quinta-feira, 10 de junho de 2010

P37 Um caminho sem fim

Há mais de 5.000 anos...

O povo de Israel não deixa de sentir um certo orgulho por ter em seu calendário mais de 5.000 anos registrados. Mas com a história de tribulações e perseguições por que tem passado, é provável que esse orgulho seja mais pesar do que exaltação, no fundo uma silenciosa lamentação que vem mais cedo ou mais tarde na vida de qualquer israelense. Se em relação ao resto do mundo o povo judeu continuar pensando como pensa, terá mais esse tempo de aflição. Jamais se dará bem com o mundo porque na verdade não quer saber do mundo. Mundo é só Israel. Porém com os recentes avanços belicos dos seus vizinhos enquanto seu principal suporte, no caso os Estados Unidos, começam a entrar na fase de progressivo declínio político, incerteza econômica e desgaste militar, os israelenses terão sorte se contarem mais 50 anos em seu calendário. Texto originalmente publicado em 09.01.09 em http://vellker.blog.terra.com.br

O labirinto

Uma guerra sem saída...
Nesses dias em que continua a ofensiva israelense na Faixa de Gaza, fica mais uma vez comprovado que um grande exército nem sempre garante uma vitória. Pior ainda, cada disparo de sua artilharia pode ser mais um estrondo em que se comprova sua derrota.

É o que acontece dia a dia nessa ofensiva do exército de Israel, que apesar do poderio esmagador, hoje se vê na situação de um atirador perdido em uma viela, com a mira do fuzil quebrada, atirando para todos os lados e anunciando o bombardeio indiscriminado da população palestina como uma grande estratégia de guerra. Mapas são mostrados, comboios de tanques avançam e aviões de combate disparam mísseis e bombas, dando cobertura a soldados que completam o cenário avançando.
Pudesse Israel ganhar essa guerra em corações e mentes e não precisaria disparar um tiro que fosse. Para completar a sensação de perda dos caminhos dentro da política e da própria nação, Israel e seus soldados se vêem confrontados com a sensação amarga de que de nada adiantou mostrar a força que tem. Do Líbano, algum grupo temerário de militantes radicais também disparou mísseis que acabaram acertando uma base aérea, coisa ainda não confirmada.

A população palestina, apesar do sofrimento que tem passado ao contrário de esmorecer apóia os militantes radicais, que bem ou mal vão ganhando seu espaço e assim também seus corações e mentes. Resta aos soldados de Israel apreciarem o espetáculo pirotécnico de sua artilharia, passar por regiões desoladas cheias de mortos, terem ciência da verdadeira maré de ódio que despertam e se consideraremm vencedores, para não terem que amargar essa constatação que a cada dia se torna mais pesada do que toda sua artilharia.
Sim, venceram e ao mesmo tempo perderam militarmente. E pior, perdem a cada dia a pouca simpatia que ainda tinham mundo afora e isso coisa que começaram a perder há muitos anos atrás. Apesar de seu imenso poder, ainda assim na fronteira norte de seu país também aparecem outros militantes desafiando esse poder. Que pode fazer Israel? Atacar todo o mundo conhecido além de suas fronteiras? Convocar todos seus reservistas e transformar cada cidadão num combatente? Do quê e para quê, já se perguntam no íntimo muitos dos seus cidadãos, que se um dia sonharam em ir para a terra prometida tão falada, hoje pensam em como ir para outra terra qualquer, onde possam viver em paz. Se a terra prometida exige tanta dor, melhor deixar tudo isso para quem queira.
No íntimo, cada cidadão israelense está cansado de viver com medo, cansado de ter receio de se aventurar fora das fronteiras de seu país, cansado de ouvir os alarmes avisando que mais bombas estão chegando, cansado de saber que protestam mundo afora contra tudo que sua nação faz.
Sem saber o que dizer frente aos protestos da comunidade internacional, os jornais israelenses procuram ser neutros, tentam anunciar que tudo vai bem na frente militar, autoridades como Ehud Olmert, Shimon Peres e Ehud Barak fazem patéticos discursos triunfalistas e moralistas, enquanto que o cansaço em suas vozes mostra que nada sentem de triunfo nem de moral e a população vive tentando não sentir mais angústia do que já sente.
Em 1948 os judeus fizeram de tudo para criarem e proclamarem ao mundo o Estado de Israel. Que se tornou um verdadeiro labirinto de guerras e incerteza. Há 60 anos vagando dentro desse labirinto, os israelenses chamam a isso de terra prometida.

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