilma fez questão de cortejar em busca de apoio político, serão os primeiros a tentar de tudo contra ela, para que na verdade assumam o poder através do vice-presidente Michel Temer.
-
E nessa infeliz conjugação de interesses dos mais baixos e sempre contra o povo e a nação brasileira, se desenrola essa mísera e patética reedição tropical do Soviete Supremo da União Soviética.
O que não se deve esquecer são as lições da História. No antigo Soviete Supremo russo, todos acreditavam na eternidade do sistema. Ao assumir o poder, percebendo que a queda da União Soviética era inevitável, Mikhail Gorbachev fez as inadiáveis reformas que levariam à queda do regime, mas conseguiu evitar que isso degenerasse numa guerra civil onde os partidários do antigo sistema de corrupção tentariam ainda envolver o poder militar para voltarem ao poder.
-
Mais surpreendente do que o desfile de líderes semi-mortos foi a rebelião das Forças Armadas, que pela primeira vez em mais de meio século deixaram de obedecer o centro de poder.
-
Aqui no Brasil, essa vai ser a única forma de derrubar esse sistema onde os três poderes, totalmente aliados de um núcleo de poder corrupto, acreditam-se eternos e impunes.