quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

P55 Festas, enfim...

Tudo bem no ano que vem...?
Fim de ano, festas...Apesar de coisas a serem comentadas, estamos na época de verificar as passagens para mais uma viagem de festas de Natal.
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Seja como for, acontecimentos do novo ano estarão aí para uma análise e mesmo acontecimentos do ano que termina merecem uma revisão. Tudo a seu tempo.
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E voltando das festas do próximo fim de semana, o mais certo é já deixar as passagens para a viagem para a festa de Ano Novo compradas.
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Saio para acertar os detalhes da viagem e para voltar no primeiro dia do novo ano escrevendo sobre como uma visão crítica nem sempre é estar errado. Talvez seja apenas a descrição do que vemos sem óculos cor de rosa.
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E o "grande sucesso militar" das autoridades e do Estado no Complexo do Alemão? Esse triste fato merece por si só um impiedoso estudo de analistas políticos e militares, mas a imprensa escreveu que "ganhamos". Verbas publicitárias é claro.
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E boas festas a todos os amigos leitores, tanto de fim como de começo de ano. E mais uma vez, agradeço pela companhia aqui neste espaço.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

P54 Os famintos

Inacreditável...
Por mais de um mês sem escrever, me surpreendo de ter retornado aqui. Agradeço aos que ainda vieram reler alguns textos. Mas dói tanto ver a nação assim, tão tomada por essa corrupção política e já entronizada no lugar da Justiça, que por vezes pensamos do que adianta ao menos ainda termos alguma indignação.
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Livros fazem falta nestes dias. Acredito que os políticos hoje em dia só leiam licitações em processo de fraude e extratos bancários. Em especial um livro como "Terra dos Homens" de Antoine de Saint-Exupery, que retrata suas memórias de piloto em terras inóspitas. E foi nessas terras que ele viu exemplos tocantes de coragem, abnegação, heroísmo. É tudo o que não vemos na política dos dias de hoje.
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Folheio algumas revitas da época das eleições na biblioteca e vejo a baixeza de antigos esquerdistas, que participaram da luta armada, que alías fizeram questão de sair por aí gritando para todos ouvirem que "eu lutei contra a ditadura". E hoje em dia, falidos, moral e financeiramente ao que parece, apóiam os mesmos partidos e ideologias que um dia pegaram em armas para combater.
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Pior ainda, já não convencendo eleitores depois de décadas de hipocrisia, fizeram o papel de adesistas e aliados de tudo o que sempre condenaram na política. Parece que estão à beira da fome. Só isso explica como se agarram às roupas dos que antes eram seus adversários políticos e ideológicos, saudando-os como se fossem grande coisa.
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Em outras fotos, vejo o desespero dos refugiados de países varridos pela fome, se agarrando no trem de pouso dos helicópteros que trazem comida querendo fugir dali. Em nada esses políticos decadentes do Brasil, das antigas e falsas esquerdas são diferentes em sua desesperada falta de compostura na bajulação em troca de algum cargo.
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Aliás são diferentes sim. Os refugiados foram atingidos por uma catástrofe, imploram comida e perdem a compostura pelo desespero compreensível de vítimas dessa desgraça. Já esses políticos, depois de décadas roubando o dinheiro público, arrancando indenizações milionárias com falsas estórias, atingidos agora pela verdadeira seca que grassou em seus comitês de campanha depois de anos de mentiras, não tem compostura nenhuma em revelar que sua verdadeira ideologia era se dar bem e sempre às custas do povo.
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Se os brasileiros algum dia doaram alguma coisa a esses refugiados de países pobres, é bem provável que eles tenham recebido menos comida nesse dia. Sabe-se lá o quanto esses políticos e seus bajuladores roubaram do depósito de mantimentos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

P53 Obrigado por votar...e fumar.

Nenhum ministério vai dizer que votar faz mal para a saúde...
Da safra de bons filmes lançados em 2006, um foi "Obrigado por fumar" que mostra em forma de comédia política o trabalho de um lobista da indústria de cigarros norte-americana, Nick Naylor, que com uma capacidade magistral de argumentação e uma inacreditável habilidade para manipular a verdade, era capaz de fazer até mesmo um doente de câncer de pulmão aceitar a idéia de que afinal o cigarro não era tão prejudicial assim e isso em frente às câmeras de um programa de entrevistas, deixando a platéia antes hostil, indecisa e confusa. Depois, ele viaja para a casa de um antigo ator de anúncios de cigarros agora também com câncer de pulmão com uma maleta cheia de dólares, entrega tudo para ele, admite que é um suborno, mas um bom suborno e manipula conceitos, de moral, verdades e idéias de tal forma que o inicialmente revoltado doente terminal acaba aceitando o dinheiro e ficando de boca fechada para qualquer entrevistador que viesse a procurá-lo.
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Quando sai para almoçar e encontra seus dois colegas de profissão num restaurante, eles formam um trio surpreendente. Nick está entre seus pares de pensamento. Polly, uma de suas melhores colegas, trabalha a favor da indústria de bebidas convencendo professores, entrevistadores e audiências de que apesar do crescente alcoolismo entre jovens e da destruição que ele causa na sociedade, afinal todos tem o direito de ter uma garrafa de bebida sempre ao seu alcance e amortece as objeções contra a bebida. Bobby seu outro antigo colega trabalha a favor da indústria de armas, convencendo a todos de que mesmo com tiroteios em escolas e violência fora de controle, qual é o problema em que as armas circulem livremente por aí? Os três são mestres em manipular sentimentos, maquiar a verdade e remodelar convicções. Ou pelo menos em deixar todos confusos e sem argumentos. Nunca dizem que estão mentindo. Apenas em seus pensamentos admitem isso. E argumentando com eles mesmos. Mas fazem o trabalho que as indústrias precisam e são bem pagos. Na vida pública em frente às câmeras de televisão, em frente ao público das conferências e mesmo em frente a um comitê do senado norte-americano, Nick não só defende suas idéias de uma forma que deixa seus opositores sem respostas, como ainda traz à tona certas atitudes ambíguas e contraditórias dos que pretendem combatê-lo, deixando-os em situação embaraçosa em frente a milhões de telespectadores. E ensina ao próprio filho que na verdade as pessoas possuem uma coisa que ele chama de moral flexível. É só saber argumentar direito e mesmo não provando nada, não declarando coisa alguma, fica parecendo que disse tudo o que queriam ouvir.
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Na verdade Nick até passa a ser visto com admiração por parcelas consideráveis da opinião pública, porque parece no fim das contas apenas um sujeito empenhado em defender a causa que todos abandonaram sem saber direito porque e faz sua defesa aguentando ataques de todos os lados. Que ele desarma um a um, claro. -
Não tem muita diferença com o processo eleitoral aqui do Brasil. Aliás comparando a atuação de Nick frente às câmeras e em debates, a diferença entre ele e os candidatos que disputaram a última eleição presidencial brasileira é apenas de idioma. As atitudes são as mesmas, o discurso de manipulação de verdades, moral e idéias é o mesmo, apenas a finalidade é que é outra. Nick Naylor fazia tudo isso e ganhava seu salário das empresas para as quais trabalhava e esperava uma promoção apenas. Os presidenciáveis brasileiros fizeram tudo isso e a intenção sempre foi galgar um posto para ter o poder de aparelhar o Estado com seus amigos de partido e aliados e dar os restos de uma grande festa ao povo, fazendo com ele ele acredite que as coisas mudaram. Na verdade, passa-se tinta e verniz numa casa caindo as pedaços e diz-se a todos que a realidade mudou. Nick Naylor sem dúvida é um exemplo de honestidade perto dessa gente. Seu salário não custava nada a nenhuma viúva sustentada por uma minguada aposentadoria. -
Um exemplo claro é o de Dilma Rousseff, candidata do Partido dos Trabalhadores , o PT hoje bem gordo e diferente dos esquálidos operários e que venceu a eleição. Tratava-se de dizer ao povo que jamais foi a favor do aborto, mas discutiu isso sim como um "direito da mulher" em tempos passados, mas para fazer frente à maledicência dos bispos católicos simpáticos ao outro candidato desde o início, afinal promessas de doações e regulamentações a favor da igreja pesam e vendo a sangria de votos aumentando, não só mudou de opinião como também ao mesmo tempo deixou a porta aberta para uma lei providencial que venha a permitir o aborto sob o nome de "saúde pública". Claro, o caso do inesquecível escândalo da Casa Civil, o onipresente fantasma de José Dirceu que hoje alega ser "consultor" em Brasília, a volta de Antônio Palloci como cotado para um cargo, esquecendo-se o seu caso da quebra do sigilo bancário de uma testemunha do caso do mensalão, o seu passado na luta armada e o assalto à residência do finado governador Adhemar de Barrros com o roubo do seu cofre onde diziam haver milhões de dólares, tudo isso ficou encoberto sob a névoa da luta armada romantizada e da vida política atarefada, onde não é possível ver tudo o que acontece.
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Belos discursos, evitando-se o quanto possível tocar nesses assuntos e quando impossível, fazendo-o sob uma verdadeira cortina de fumaça de alegações, contra-alegações e desmentidos. E também, de forma quase beatífica, a presença em igrejas e os beijos em estátuas religiosas. Terminada a campanha e com o resultado na mão, tudo isso foi esquecido e ela passou às articulações políticas com a voz subitamente carregada de um tom arrogante, desaparecendo a suavidade suplicante da fala dos dias finais. Santos e igrejas foram completamente esquecidos. Em suas ponderações Nick Naylor era mais cortês com o público, mesmo vencedor.
Do lado de José Serra, atitudes semelhantes na tentativa desesperada de salvar o Partido da Social Democracia Brasileira, o gravemente enfêrmo PSDB, que atacado por um processo de metástase política percebia em seu interior as inevitáveis defecções e debandadas políticas em direção ao provável ganhador, ainda de forma discreta, mas que logo virou uma corrida pelos cargos. Ajudado pela grande mídia paulista e carioca, atrasada e conservadora como sempre mas que se pinta de progressista, Serra pôde falar o quanto foi possível sobre a ameaça "abortista" da vitória de Dilma, até que a denúncia pública de uma ex-aluna de sua mulher sobre um aborto que ela teria feito na década de 70 abortou seu discurso.
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Serra ainda tentou associar sua imagem também às igrejas e beijos em santos, enquanto falava sobre sua "impoluta" vida pública quando a "Folha de São Paulo" na semana final das eleições publicou a reportagem sobre a suspeita de licitações com preços combinados nas obras do metrô paulista sob a gestão de Serra da ordem de 4 bilhões de reais, enquanto seus antigos colegas, um recém-eleito governador e o seu vice agora no governo davam ordens para investigar as licitações. Nick Naylor quando se via sem argumentos ao menos mantinha a postura corajosa de encarar o público de tal forma que despertava simpatias pelo estoicismo, sem se esconder atrás de bolinhas de papel. -
Enquanto isso, já bem para trás, ficava na memória a postura de Marina Silva, com sua aura de defensora da natureza, que atacando o que chamava de política tradicional e de conchavos, se esquivava com grande desenvoltura das perguntas de porque ficara no governo ao saber do caso do mensalão em 2006? Ora, nada mais fácil dizer que a vida política atarefada não permite que se saiba de tudo o que acontece. Um governo então não trabalha em compartimentos estanques, onde ninguém se comunica com ninguém? Essa coisa de todos conversarem com todos numa reunião presidencial é coisa de filme americano. Uma outra candidata já tinha usada esse discurso e deu certo.
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Tendo acumulado considerável capital político que lhe permitiu fazer a política de pêndulo oscilando para o lado que lhe garantisse mais cargos, Marina Silva nem mesmo pôde ocultar a voracidade do seu Partido Verde, o PV por cargos no próximo governo. Para quem se arrogou a figura de honesta e frugal guardiã da natureza, fica difícil explicar os resultados divulgados pelos tribunais eleitorais que mostraram a contabilidade de que dos 24 milhões de reais doados para sua campanha, 11 milhões foram doados pelo vice de sua chapa, Guilherme Leal, que por coincidência é dono da empresa de cosméticos Natura. Nick Naylor quando pega a maleta de dinheiro do presidente de uma indústria para dar ao ex-ator doente, leva-a até seu destino abrindo-a só na frente dele.
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Seria mesmo interessante que Dilma, Serra e Marina se encontrassem num restaurante em Brasília onde pudessem conversar a sós como Nick, Polly e Bobby conversavam. Só podemos supor de longe, em idéias tenebrosas, que tipo de acertos e negócios teriam sido feitos para essa eleição e que negócios fariam alí.
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É muito provável que se entrasse no mesmo restaurante nessa hora, Nick Naylor saísse dalí e procurasse um restaurante onde pudesse encontrar seus bons amigos Polly e Bobby.
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Ele sem dúvida se sentiria bem mais seguro. E na saída tudo o que ele diria ao rapaz do estacionamento seria só isso :
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- Obrigado por votar...e fumar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

