quarta-feira, 22 de setembro de 2010

P48 Títulos falsos

Títulos falsos...
No dia das eleições, já bem próximo, vai se dar novamente a farsa quadrienal de suposta alternância de governantes. Muitas vezes nem isso. Acredita-se numa sociedade civilizada que essa instituição chamada voto traz muitas mudanças. Que muda governantes e ideologias, que muda condições de vida e o destino de uma nação.

No caso do Brasil, de forma triste e lamentável, nada disso é verdade. Mantém-se a farsa institucional que, desde cedo, em magistral golpe de propaganda os falsários, no caso os políticos, aprenderam a chamar de "democracia e cidadania", logo seguidos pela imprensa, na qual trataram de colocar rédeas através da posse de emissoras de rádio, televisão e jornais e conseguiram criar essa ilusão.
Milhões de eleitores, ainda crentes nos títulos falsos que levam na carteira, irão se acotovelar nos transportes públicos no dia da eleição, coisa a que já estão habituados no dia a dia para chegar ao trabalho. Pelo menos as últimas panes no sistema de metrô da cidade de São Paulo já lhes deu um bom e último treino para isso. Depois poderão ver amenidades nas horas finais do feriado, crentes de que o sol brilhará diferente amanhã.

Os cidadãos deveriam se perguntar porque seu trabalho honesto tem sido tão penoso enquanto o dos políticos, de vereadores a presidentes é tão folgado? Porque sua aposentadoria é tão minguada enquanto que a dos políticos é tão polpuda coroando uma vida de nenhum trabalho e muita corrupção? Porque na propaganda oficial dos jornais, a vida está tão boa, mas o cidadão é roubado em seus direitos, abandonado à própria sorte na porta dos hospitais públicos, não consegue dar educação a seus filhos, enquanto que os políticos criam para eles mesmos mais direitos e privilégios, desfrutam dos melhores planos de saúde e dão educação das mais caras para seus filhos? O cidadão deveria se perguntar porque ele vive espremido em caríssimos cubículos nas grandes cidades, enquanto que os políticos vivem desfrutando de luxuosos condomínios?
Mas se perguntasse tudo isso de forma decidida só teria uma resposta : a de que o título que tem nas mãos é apenas um título falso, emitido por falsários. Isso daria margem a um tumulto e mudanças inacreditáveis. Por ora, a classe política consegue manter essa ilusão.

Talvez a melhor definição de tudo o que ocorre nos dias de hoje, 2010, seja dada pela leitura de um trecho do Manifesto Tenentista da revolução de 1924 :

"...O Brasil está reduzido a verdadeiras satrapias, desconhecendo-se completamente o merecimento dos homens e estabelecendo-se como condição primordial, para o acesso às posições de evidência, o servilismo contumaz que, movendo-se pela mola das ambições, cada vez mais se generaliza, constituindo fator de degradação social. O povo ficou reduzido a uma verdadeira situação de impotência, asfixiado em sua vontade pela ação compressora dos que detém as posições políticas e administrativas. Dispondo de material bélico moderno, contra o qual os cidadãos inermes nada podem fazer, os dominadores tem-lhe coartado a manifestação da vontade pelas urnas, órgão legítimo pelo qual a soberania popular se exerce nas democracias...".

Acredita o cidadão, ainda, que o título que ele carrega no bolso é legítimo. É falso, visto que só serve para alternar as posições de aliados e apaniguados nessa farsa eleitoral. É falso, porque só serve para sancionar as ambições de lucro pessoal dos que melhor souberem cantar promessas de mudança. É falso porque lhe dá a ilusão de mudanças decisivas na vida política da nação, quando na verdade apenas se alternam entre um cargo a mais ou a menos, os mesmos falsários que tem como meta final de tudo apenas a satisfação da ambição pessoal, às custas do povo e da nação.
Enquanto o povo não se perguntar isso, nem procurar pelas respostas, esse congresso de falsários continuará vivendo seu luxo às custas do sofrimento da nação.

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