segunda-feira, 14 de junho de 2010

P38 Professores e aprendizes

A lição aprendida justifica tudo...

Israel continua por esses dias a mostrar que seus ataques contra a população palestina sitiada na Faixa de Gaza parecem ter uma motivação mais profunda. Se fizeram comigo posso fazer com os outros. Por tudo que os judeus passaram na 2a. Guerra Mundial, os comandos militares israelenses agem como se tudo fosse possível. Militarmente é, mas humanamente não. Mas parece pouco provável que enquanto forem abastecidos pelos norte-americanos, que os israelenses venham a mostrar qualquer comedimento. Texto publicado originalmente em
em 12.01.09 em http://vellker.blog.terra.com.br

O aprendiz

Um conto escrito pela vida...
Existe um filme muito bom, baseado num conto de Stephen King, mestre do horror, chamado "O Aprendiz" que conta a história de um estudante americano, que por uma série de acasos descobre que um idoso alemão, quase seu vizinho, era na verdade um criminoso de guerra. Ao confrontá-lo com a ameaça de contar tudo para a polícia, o velho oficial alemão pergunta o que ele quer. Ele diz que mantém tudo em segredo, desde que ele lhe conte em detalhes tudo o que viveu na 2a. Guerra Mundial, como comandante de um campo de extermínio. Em certa altura das conversas, o antigo oficial alemão vê no rapaz um aprendiz muito capacitado.

Em que pese a ficção do conto, resta saber o desfecho do conto ainda sendo escrito pela vida. Nesse conto, no dia 20 de janeiro de 2009, Barack Obama, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos assume seu cargo, enquanto a vida por uma série de roteiros que ela mesmo escreveu continua mostrando mais coisas a ele. Resta saber como ele reagirá ao aprendizado. Já recebendo ao mesmo tempo que o presidente Bush todos os relatórios dos serviços de inteligência americanos, Barack Obama começa a mostrar outro rosto para as câmeras. No lugar do sorridente candidato, começa a surgir agora um rosto apreensivo.
Começando a saber de coisas sobre a situação mundial que antes como candidato ignorava, Obama entra no caminho dos grandes aprendizes do maior poder mundial, passando a ser leitor atento dos grandes segredos do mundo, consubstanciados nos relatórios da CIA e da NSA, a pouco conhecida e poderosa National Security Agency, que além da coleta de bruta dados da CIA, um eufemismo para as operações do serviço secreto que custam vidas mundo afora, trazem também relatórios da coleta eletrônica de dados da NSA, que só na década de 70 já era capaz de informar ao governo americano quais seriam as decisões de Leonid Brezhnev, secretário geral da União Soviética simplesmente porque era capaz de captar as emissões que ele julgava secretas entre seu avião e seus ministros.

Barack Obama começa a ver assim a situação de perigo em que caminha o mundo, uma situação que não deixa de ter semelhanças com o velhinho do conto de Stephen King, que num exercício de imaginação, agora morando num apartamento perto da Casa Branca, lhe contará sim tudo o que ele viveu no mundo desde 1939, desde que ele mantenha tudo isso para ele e para os que já sabem. Sim, infelizmente tem quem saiba e se aproveite disso.
Os grandes problemas do esgotamento das reservas de petróleo, vitais não só para os Estados Unidos, mas para o mundo todo. Hoje, com mais de 60% de seu consumo garantido pelo petróleo que vem o Oriente Médio, viram-se os americanos com a desastrada presidência de George Bush invadindo o Iraque pelo real objetivo de garantir sua presença militar por lá e ao mesmo tempo assegurar a exploração e remessa do petróleo custe o que custar. Custou por enquanto a vida de mais de 3.000 soldados americanos e pelo contado, de mais de 90.000 iraquianos, a um custo de bilhões de dólares por ano, preço baixo a pagar se garante a sobrevivência da própria nação americana. Tudo motivado por uma suposta democracia iraquiana e começado num famoso atentado até hoje mal explicado Mas é melhor não falar disso em voz alta.
Enquanto isso, em Israel, a ofensiva contra a faixa de Gaza, muito bem pensada para essa época do ano, teve e terá até seu fim a principal finalidade de pegar o novo presidente americano de surpresa como pegou, antes que ele e seus secretários efetivamente possam a vir dar novas ordens, quando então estarão lidando com um fato consumado muito perigoso e os dirigentes de Israel poderão sentir pela sua reação, se no fundo ele será um bom aprendiz, desses que não criam problemas. O último que tentou reformar para essas estruturas de poder foi o presidente americano John Kennedy empossado em 1961. E que morreu em 1963, num atentado até hoje também mal explicado.
Com seu serviço secreto bem montado, com agentes infiltrados em vários cargos de países árabes, com sua coleta de dados eletrônica com sistemas e rede de satélites espiões próprios, conseguindo informações que são passadas para os serviços secretos americanos e vitais para terem um mapa atual da região, Israel recebe em troca desde as peças dos seus tanques até o combustível para seus aviões e de resto todos os equipamentos para manter sua máquina militar funcionando. Sem isso Israel seria forçado a passar para o seu último grau de intimidação, ou seja, a ameaça do uso de sua força nuclear frente a uma força árabe unida, com o que o Oriente Médio entraria em colapso e a Europa e os Estados Unidos, o mundo todo enfim se veria frente a um desastre sem precedentes na história mundial pela completa desorganização da extração e distribuição do petróleo. Os conflitos que poderiam vir então, num mundo com forças nuclearizadas, ninguém sequer imagina.
É tudo isso que o aparentemente bom velhinho tem contado aos poucos para Barack Obama. Mais ele vai saber a partir do dia 20. E talvez fazer o que for possível. Com a mesma sensação de quem caminha na beira de um abismo. Cada passo é um aprendizado.

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