P52 A corrida dos presidenciáveis

Entre caminhar e galopar...
Estamos a poucos dias do final da chamada corrida presidencial. O que temos visto no entanto, não só desta vez mas também desde 1985, é uma verdadeira corrida de cavalos no sentido mais negativo que as ações dos participantes passados e atuais nos trazem à mente. Cada candidato ou competidor é aconselhado por intelectuais venais e que posam de grandes filosófos políticos, dos quais as universidades do mundo dispensam plenamente as teorias, enquanto são acompanhados por uma imprensa notoriamente comprometida com quem lhe oferecer mais negócios e oportunidades e ao fundo o povo assiste a essa corrida, declarada por tal gente como "cidadania e democracia". Assim, envergonhados perante o mundo e nós mesmos, estamos hoje em cenário dos mais desoladores, apesar da propaganda do que chamam por aqui de imprensa e intelectualidade. Não vivemos o que se chama de estado de direito. Apenas sofremos sob o que pode ser considerado em termos políticos um estado lamentável. Um estado animal.
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Pessoalmente não acredito em nenhum dos candidatos, menos ainda na atual estrutura política do Brasil, que se resume a um estado de corrupção de tal ordem que começa a levar a nação ao perigo de perder suas Forças Armadas e até mesmo de incorrer no risco de perda de partes do território nacional, tal é a sua desmoralização que já permite em jornais estrangeiros editoriais falando sobre a nossa incapacidade de auto-governo.
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A única vantagem e diga-se de passagem, temerária de tal situação, é a de nos indicar de forma decidida, a coragem de entender e aceitar que tal descalabro somente mudará com uma alteração radical nesse estado de coisas.
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Temos ao invés de uma caminhada firme e decidida rumo ao poder, no que poderíamos considerar o melhor de um embate político, um galope frenético de interesses de pessoas em posições de poder e de seus subordinados, onde seres humanos já se animalizaram nas mais baixas atitudes em prejuízo da nação, guiados apenas por uma ganância de poder e de fortuna para si e para suas siglas partidárias. A nação propriamente dita, o futuro dela e de seus milhões de cidadãos são apenas usados como bandeira para amealhar votos, com promessas absurdas e desonestas, sem nenhum planejamento estratégico, com esses competidores apenas recitando truques e inverdades que são apresentados como grandes obras do futuro, coisa impossível numa estrutura polícita corrupta e viciada como a brasileira, hoje já praticamente rebaixada por vontade própria às raias da criminalidade na administração da nação. E é precisamente essa estrutura política ou melhor dizendo, essa estrutura criminal que é abençoada por esses candidatos, sendo que nenhum deles jamais apresentou uma proposta de mudança ou reforma política profunda e radical, pois vivem do que é pior e não do que é melhor. Mas isso não é de hoje, isso vem de 25 anos atrás.
Uma das competidoras, Dilma Rousseff, é hoje a preferida da maioria após uma bem articulada propaganda política antecipada, que aliada a uma farta distribuição de benefícios sociais longe da idéia de ajudarem o cidadão desvalido, pretendiam apenas manter seu voto cativo, coisa em que foi bem sucedida, nada tem a oferecer a não ser a continuação de um aparelhamento partidário do estado brasileiro que visa como sempre o benefício único e exclusivo de seus agregados e filiados, em posições de comando político e administrativo.
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Atacada de todas as formas pela chamada grande imprensa paulista e carioca, hoje concentrada nas mãos de umas poucas famílias de pensamento historicamente conservador e submisso a interesses estrangeiros, esteve exposta a situações como a de sua sucessora na Casa Civil, Erenice Guerra, que aproveitou-se da sua posição para intermediar favorecimentos e nomeações das mais suspeitas e condenáveis, sendo obrigada a renunciar, contando com uma renomeação em algum cargo no próximo governo, que é praticamente certo que será da candidata Dilma. Ao auto-sacrifício momentâneo da colega de partido e governo, corresponderá a devida recompensa em futuro próximo.
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Fica a constatação de que a ideologia que deve existir num partido político, uma ideologia que possa guiar e orientar os cidadãos de uma nação no que haja de melhor do que é considerado pensamento e atitude política e civíca deu lugar a um verdadeiro balcão de negócios, onde bens da nação e posições de governo são apenas moeda de troca e salas de acertos de favores, coisa que também permeou os partidos dominantes dos últimos 25 anos e é prática considerada essencial por todos os outros ainda fora do poder. Quanto ao outro competidor, apesar de contar com a ajuda dessa mesma imprensa que martelou diariamente e repetiu à exaustão o caso da sua sucessora Erenice Guerra na Casa Civil, o candidato do partido opositor, ou melhor, que também disputa as benesses e riquezas pessoais e para o partido que uma nação rica como o Brasil pode trazer ao seu possuidor, o candidato José Serra mal conseguiu caminhar sozinho ao longo de todo esse período, tendo-lhe sido de inestimável valor o auxílio dessa mídia, cujas editorias já o tinham eleito como o próximo presidente do Brasil, impedindo qualquer discordância de seus jornalistas, que verdade seja dita, posam de grandes denunciantes desde que isso represente denunciar apenas seus desafetos políticos.
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Contando também com a ajuda de setores da Igreja Católica, abertamente antipáticos a Dilma Rousseff, somando-se à parcialidade da imprensa, veio um razoável segmento católico do Brasil dar mais uma mostra do seu histórico atraso social, pretendendo dar lições de moral enquanto várias de suas dioceses se afundam numa contínua onda de denúncias de desregramento moral por parte de seus membros.
Aproveitando-se de todos os efeitos dessa aliança da mídia e de bispos da Igreja Católica, José Serra aumentou o tom das denúncias do caso de Erenice Guerra e de uma suposta posição pró-aborto de Dilma, sofrendo o primeiro revés quando uma ex-aluna de sua esposa revelou que a mesma lhe confidenciara ter feito um aborto na década de 70. Para completar o constrangimento e a desmoralização, caiu sob o fogo das denúncias dessa mesma imprensa que até poucos dias atrás estava do lado dele, enquanto se apresentava como impoluto administrador político.
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Na iminência de serem veiculadas pelo partido opositor em horário eleitoral as denúncias de licitações das obras do metrô paulista de terem preços pré-combinados no valor de 4 bilhões de reais, acertadas sob a gestão de José Serra quando ainda era governador, essa mesma imprensa, dando seu candidato por perdido, expôs todo o caso nos últimos dias, deixando seus leitores se perguntando porque essa mesma imprensa que alega saber do caso há meses ficou em silêncio até agora? Ao mesmo tempo nos púlpitos católicos, os bispos silenciam enquanto José Serra aguarda o próximo debate presidencial num situação indefensável.
Essa tem sido a atuação corriqueira de desmandos e mazelas políticas da vida nacional, perpetradas por políticos de todos os cargos e de todas as esferas, com pouquíssimas e honrosas exceções, algumas até mesmo assassinadas por tentarem dar um rumo diferente nas coisas com as quais não concordavam. Na vida de uma nação, na condução dos destinos de um povo, a exigência mais vital é a correta administração das riquezas nacionais, do trabalho do seu povo, do cuidar de suas necessidades vitais, como educação e saúde e acima de tudo o indispensável e crítico planejamento estratégico geopolítico, social e militar, que ignorado pode levar uma nação a um desastre de consquências imprevisíveis.
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Apesar de todo esse cenário de perigo e desmoralização, existe ainda o ideal de uma nação, com seu povo emergindo de uma admirável mistura de raças que ja começa a se delinear num novo tipo de cultura e civilização, que uma vez firmado trará ao mundo contribuições de humanismo e convivência com benefícios que hoje só podemos apenas sonhar.
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Tendo nossa capital nacional nascido exatamente do sonho de idealistas que viam a necessidade de colocar no mapa e na mente dos brasileiros não só a marca, mas também a existência de um ponto cardeal político e administrativo, devemos, apesar dos situações lamentáveis que temos passado, manter esse sonho vivo, mesmo sabendo que para isso alterações profundas, radicais e até mesmo de impacto deverão ser feitas, até mesmo pela garantia de nossa sobrevivência como nação.
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Não pode ser outra a atitude de um povo que precisa resgatar a sua própria vida e deixar como marca uma das mais admiráveis passagens da história do mundo.
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

