quarta-feira, 27 de outubro de 2010

P52 A corrida dos presidenciáveis

Entre caminhar e galopar...
Estamos a poucos dias do final da chamada corrida presidencial. O que temos visto no entanto, não só desta vez mas também desde 1985, é uma verdadeira corrida de cavalos no sentido mais negativo que as ações dos participantes passados e atuais nos trazem à mente. Cada candidato ou competidor é aconselhado por intelectuais venais e que posam de grandes filosófos políticos, dos quais as universidades do mundo dispensam plenamente as teorias, enquanto são acompanhados por uma imprensa notoriamente comprometida com quem lhe oferecer mais negócios e oportunidades e ao fundo o povo assiste a essa corrida, declarada por tal gente como "cidadania e democracia". Assim, envergonhados perante o mundo e nós mesmos, estamos hoje em cenário dos mais desoladores, apesar da propaganda do que chamam por aqui de imprensa e intelectualidade. Não vivemos o que se chama de estado de direito. Apenas sofremos sob o que pode ser considerado em termos políticos um estado lamentável. Um estado animal.
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Pessoalmente não acredito em nenhum dos candidatos, menos ainda na atual estrutura política do Brasil, que se resume a um estado de corrupção de tal ordem que começa a levar a nação ao perigo de perder suas Forças Armadas e até mesmo de incorrer no risco de perda de partes do território nacional, tal é a sua desmoralização que já permite em jornais estrangeiros editoriais falando sobre a nossa incapacidade de auto-governo.
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A única vantagem e diga-se de passagem, temerária de tal situação, é a de nos indicar de forma decidida, a coragem de entender e aceitar que tal descalabro somente mudará com uma alteração radical nesse estado de coisas.
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Temos ao invés de uma caminhada firme e decidida rumo ao poder, no que poderíamos considerar o melhor de um embate político, um galope frenético de interesses de pessoas em posições de poder e de seus subordinados, onde seres humanos já se animalizaram nas mais baixas atitudes em prejuízo da nação, guiados apenas por uma ganância de poder e de fortuna para si e para suas siglas partidárias. A nação propriamente dita, o futuro dela e de seus milhões de cidadãos são apenas usados como bandeira para amealhar votos, com promessas absurdas e desonestas, sem nenhum planejamento estratégico, com esses competidores apenas recitando truques e inverdades que são apresentados como grandes obras do futuro, coisa impossível numa estrutura polícita corrupta e viciada como a brasileira, hoje já praticamente rebaixada por vontade própria às raias da criminalidade na administração da nação. E é precisamente essa estrutura política ou melhor dizendo, essa estrutura criminal que é abençoada por esses candidatos, sendo que nenhum deles jamais apresentou uma proposta de mudança ou reforma política profunda e radical, pois vivem do que é pior e não do que é melhor. Mas isso não é de hoje, isso vem de 25 anos atrás.
Uma das competidoras, Dilma Rousseff, é hoje a preferida da maioria após uma bem articulada propaganda política antecipada, que aliada a uma farta distribuição de benefícios sociais longe da idéia de ajudarem o cidadão desvalido, pretendiam apenas manter seu voto cativo, coisa em que foi bem sucedida, nada tem a oferecer a não ser a continuação de um aparelhamento partidário do estado brasileiro que visa como sempre o benefício único e exclusivo de seus agregados e filiados, em posições de comando político e administrativo.
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Atacada de todas as formas pela chamada grande imprensa paulista e carioca, hoje concentrada nas mãos de umas poucas famílias de pensamento historicamente conservador e submisso a interesses estrangeiros, esteve exposta a situações como a de sua sucessora na Casa Civil, Erenice Guerra, que aproveitou-se da sua posição para intermediar favorecimentos e nomeações das mais suspeitas e condenáveis, sendo obrigada a renunciar, contando com uma renomeação em algum cargo no próximo governo, que é praticamente certo que será da candidata Dilma. Ao auto-sacrifício momentâneo da colega de partido e governo, corresponderá a devida recompensa em futuro próximo.