P51 Castello Branco nos dias de hoje

Um homem que não devemos esquecer... A dois dias das eleições presidenciais de 3 de outubro, por força de certos acontecimentos recentes, ressurge a lembrança de um homem que não devemos esquecer. Os fatos nos fazem pensar na figura General Humberto de Alencar Castello Branco. Principal organizador da Revolução de 31 de março 1964, líder inconteste do movimento pela sua postura moral e reconhecidos serviços durante a 2a. Guerra Mundial em campanha com as tropas brasileiras na Itália, Castello Branco encarnou em sua pessoa uma aura de coragem física e moral que é praticamente inexistente nos líderes políticos de hoje, que se valem apenas de artifícios e negociatas.

Num cenário semelhante ao atual, onde tensões políticas assomavam de forma mais grave e com conflitos bem mais danosos, após o famoso discurso de João Goulart na Central do Brasil, ele viu que a única alternativa para o futuro do Brasil era deslanchar o movimento militar sem contemplações. Percebeu nas palavras de João Goulart a tentativa de se manter no poder às custas de dar a todos que poderiam apoiá-lo, as concessões que eram pedidas e que levariam o Brasil para o caos absoluto. O que parecia impossível para muitos aconteceu então em março de 1964. É uma lição que não devemos esquecer para os dias de hoje e para o futuro que vai se originar a partir das eleições no próximo dia 3. Apesar das sonoras declarações da imprensa e da classe política de que a democracia no Brasil está consolidada, devemos notar que essa democracia, hoje tão santificada pelos seus principais beneficiários, é apenas a convivência harmoniosa dos interesses políticos mais baixos, que são satisfeitos às custas do povo e da nação brasileira.
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De democracia mesmo, na verdadeira e mais elevada interpretação que podemos fazer desta palavra, temos apenas uma fachada, com o povo na verdade submetido a uma ditadura de interesses políticos e judiciários do mais baixo nível.
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Em cenário um pouco mais conturbado no passado, Castello Branco então levou à frente o movimento militar. Assim, nas ruas de Brasília, para a mais absoluta surprêsa de políticos que acreditavam que seu cassino de ambições duraria para sempre, tanques e tropas fechavam todas as entradas e saídas e o que parecia impossível, afinal, havia acontecido.
Da mesma forma nos dias presentes e a poucas horas das eleições, percebemos que a classe política , que afinal pôde reabrir seu cassino em 1985, continuou a viver como sempre lhe foi usual, ou seja, fazendo da política mais baixa e da corrupção em todos os níveis, uma tradição, sendo esses, a rigor, seus valores absolutos de vida política e pessoal.

No último debate dos candidatos à presidência, praticamente nenhum deles deixou claro que somente uma mudança radical de valores e posturas poderia pôr fim a tal estado de coisas. Uma mudança radical pressupõe uma verdadeira revolução e isso é coisa que mexe fundo com as instituições aqui no Brasil. Quando surgem as condições para que tal coisa aconteça, muitas vezes as mudanças vão além do pretendido, pois adquirem vida própria. Esse é o risco das revoluções, mas em todo caso um risco necessário.

Pessoalmente acredito que nenhum dos candidatos a presidente tem a intenção de mudar signficativamente qualquer estrutura política
no Brasil. Trata-se antes, para eles, de acomodar interesses próprios da melhor forma possível, dando lugar também a outros que tenham se tornado seus aliados, que no fundo apenas esperam uma eventual alternância das posições de poder. O partido que melhor conseguir dominar todas as posições administrativas é seguido pelos seus subordinados políticos, que se contentam em obedecer quem antes era seu rival. E no exercício de cargos concedidos sem o mínimo critério técnico ou moral, o partido que está no poder é imensamente auxiliado pelos seus aliados, que assim se preservam também, desfrutando os benefícios dessa associação.

Assim, no Brasil de hoje, a estrutura política e pior ainda, a própria política em si, que se pretende moderna pela voz de seus anunciantes oficiais, regrediu aos tempos em que era uma imensa organização empenhada em manter-se e manter os que a ajudam nesse fim e a combater ou cooptar seus adversários. Seria melhor nos perguntarmos quando ela foi diferente disso.

Uma organização política nos dias de hoje, representada na forma de um partido que se apresenta aos cidadãos de uma nação, pedindo sua adesão e colaboração na melhor acepção desses termos, é uma organização onde a ideologia é estruturada no sentido de dirigir a nação para o melhor futuro possível. E para esse melhor futuro possível, atitudes de coragem, honra e lealdade para o seu ideal de governo e mais ainda, para com o povo que representa e com sua nação, são levados a limites extremos.

Não é o que vemos nos partidos de hoje. Limitam-se os partidos maiores e donos das posições de comando a cobrar de seus aliados obediência enquanto lhes concedem cargos, com o que esses aliados conseguem mais benefícios para os que estão no poder. Esses benefícios nos dias de hoje se traduzem apenas em prestígio e lucro pessoais.

A verdadeira grandeza da nação, seu progresso e novas realizações que poderia alcançar com seu potencial físico e humano são simplesmente esquecidas. Tudo isso torna-se apenas uma dádiva da natureza, consequência do seu tamanho gigantesco, o que torna mais deplorável ainda a falta de consciência dos dirigentes políticos com os recursos que já são conhecidos e os que se descobrem a cada dia, colocados de imediato numa lista, não dos benefícios que poderão trazer para a nação, mas sim dos lucros que poderão render aos partidos dirigentes e pior ainda, da fortuna que poderão auferir com eles, os principais mandatários e auxiliares desses partidos.

Com riquezas naturais de um valor incalculável, o Brasil se vê hoje à mercê de nações que se por um lado hoje se apresentam como amigas, podem no futuro, com sua capacidade militar tomar partes de seu território, como temos visto nas guerras do Oriente Médio, onde potências como os Estados Unidos e seus aliados europeus trataram de invadir e dominar pela força militar, nações de vasto potencial petrolífero, para poderem assim manter seu nível de vida e sua indústria, já que seus recursos próprios estão à beira da exaustão. O pretexto para tais invasões foi e continua sendo o do combate ao terror, conceito que como uma névoa, pode ser aplicado a qualquer nação discordante ou mesmo que possua os recursos que as mais fortes necessitem.

Aqui no Brasil tal ataque já começou, tendo como primeiro resultado a aquisição por estrangeiros de imensas jazidas minerais, que deixaram de ser do controle de brasileiros para passarem ao controle de decisões externas, através de privatizações que aos estrangeiros só trouxeram lucros. Isso foi apenas a sequência da atitude de governos passados que demonstraram absoluta e vergonhosa subserviência a diretrizes estrangeiras, como foi o caso de governantes que se esmeraram em mostrar como obedeceram fielmente as ordens de desmantelarem o programa nuclear brasileiro.

Criando uma situação pior ainda, esses governantes passados também aceitaram a imposição de regras absurdas, onde destinaram a uns poucos milhares de indígenas, imensas partes do território nacional, todas qualificadas como reservas, localizadas na região amazônica, fazendo fronteira com regiões de conflitos militares de outros países, coisa perfeitamente utilizável como pretexto no caso de uma decisão externa de intervir em território nacional.

As forças armadas brasileiras tem sido ao longo desses 25 anos desmontadas gradativamente, passando a depender de equipamento estrangeiro já obsoleto, tendo assistido também ao desmantelamento das indústrias nacionais de equipamento bélico, ficando assim dependentes do uso de material estrangeiro, tornando-se incapazes de defenderem sua própria nação em caso de necessidade. As fronteiras de terras, ar e mar constituem hoje para um possível agressor, apenas uma tênue proteção, facilmente ultrapassável no caso de um conflito.
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Pior ainda, apesar de gerarem riquezas sem fim pelo seu próprio tamanho, veem-se o povo e a nação submetidos ao enorme custo da corrupção desenfreada de toda a classe política, que se porta como um grupo de piratas, saqueando tudo na administração pública, vendendo terras a estrangeiros e criando todas as leis que facilitam sua ação e suas fraudes. Educação, saúde e previdência do povo são usados como presas de guerra nessa pirataria.
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Do lado dos que deveriam proteger a Justiça, o povo brasileiro vê estarrecido os casos já costumeiros de magistrados corruptos, que depois de serem flagrados lesando a nação com o uso dos meios judiciais, são julgados pelos seus próprios colegas, que de forma leniente lhes aplicam a pena de aposentadoria, depois de todas as fraudes que tenham praticado. O mais desonroso nisso tudo é que não se nota no meio dos magistrados um vigoroso e decidido protesto contra tal estado de coisas.
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Tal decadência do meio político e do meio judiciário constitue um fator de degradação que piora a cada dia, apesar de triunfante progaganda da imprensa e da classe política querendo mostrar um país novo. Mostram apenas o que a imensa riqueza dessa nação, apesar de mal aproveitada e desviada ainda proporciona de bom aos seus cidadãos. A decadência dos dirigentes públicos que assistimos e com a qual temos sido obrigados a conviver constituem forças de grande valor para o uso de nações estrangeiras que venham a se voltar contra o Brasil. Essa classe corrupta será a primeira aliada de estrangeiros, como efetivamente já o foi no caso do desmantelamento do programa nuclear brasileiro e da entrega de reservas minerais a grupos estrangeiros.
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Quando Castello Branco meditava sobre a situação do Brasil na época em que se sucediam acontecimentos semelhantes, deixava claro a todos que se empenharia em impedir que o destino do Brasil caísse em mãos de estrangeiros. Para isso não via outra alternativa que não o uso da força militar contra um governo que de há muito não representava a nação brasileira, mas tão somente as suas ambições pessoais.
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É o caso da classe política de hoje, como um todo. Em certos momentos da vida de uma nação, suas forças armadas tem que intervir para a reorganização dos sistemas administrativo, político e judicial, que além de representarem os mais legítimos interesses da nação e do seu povo, representem também os mais elevados princípios de atitude política e de valores de justiça.
Hoje não há mais distinção verdadeira entre esquerda e direita, como se fazia usualmente na visão política de qualquer cidadão. Não há mais uma linha que permita distinguir ideologia autêntica de mero acerto de conveniências de momento. A prática política nos dias de hoje se resume apenas em ver o quanto a nação pode render para os cofres de quem ocupa as posições de poder, com os políticos esquecidos de qualquer noção de decência.

É numa situação dessas que devemos, como cidadãos brasileiros, de forma corajosa meditar profundamente sobre a coragem, as atitudes e os valores de um homem como Castello Branco e a revolução que ele conduziu.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

P50 Não mande mais e-mails

Que coisas inventam...
Caro amigo, recebi seus novos e-mails encaminhados sobre o avião presidencial, o tão falado Aerolula. Mas depois de tudo isso, acho que podemos dar uma pausa. É muita estória misteriosa. E as últimas do Aerolula, com fotos e tudo?

Mas de onde tiraram essas fotografias que dizem ser do interior do avião presidencial? Mas você já sabe, não sou partidário de Lula e nem da oposição, pois a política dos dias de hoje é comparável apenas a um jogo de carteado num boteco. Apenas analiso o que você me mandou, como das outras vezes.

Todos os e-mails que você me encaminhou apontam o presidente Lula como o grande gastador e único responsável pela escolha e compra do Airbus A-319.

Nenhum e-mail menciona que a compra do Airbus, ou melhor, Aerolula, nasceu da assinatura por Fernando Henrique Cardoso em 1999, da licitação para a compra de um novo avião presidencial, escolhendo entre modelos da Boeing americana e da Airbus francesa, já que no mesmo ano até um começo de incêndio de uma turbina do velho jato presidencial brasileiro já tinha acontecido. Lula só encaminhou a licitação para o final. Mas isso ninguém diz nos e-mails.

Os franceses receberam a encomenda para projetarem e fabricarem um avião presidencial e iriam fabricar o quê? Um avião presidencial com o interior de um avião de carga, com ferrugem, rebites soltos, poeira no chão e poltronas esfarrapadas? Aí os jornalões, as revistas do tipo Veja e Época iriam cair em cima do Lula dizendo que ele estava expondo o Brasil à vergonha suprema, que o avião deveria ser luxuoso, para melhor acomodar os governantes do nosso país e seus convidados estrangeiros com toda dignidade possível.

Pior ainda as fotos anexadas nos e-mails. Nenhuma placa, nenhum aviso, nenhum letreiro, nem uma única palavra em português no interior do suposto avião do Lula, nem em francês, nem em idioma algum. Nem mesmo os números do telefone dá para ver. Para completar, nenhuma das poltronas do avião tem cintos de segurança. Poltronas de avião sem cintos de segurança? É mesmo o interior do Aerolula ou de algum outro avião, de algum milionário, posto à venda? No site da Força Aérea Brasileira, as fotos do avião presidencial não tem nada a ver com as que você me mandou ou melhor, mandaram para você. Para estranhar mais ainda, o misterioso fotógrafo teve à disposição todos os ângulos, toda a iluminação que quis e ao que parece, todas as chaves para abrir todas as portas. Supõe-se que um avião presidencial fique sob guarda num hangar fechado, mas pelo que o fotógrafo mostrou, parece que qualquer um entra lá quando quer. Não é um fotógrafo, é um agente secreto como vemos em filmes.