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Fica a constatação de que a ideologia que deve existir num partido político, uma ideologia que possa guiar e orientar os cidadãos de uma nação no que haja de melhor do que é considerado pensamento e atitude política e civíca deu lugar a um verdadeiro balcão de negócios, onde bens da nação e posições de governo são apenas moeda de troca e salas de acertos de favores, coisa que também permeou os partidos dominantes dos últimos 25 anos e é prática considerada essencial por todos os outros ainda fora do poder. Quanto ao outro competidor, apesar de contar com a ajuda dessa mesma imprensa que martelou diariamente e repetiu à exaustão o caso da sua sucessora Erenice Guerra na Casa Civil, o candidato do partido opositor, ou melhor, que também disputa as benesses e riquezas pessoais e para o partido que uma nação rica como o Brasil pode trazer ao seu possuidor, o candidato José Serra mal conseguiu caminhar sozinho ao longo de todo esse período, tendo-lhe sido de inestimável valor o auxílio dessa mídia, cujas editorias já o tinham eleito como o próximo presidente do Brasil, impedindo qualquer discordância de seus jornalistas, que verdade seja dita, posam de grandes denunciantes desde que isso represente denunciar apenas seus desafetos políticos.
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Contando também com a ajuda de setores da Igreja Católica, abertamente antipáticos a Dilma Rousseff, somando-se à parcialidade da imprensa, veio um razoável segmento católico do Brasil dar mais uma mostra do seu histórico atraso social, pretendendo dar lições de moral enquanto várias de suas dioceses se afundam numa contínua onda de denúncias de desregramento moral por parte de seus membros.
Aproveitando-se de todos os efeitos dessa aliança da mídia e de bispos da Igreja Católica, José Serra aumentou o tom das denúncias do caso de Erenice Guerra e de uma suposta posição pró-aborto de Dilma, sofrendo o primeiro revés quando uma ex-aluna de sua esposa revelou que a mesma lhe confidenciara ter feito um aborto na década de 70. Para completar o constrangimento e a desmoralização, caiu sob o fogo das denúncias dessa mesma imprensa que até poucos dias atrás estava do lado dele, enquanto se apresentava como impoluto administrador político.
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Na iminência de serem veiculadas pelo partido opositor em horário eleitoral as denúncias de licitações das obras do metrô paulista de terem preços pré-combinados no valor de 4 bilhões de reais, acertadas sob a gestão de José Serra quando ainda era governador, essa mesma imprensa, dando seu candidato por perdido, expôs todo o caso nos últimos dias, deixando seus leitores se perguntando porque essa mesma imprensa que alega saber do caso há meses ficou em silêncio até agora? Ao mesmo tempo nos púlpitos católicos, os bispos silenciam enquanto José Serra aguarda o próximo debate presidencial num situação indefensável.
Essa tem sido a atuação corriqueira de desmandos e mazelas políticas da vida nacional, perpetradas por políticos de todos os cargos e de todas as esferas, com pouquíssimas e honrosas exceções, algumas até mesmo assassinadas por tentarem dar um rumo diferente nas coisas com as quais não concordavam. Na vida de uma nação, na condução dos destinos de um povo, a exigência mais vital é a correta administração das riquezas nacionais, do trabalho do seu povo, do cuidar de suas necessidades vitais, como educação e saúde e acima de tudo o indispensável e crítico planejamento estratégico geopolítico, social e militar, que ignorado pode levar uma nação a um desastre de consquências imprevisíveis.
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Apesar de todo esse cenário de perigo e desmoralização, existe ainda o ideal de uma nação, com seu povo emergindo de uma admirável mistura de raças que ja começa a se delinear num novo tipo de cultura e civilização, que uma vez firmado trará ao mundo contribuições de humanismo e convivência com benefícios que hoje só podemos apenas sonhar.
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Tendo nossa capital nacional nascido exatamente do sonho de idealistas que viam a necessidade de colocar no mapa e na mente dos brasileiros não só a marca, mas também a existência de um ponto cardeal político e administrativo, devemos, apesar dos situações lamentáveis que temos passado, manter esse sonho vivo, mesmo sabendo que para isso alterações profundas, radicais e até mesmo de impacto deverão ser feitas, até mesmo pela garantia de nossa sobrevivência como nação.
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Não pode ser outra a atitude de um povo que precisa resgatar a sua própria vida e deixar como marca uma das mais admiráveis passagens da história do mundo.
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