Como o avião segue o modelo padrão do fabricante, com poucas alterações, tudo se torna suspeito. Falando no modelo que existe mesmo, usando um avião com conforto e luxo parecidos com o do avião presidencial francês, onde Nikolas Sarkozi se acomoda sossegado, aí dizem que Lula é perdulário, que é esbanjador, que voa sobre a miséria do povo. Já do avião presidencial francês, a imprensa brasileira se esmera em elogiar, porque nunca se sabe, bajular um poderoso, olha, garante futuro. Se Nikolas Sarkozi dissesse que Dilma é a sua candidata do coração, que votaria nela se fosse brasileiro, haveria uma loucura nas redações das revistas e jornalões do Brasil, todos querendo apresentar Dilma como a "Redentora", como a nova roupa da política brasileira, vinda diretamente de Paris. O que cansa nos donos das grandes revistas e jornalões brasileiros é a sua absoluta e total submissão e vassalagem a tudo que seja estrangeiro, mas de forma seletiva, como a vassalagem a banqueiros ingleses, americanos e franceses. Já para banqueiros africanos, parece que eles não ligam muito. Afinal, alguém tem que emprestar dinheiro a eles para poderem comprar seus equipamentos importados. De má vontade é que não emprestam e nem suas multinacionais subsidiárias no Brasil vão dar verbas publicitárias a publicações, digamos, discordantes. Afinal, se um governo estrangeiro quer comprar uma rica jazida mineral no Brasil, porque um grupo editorial vai discordar disso se depende desse governo?
Alguém ainda se lembra da emenda constitucional nr. 36, de 28 de maio de 2002, que autorizou a venda de 30% das ações dos grupos de comunicação quando os donos deles puderam enfim começar a se vender aos pedaços para pagarem suas dívidas, que o bom presidente do Banco Central de FHC, Gustavo Franco havia dobrado com a flutuação do real logo após a reeleição do seu chefe? Talvez não lembrem. Ou talvez não saibam que a editoria de jornais, revistas e televisões no Brasil segue sempre um manual de uma página e uma linha : a de dizer sempre o que o chefe, em especial o chefe estrangeiro acha certo. Ainda mais que ele trouxe dinheiro para o combalido cofre da empresa. A política dessa imprensa e de seus agregados se resume a isso : ler a cotação do dia de dólares, euros e esse manual sempre. E a partir daí pensar no que escrever como linha política. E dizer sempre sim senhor a quem fala de Londres, Paris, Tóquio ou Nova Iorque. E até podem ligar a cobrar. Isso já é grande coisa.

Ora, esqueci de uma coisa. Também telefonam para Madrid e Lisboa. Porque interessaria a empresas como a Portugal Telecom e como a Telefonica de España terem participações acionárias em jornais do Brasil? E porque esses jornais, capazes de descobertas incríveis sobre políticos e mensalões nada descobrem sobre as tarifas de telefonia muitas vezes mais caras aqui no Brasil, enquanto que na Espanha uma linha simples da Telefonica oferece até mesmo banda larga e aqui não? O que aconteceu com esses jornais? Caiu a linha da investigação?

E porque esses mesmo jornais, intrépidos ao denunciarem Aerolulas, dinheiro em maletas e fotos de um monte de dinheiro em campanha eleitoral, ou seja descobrem tudo contra seus desafetos, não descobrem nada com a constatação de que coeficientes de cálculo errados deram às companhias elétricas privatizadas e agora de propriedade de estrangeiros um lucro indevido de quase 7 bilhões de reais? Interessante, afora os magistrados idealistas que vão fundo em questões difíceis, tem um promotor paulista querendo saber se o comediante Tiririca sabe ler e escrever, para ver se consegue impugnar a candidatura dele. Ora, o promotor faria melhor se usando da sua blindagem juridica, foro privilegiado e coisas tais, se entrasse com uma representação contra quem errou nos cálculos de energia elétrica fazendo o povo brasileiro pagar esses 7 bilhões de reais a mais em contas indevidas. E o promotor poderia perguntar se quem faz os cálculos sabe fazer contas de somar e subtrair pelo menos. Mas não, preferiu ir para cima de um comediante. E porque os jornalões e revistas não martelam esse assunto sem parar até que o povo brasileiro seja ressarcido, até que uma CPI das privatizações seja aberta? Uma CPI das privatizações séria? Acredite, teremos suícidios de editores dessas revistas e jornalões. Então nenhum repórter audaz e corajoso vai questionar essas empresas? Ou a Aneel? Não vai porque não quer parar no olho da rua. E a Aneel é só um entreposto administrativo dessas empresas.

E as tarifas de telefonia no Brasil, cobradas pelas empresas estrangeiras são as mais caras do mundo. Nos EUA um serviço de banda larga fica na média de 20 dólares, no Brasil fica na média de 34 dólares. E onde estão os repórteres dos grandes jornais, dos noticiários da noite que diziam que o preço da telefonia iria cair a centavos? E porque nenhum editor, repórter ou jornal corajoso denuncia isso? Ora, porque vivem do dinheiro de verbas publicitárias de estrangeiros. Se mentir, ocultar a verdade paga a prestação do apartamento, o negócio é mentir.

E também, porque interessaria a um grupo de extrema-direita como o Naspers sul-africano que sempre apoiou todas as ações violentas do governo branco contra a população negra no regime de apartheid na África do Sul ter 13% das ações da Editora Abril. E essa editora que publica a revista Veja se diz independente e cultora de valores humanos e é logo com esse sócio de um passado manchado de sangue que vai fechar negócio? E depois expõe lacrimosas reportagens sobre o regime militar tão brutal, que malvado. Ao menos não metralhavam centenas de pessoas numa praça.

E na habitual condução de negócios escusos, os governos anteriores, em especial os que privatizaram a Telebrás nada ficam a dever em falta de honestidade. Em especial os membros do governo FHC e o próprio, que deixaram agências americanas e européias avaliarem a Vale do Rio Doce, uma das maiores jazidas minerais do planeta com potencial de exploração de 300 anos em míseros 3 bilhões de dólares para a venda, quando então todos saudaram a venda como um grande e maravilhoso negócio para o Brasil. Agora, quando essas mesmas agências estrangeiras avaliam a Vale do Rio Doce hoje em mais de 50 bilhões de dólares, podemos nos perguntar o que aconteceu? Podemos nos perguntar porque os mesmos repórteres que fotografam o interior do avião presidencial, que descobrem tudo sobre o mensalão não fotografam uma única reunião dessas agências de avaliação internacionais? Porque eles, que se infiltraram como César Trali, da Rede Globo, no meio da Polícia Federal não se infiltram no meio de uma reunião de diretores e presidentes de bancos estrangeiros que decidem o que e por quanto vão comprar qualquer riqueza mineral do Brasil?

O único repórter que tentou alguma coisa, aliás seguindo uma vida dedicada com a maior correção ao jornalismo foi o Aloysio Biondi na época das privatizações. E o que aconteceu com ele? Foi banido das redações. Seus colegas de profissão esconderam o quanto deu o livro que ele publicou chamado "O Brasil privatizado".

Essa tem sido a verdade da nossa imprensa insuflando tudo e todos com fatos manipulados e boatos absurdos, porque seus chefes do exterior mandam e pronto. E nisso, entre pessoas bem intencionadas e falsários declarados, aparece essa enxurrada de e-mails com toda essa manipulação de fatos e textos.

Sim, Lula e sua equipe protagonizaram escândalos indecentes e imperdoáveis. Não votarei em Dilma, não votarei em Serra, não votarei em Marina, porque na verdade todos fazem parte de um cassino político, onde a vida do brasileiro é jogada numa roleta e os partidos políticos fazem apostas com o futuro e a vida do povo brasileiro. Hoje a classe política em sua totalidade, de vereadores a senadores tornou-se um bando de cangaceiros que ataca os brasileiros como pode.

Me chame de atrasado se quiser, mas certo mesmo estava um homem como Getúlio Vargas. Autoritário, assumiu o poder em 10 de novembro de 1937 e no outro dia fechou o congresso nacional. E governou sozinho muito melhor do que qualquer político daquela época. Os políticos atuais, se assumisse o poder hoje, Getúlio Vargas jogaria num presídio para sempre. Talvez esse tenha sido o erro de Vargas. Deixou os políticos da época vivos. Eles tiveram filhos e deu no que deu.

Mas nos dias de hoje, apesar do que dizem os opositores de Lula e sua tropa, em franco desespero pela derrota iminente, deveriam ao menos se pautar por uma denúncia correta e um discurso construtivo, programático, não mentiras e promessas delirantes. Mas caráter, uma vez formado, dificilmente muda.

Seja como for, como povo, estamos numa situação muito infeliz e de grande perigo, com essas monstruosidades políticas em nossa vida. Pelo entreguismo e pela corrupção desses políticos, pela ganância dessas dinastias familiares que secularmente vem vivendo às custas do sacrifício, do sangue e das lágrimas do povo brasileiro e sempre submissos a poderes estrangeiros, só por milagre escaparemos inteiros disso.

Assim caro amigo, não sei de onde você recebe esses e-mails, que como você vê distorcem a realidade, pinçam frases e selecionam fotos para enfeitarem e formarem uma verdadeira corrente de falsidades. O outro lado faria a mesma coisa se fosse só oposição hoje.

Espero que reflita sempre sobre isso e ao invés de se escandalizar de imediato ao ver algum texto "novo" ou fotos "novas" procure ter sempre uma visão crítica de tudo isso o que lhe é passado. É coisa que temos que olhar com cuidado.

Finalizando, quanto a Arnaldo Jabor, muito bom denunciar tudo o que ele denuncia, mas onde estava ele quando o Brasil foi vendido a estrangeiros? Onde estava ele quando William Bonner e Fátima Bernardes anunciaram por todo um Jornal Nacional inteiro o fato mais marcante do dia? A privatização do sistema Telebrás?

Não. O nascimento da filha da Xuxa, isso sim, coisa capaz de ter comovido até o finado Saddam Hussein. William Bonner e Fátima Bernardes deram ao nascimento de Sasha mais de inacreditáveis 10 minutos em tom emocionado, com direito a frases chorosas de repórteres na maternidade, enquanto que a privatização ou melhor, entrega da Telebrás e de todo o sistema telefônico brasileiro a estrangeiros, teve 3 míseros e austeros minutos. Nenhum comentarista apareceu para dizer porque a venda anunciada em 68 bilhões de reais caiu para 22 bilhões, depois para 13 bilhões e no final acabou ficando por apenas 8 bilhões de reais. Quanto a Arnaldo Jabor, talvez estivesse fora do ar.

Certo, tínhamos problemas com a Telebrás, mas pelo menos eram nossos problemas. Agora temos problemas que espanhóis e portugueses importaram da Europa para os brasileiros e ainda por cima cobram todo mês a fatura por isso. Só a Telefonica de España tem lucros inacreditáveis. Comprou a Telesp por 2 bilhões de reais em 1998, assumiu a propriedade de toda a rede de telefonia instalada, ou seja, centenas de milhares de quilômetros de cabos, centenas de estações de telefonia, todas as instalações prediais e assumiu também a titularidade do dinheiro da Telesp nos bancos, o que dava mais ou menos 1 bilhão de reais. Que belo negócio. Isso é que é modernidade. E por mês fatura uns 4 bilhões em cima dos brasileiros. O mesmo sistema telefônico que temos hoje, com telefones a qualquer hora, teríamos, se ao invés de termos vendido a Telebrás a estrangeiros, tivéssemos feito parcerias público-privadas. Teríamos mantido o controle de nossas comunicações e tudo estaria muito bem. Mas como diziam jornalões e revistas, o moderno era vender tudo para estrangeiros. E os ministros do governo diziam que o governo devia estar fora do mercado de comunicações. Devia estar fora de um mercado que rende a estrangeiros 4 bilhões de reais por mês e isso só para uma empresa. Isso é que é governo inteligente. Ora, e porque ele continua cobrando impostos num negócio onde não está e que é totalmente sustentado pelo contribuinte brasileiro?
E assim essas pessoas que se dizem jornalistas manipulam milhões de pessoas e as levam para o caminho de perdas e derrotas dentro de sua própria nação. Sempre que um jornalista comenta a época do Estado Novo de Getúlio Vargas deixa claro que naquela época não havia liberdade de imprensa. E na época da democracia e cidadania o que fizeram os jornalistas? Trocaram a liberdade de imprensa pela liberdade de empresa. Quem paga mais tem sua verdade publicada. É, Getúlio sabia lidar com esse povo.

Meu caro amigo, mesmo não querendo, vou esperar mais e-mails de você. Mande que tenho que ver para acreditar. Um grande abraço.
Se tiver alguns com alguém comentando sobre Getúlio Vargas e o Estado Novo, mande logo. Aquele sujeito sabia consertar o que estava quebrado.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

P49 Mande mais e-mails

Te respondo depois... Caro amigo

Como está? Sempre trocamos e-mails sobre a vida política dos dias de hoje. E nesta época de eleições, recebemos e-mails da direita e da esquerda, seja lá como se denominem, sem parar. Mas falando de política, apesar de alguns se alienarem disso, o assunto é interessante e nos toca a todos. Temos talvez uma discordância dos fatos políticos de hoje, pelas notícias que me manda, . Mas vejo a parcialidade das notícias que me são enviadas. Todas foram encaminhadas a você, que por sua vez as encaminhou para mim. Mas notícias? Uma verdadeira coleção de fatos montados e remontados, sabe-se lá por quem.

Tenho recebido uma quantidade enorme de e-mails nesta época de eleições, encaminhados por você e outros amigos, alguns dos quais não se sabe, creio eu, a origem. Todos tendenciosos e montados de forma a dar uma certa impressão dos fatos que não correspondem à realidade. Ou melhor, procuram moldar uma realidade ao gosto de quem escreve, pinçando textos, falseando opiniões e ajeitando fotos para compor uma realidade que parece que é mas não é.

É antes a realidade que os órfãos de Fernando Henrique Cardoso, um dos maiores enganadores que o país já teve, tentam passar adiante para ver se seus chefes voltam ao poder. Quem sabe, pode dar certo. Mas não me julgue como partidário de qualquer um dos candidatos atuais a presidente. Vendo a política de hoje, considero Lula apenas um carreirista que fez fortuna por culpa de um erro do povo brasileiro, que alienado dos fatos, humilde e esfomeado deixou-se levar por bolsas e sanduíches do governo. Maior culpa ainda pelo que nos sucedeu a partir de 1994 cabe à classe média, que apesar de ter estudo e renda, foi e ainda é mais alienada e mais atrasada que a classe pobre e em 1994 deu a um grupo de ladrões os votos necessários para venderem o Brasil a estrangeiros e só não fizeram pior porque, sabe-se lá como, mudaram de voto em 2002, senão nem mesmo teríamos mais o nome de Brasil e sim de Brazil Incorporated. É fato, a classe média só conhece o caminho do shopping center. Mas no mundo de hoje, com os valores que ele idolatra, ela não é tão culpada assim, mas ao mesmo tempo, prefere não saber de nada.

Mais uma vez esclareço que não sou a favor de nenhum dos candidatos que estão aí. Ter que votar na Dilma, no Serra ou na Marina é, para fazer uma analogia, estar na mesma situação de ter que escolher entre uma mulher que vasculha bolsas em lojas, entre um homem que revira gavetas num armário ou entre a cúmplice dos dois, que tenta vender na rua produtos naturais feitos em laboratórios do pior tipo, para a presidência do nosso condomínio.

Quanto ao resto, vereadores, deputados estaduais e federais e senadores, não só de um, mas de todos os partidos, não passam de trapaceiros, que tem um e só um objetivo: encherem-se de dinheiro e redigirem as leis que o judiciário, muito amigo deles, recebe sem reclamar. Se bem que alguns magistrados idealistas, ainda que solitários, tentam mudar alguma coisa.

A situação do Brasil hoje, caro amigo, já é próxima de uma secessão, ou seja, separação, perda pura e simples de partes consideráveis e vitais do nosso território, iniciada com a venda das estatais por Fernando Henrique Cardoso e exemplo marcante disso foi a venda de empresas como a Vale do Rio Doce, que antes totalmente nossa, hoje é de propriedade de estrangeiros e chamam a isso de "modernidade". Eu chamo de traição.

A política nos toca, ao menos aos não alienados. Por isso, se pudermos trocar algumas idéias sobre tais assuntos, será bom. O tema política é extenso, o que dá para abreviar é resenha esportiva. Vejo que cada vez mais o Brasil começa a entrar num processo de cisma, onde se dividirão os bons, que desejam retomar o país, com todos os sacrifícios que isso traz, dos maus, que desejam saborear pequenas comodidades dadas por estrangeiros, até o dia em que estarão de chapéu na mão, pedindo dinheiro aos mesmos que ontem lhes davam alguns presentes, fazendo uma analogia, colares e espelhos, como os conquistadores deram aos índios em troca de suas terras, para depois lhes darem as balas de suas Winchesters. Sua região, parte da Amazônia será a primeira a entrar nessa situação.

Aliás, por obra e graça de mais traidores enfiados em todos os cargos públicos, já temos 94 mil km2. de terras dadas para reservas indígenas para uns 4.000 índios, em fronteiras próximas de combates entre guerrilheiros e tropas colombianas, um terreno potencialmente explosivo e capaz de desencadear situações fora do controle do Brasil, pela sua absoluta fraqueza. E enquanto isso, como na denúncia de Orlando Villas-Boas, os índios vivem no exterior fazendo o papel de coitadinhos, pedindo intervenção estrangeira.

Temos um exército incapaz de se deslocar em seu próprio território em caso de conflito e que libera soldados residentes nas cidades em que servem para comerem em suas casas para economizar comida, temos uma força áerea com mais da metade dos seus obsoletos aviões parados por falta de peças, temos um porta-aviões vendido pelos franceses no ano 2000 por 12 milhões de dólares e que eles não sabiam se derretiam ou se transformavam em navio museu. Afinal, ele foi construído em 1957. Mas claro, Fernando Henrique Cardoso apareceu para comprar o velho navio enferrujado. E foi saudado pela imprensa francesa e pela Rede Globo como grande estrategista. E de quebra toca a privatizar estatais elétricas para vender até mesmo para estatais elétricas francesas, que continuaram estatais e hoje lucram com as contas que cobram dos brasileiros. E pelos seus correligionários e votantes foi saudado como homem de grande visão. Que impressionante. Engana a nação mais uma vez e é elogiado.

Como também
comprou os caças A-4 Skyhawk em 1998, que vieram do Kwait, isso mesmo, o mesmo país invadido pelo Iraque e hoje apenas alguns desses aviões voam. O resto está parado dentro do porta-aviões porque não funciona. Claro, também temos que ver que o porta-aviões ficou de 2005 até 2010 no estaleiro recebendo, como não podia deixar de ser, peças eletrônicas e armamentos franceses, que deram um bom lucro aos seus vendedores, já que o Brasil não sabe fazer o equipamento que ele precisa. Imagine se entrássemos em guerra com a França. Como os franceses iriam rir. E todas essas forças armadas (armadas?) para proteger 8 milhões de km2. de território e 6.000 km. de costa marítima e 3,5 milhões de km2. de mar brasileiro. Brasileiro por enquanto. Quanto ao espaço aéreo, melhor nem calcular, "defendido" por alguns velhos caças F-5 americanos e Mirage 2000 franceses da década de 70.
E nesses e-mails que recebo, com o que estão preocupados? Com o que a classe média se preocupa? Com o avião do Lula e com o bolsa família, talvez porque ficaram de fora dos dois. E se a classe média tivesse recebido de presente do Lula uma espécie de Bolsa-Shopping pensa que ela estaria reclamando? Depredações dos Sem-Terra, que perto do que FHC e sua turma já fizeram com esse país é o mesmo que carpir quintal. E depredações dramatizadas ao extremo, justo em época de reeleição, como aconteceu da última vez. Por hoje, eles fazem o que querem e a imprensa só noticia em pé de página. Ninguém liga mais mesmo. Depredações que de resto já aconteciam no tempo de Fernando Henrique Cardoso exatamente para que a imprensa que vivia bajulando ele tivesse manchetes de terror para mostrar. A mesma imprensa que disse que se Lula fosse eleito em 1989, 800.000 empresários deixariam o país. Só se fosse para trabalharem de empregados em alguma lanchonete e olhe lá, porque aqui boa parte só vivia de favores oficiais. Como hoje, em que Lula completa o segundo mandato e esses 800.000 empresários que deveriam ter fugido não deixaram nem o bairro onde sempre moraram.

E entristece também o vergonhoso papel da nossa imprensa, mas um papel tradicional e que vivia pendurada no governo FHC comprando milhões em equipamentos eletrônicos para participarem como operadoras das linhas de telefonia, por isso fizeram a campanha pela privatização. Depois, quando FHC foi reeleito, deu um pontapé na imprensa e mandou Gustavo Franco derrubar a paridade entre o real e o dólar que era de um para um. Resultado, da noite para o dia, Globo, Estadão, Folha e outros viram suas dívidas em bancos estrangeiros subirem o dobro do que eram. Coincidência que eles tenham então apoiado mais a compra de bancos brasileiros por estrangeiros, que hoje controlam quase metade do sistema financeiro do Brasil? E é claro, lucram e muito com o dinheiro dos brasileiros. Pedágios aparecendo sem parar, empresas européias e americanas cobrando preços absurdos dos brasileiros que pagam a estrangeiros para andarem em sua própria terra e dizem que isso é "modernidade", que o certo é o "Estado fora do mercado". Isso é o que dizem jornalões como o Estadão, a Folha, o Globo, a revista Veja, a revista Época. Certo, o Estado fora do mercado. Agora quando esse mesmo Estado financia boa parte do papel comprado por esses grupos para imprimirem suas revistas e seus jornais, aí está certo, aí é modernidade. E nesse tempo todo, desde 1994, a destruição do sistema escolar, a destruição do sistema de saúde pública, o sucateamento da previdência, isso tudo sim a imprensa saudou como "modernização do Estado". E toca a receber verbas de órgãos públicos. Receber verbas do mesmo "Estado que deveria estar fora do mercado" não é ser atrasado, não é ser anacrônico, é ser "moderno".

E nesses últimos e-mails, aparecem denúncias de que o governo Lula paga auxílio-reclusão aos presos, só que não dizem que quem sancionou a lei que criou o auxílio-reclusão foi Fernando Collor de Mello em 1991, lei nr. 8.213/91 de 24 de julho de 1991. Esse Collor é bonzinho. Lula é que é mau porque paga esse tal auxílio que ele é que deve ter inventado.

E também nenhum desses e-mails diz que Fernando Henrique Cardoso aprovou a transformação do auxílio-reclusão em pensão para a família do preso em caso de seu falecimento, em 6 de maio de 1999, decreto-lei 3.048/99. Mas o maldoso mesmo é Lula que paga essas coisas para os presos e suas famílias.

Bom mesmo é Fernando Henrique Cardoso que defende publicamente a liberação das drogas, com todas as desgraças que elas trazem e ainda por cima completa dizendo que depois o Estado, sim, esse mesmo que ele sempre disse que devia estar fora de tudo, o Estado, mantido pelos nossos impostos é que deve arcar com o tratamento dos viciados, que nós já sabemos, é inútil.

O mesmo Fernando Henrique Cardoso que apoiou e conseguiu aprovar no congresso nacional a lei do desarmamento, que deixou o cidadão comum desarmado, incapaz de se defender de bandidos, estupradores e traficantes, quando eles sim é que hoje assaltam e matam o cidadão, estupram suas filhas, viciam seus filhos e o cidadão, desarmado e indefeso, só pode assistir a tudo de cabeça baixa. Mas a imprensa não apoiou isso? Não fez toda propaganda possível em horário nobre para que o cidadão aceitasse a idéia de se desarmar, de se tornar indefeso, de pôr a cabeça no cepo para maior comodidade dos bandidos? Não prometia que com o desarmamento o Brasil viraria uma Suíça de paz e amor?

Agora o resultado está aí. Fuzilamentos coletivos, bandos de modernos cangaceiros pondo até a polícia para correr, assassinatos em série, testemunhas de crimes fuziladas, o povo se trancando em casa logo ao anoitecer. E se por acaso um cidadão tiver uma arma, herança de família em casa, se sua casa for invadida por bandidos e ele atirar para defender sua família e com sucesso abater os bandidos, o que acontece? Ele vai preso por crime de porte de arma, considerado hediondo e inafiançável. Já sabemos o que vai acontecer com ele na cadeia. Mas agradeçam à nossa impresa e a quem assinou essa lei, Fernando Henrique Cardoso.

Claro, Lula também ajudou a manter tudo assim. "Tudo dominado" como diz a marginália.
Acabo de receber mais e-mails seus encaminhados. Não acredito. O assunto do Aerolula de novo? Vou conferir. Um grande abraço.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

P48 Títulos falsos

Títulos falsos...
No dia das eleições, já bem próximo, vai se dar novamente a farsa quadrienal de suposta alternância de governantes. Muitas vezes nem isso. Acredita-se numa sociedade civilizada que essa instituição chamada voto traz muitas mudanças. Que muda governantes e ideologias, que muda condições de vida e o destino de uma nação.

No caso do Brasil, de forma triste e lamentável, nada disso é verdade. Mantém-se a farsa institucional que, desde cedo, em magistral golpe de propaganda os falsários, no caso os políticos, aprenderam a chamar de "democracia e cidadania", logo seguidos pela imprensa, na qual trataram de colocar rédeas através da posse de emissoras de rádio, televisão e jornais e conseguiram criar essa ilusão.
Milhões de eleitores, ainda crentes nos títulos falsos que levam na carteira, irão se acotovelar nos transportes públicos no dia da eleição, coisa a que já estão habituados no dia a dia para chegar ao trabalho. Pelo menos as últimas panes no sistema de metrô da cidade de São Paulo já lhes deu um bom e último treino para isso. Depois poderão ver amenidades nas horas finais do feriado, crentes de que o sol brilhará diferente amanhã.

Os cidadãos deveriam se perguntar porque seu trabalho honesto tem sido tão penoso enquanto o dos políticos, de vereadores a presidentes é tão folgado? Porque sua aposentadoria é tão minguada enquanto que a dos políticos é tão polpuda coroando uma vida de nenhum trabalho e muita corrupção? Porque na propaganda oficial dos jornais, a vida está tão boa, mas o cidadão é roubado em seus direitos, abandonado à própria sorte na porta dos hospitais públicos, não consegue dar educação a seus filhos, enquanto que os políticos criam para eles mesmos mais direitos e privilégios, desfrutam dos melhores planos de saúde e dão educação das mais caras para seus filhos? O cidadão deveria se perguntar porque ele vive espremido em caríssimos cubículos nas grandes cidades, enquanto que os políticos vivem desfrutando de luxuosos condomínios?
Mas se perguntasse tudo isso de forma decidida só teria uma resposta : a de que o título que tem nas mãos é apenas um título falso, emitido por falsários. Isso daria margem a um tumulto e mudanças inacreditáveis. Por ora, a classe política consegue manter essa ilusão.

Talvez a melhor definição de tudo o que ocorre nos dias de hoje, 2010, seja dada pela leitura de um trecho do Manifesto Tenentista da revolução de 1924 :

"...O Brasil está reduzido a verdadeiras satrapias, desconhecendo-se completamente o merecimento dos homens e estabelecendo-se como condição primordial, para o acesso às posições de evidência, o servilismo contumaz que, movendo-se pela mola das ambições, cada vez mais se generaliza, constituindo fator de degradação social. O povo ficou reduzido a uma verdadeira situação de impotência, asfixiado em sua vontade pela ação compressora dos que detém as posições políticas e administrativas. Dispondo de material bélico moderno, contra o qual os cidadãos inermes nada podem fazer, os dominadores tem-lhe coartado a manifestação da vontade pelas urnas, órgão legítimo pelo qual a soberania popular se exerce nas democracias...".

Acredita o cidadão, ainda, que o título que ele carrega no bolso é legítimo. É falso, visto que só serve para alternar as posições de aliados e apaniguados nessa farsa eleitoral. É falso, porque só serve para sancionar as ambições de lucro pessoal dos que melhor souberem cantar promessas de mudança. É falso porque lhe dá a ilusão de mudanças decisivas na vida política da nação, quando na verdade apenas se alternam entre um cargo a mais ou a menos, os mesmos falsários que tem como meta final de tudo apenas a satisfação da ambição pessoal, às custas do povo e da nação.
Enquanto o povo não se perguntar isso, nem procurar pelas respostas, esse congresso de falsários continuará vivendo seu luxo às custas do sofrimento da nação.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

P47 Mercado nacional

Alguns negociantes saem, outros entram...

Aproxima-se o dia em que mudanças na atual participação societária da empresa chamada de Brasil S/A serão redefinidas, com a demissão de alguns dos atuais ocupantes de cargos de direção, havendo então a nomeação de novos pretendentes que passaram o mês apresentando seus curriculos num horário chamado de eleitoral, que seria mais próprio chamar de comercial. Se bem que a propaganda enganosa seria imediatamente proibida de ser veiculada, isso num país com instituições sérias.

O atual presidente da companhia já deu sonolentas mostras para a comunidade internacional de que com seu, ou melhor, sua sucessora, os investimentos continuarão garantidos. Seu sucessor ou melhor, sua provável sucessora, que em tempos idos da década de 70 lutava pelos oprimidos ou pelo menos fazia-de- conta remodelou seu pensamento e hoje trabalha confortavelmente do lado daqueles que chamava de opressores do povo, numa linha dita subversiva na época. Em recente propaganda apareceu com seu protetor dizendo "...a realidade mudou e nós mudamos com ela...". Traduzindo : saímos da cadeia e hoje frequentamos os melhores clubes de Brasília e quem disse que realmente queremos mudar alguma coisa agora? Só fazer-de-conta que mudamos já está ótimo.

E lá se foi o discurso dito socialista para a lata do lixo. Ficou o discurso de proteger o povo brasileiro com um belo conjunto de linhas apresentado em todo horário eleitoral, que estaria melhor mesmo denominado de horário comercial, onde o povo vê claramente que vai entrar forçado como sócio numa empresa de onde tenta sair a qualquer custo, que o digam os brasileiros que emigram todo ano para o exterior em busca de melhores sociedades.

Nessa sociedade onde o povo brasileiro entra como sócio minoritário em relação a direitos e como sócio majoritário em relação a deveres, obrigações e dívidas que nunca fez mas tem que pagar, fica a percepção de um ritual quadrienal de trapaça coletiva, da qual todos são obrigados a participar por lei, enquanto as manchetes das grandes revistas, jornais e redes de televisão procuram apresentar tudo como um mar de alegria e progresso.

A diretoria da empresa, também conhecida como congresso nacional por seu lado cuida de manter seus lugares, que alguns membros perderão esse ano por se aventurarem por onde não deviam, mas terminarão confortavelmente empregados em firmas terceirizadas, para prestarem serviço nenhum para o povo brasileiro, pagos com salários exorbitantes. Outros caídos na antipatia de seus antigos colegas sócios e também em descrédito entre a população, terão suas pretensões salariais rejeitadas, passando a amargar um ostracismo a pão e água.

É o caso de um ex-sociólogo, antigo presidente da empresa, que junto com seus sócios, seguiu fielmente as diretrizes econômicas ordenadas por sócios majoritários estrangeiros e vendeu a maior parte do país, ou melhor, da empresa, para presidentes estrangeiros americanos e europeus e crente de que ia ser recompensado com um belo e vistoso conselho vitalício na empresa, foi descartado por seus antigos sócios e hoje amarga a triste rotina de ser barrado pelo guarda da empresa na portaria, podendo apenas deixar o recado de telefonarem para ele, caso se lembrem. Já se conforma com o banco da praça como local de reuniões com outros demitidos, onde farão de conta de que estão no gabinete presidencial da empresa. Logo um seu amigo, ex-auto-exilado na França em 1964 e que sempre se auto-apresentou como combatente-contra-o-regime-militar lhe fará companhia, se for aceito é claro, depois da traição de dizer que era herdeiro do atual presidente e não do passado, hoje completamente abandonado. Em todo caso, tudo é faz-de-conta.

A empresa progride para alguns poucos funcionários não pela administração, mas pelo seu tamanho, pelo seu vigor natural, pelas riquezas que possui, indo mar adiante como um porta-aviões sem direção, navegando com a força do seu tamanho, enquanto que suas riquezas são indiscriminadamente usurpadas e entregues a estrangeiros e mercadores do pior tipo. Enquanto isso, o mar de prosperidade é pintado todo dia pelas revistas e jornais, que ignoram pessoas nos sinais pedindo o que comer, aposentados sem dinheiro para comprar remédios e o turismo sexual nas praias e estados do norte da empresa, sem contar um governador de um setor da empresa chamado de Amapá, preso sob a acusação de vender terras da empresa para estrangeiros. Enquanto isso, o sócio majoritário da empresa, no que diz respeito a deveres, obrigações e prejuízos, chamado de povo brasileiro, sabe dessa situação de faz-de-conta, mas está impotente para reagir.

A ele resta participar da farsa quadrienal que chamam de eleições e decidir entre dois candidatos, um que rouba pela direita e outra que rouba pela esquerda, qual o menos pior e menos danoso para suas vidas.

E depois, dispensados da única vez em que são ouvidos pela quadro de presidentes e diretores da empresa, será posto de volta no pátio desse imenso conglomerado chamado Brasil S/A, tratando de se cuidar pois a empresa é tropical, o sol é forte e o ar-condicionado fica lá dentro dos gabinetes.

Para piorar, a água fresca também. Mas aí já não é faz-de-conta.