sábado, 9 de maio de 2009

P14 Namorada também é assessora

Assessoras, vôos e diárias...

Caiu mais um pouco, desta vez através da figura até então insuspeita do senador Eduardo Suplicy, a moral dos parlamentares brasileiros, que por tradição sempre esteve na altura da sarjeta, mas como a boca do esgoto fica na beirada da sarjeta, não é de todo improvável que novas revelações a façam rolar galerias abaixo. Galerias do esgoto jornalístico, é claro, porque nas galerias políticas do congresso, um pouco mais embaixo, já não tem mais espaço para nada.
Saiu afinal a revelação de que o senador Suplicy, que sempre pautou seus discursos pelo respeito ao cidadão e na defesa da república, entendida como organização social e patrimônio desse mesmo cidadão que diz defender, achou que afinal um pedacinho desse patrimônio não ia fazer tanta falta. E vai que ninguém descobrisse, qual seria o problema?

Acabaram descobrindo então, na recente farra das passagens aéreas dos parlamentares, que o senador Suplicy, que em termos de moral política sempre defendeu a postura de tudo medir com a exatidão de um paquímetro, no caso das passagens dos parlamentares mediu as coisas com a "precisão" de uma velha e apagada fita de costureira, dessas onde mal se enxergam as medidas impressas.


Segundo reportagem do jornal "Folha de São Paulo", entre 2007 e 2008, a jornalista Mônica Dallari, sua namorada, foi agraciada com passagens aéreas dadas pelo senador no valor de 5.521 reais, que ele já se apressou em dizer que esse valor será devolvido aos cofres públicos. Observando o caso, duas perguntas nos vem à mente. A primeira é de que se ele vai ressarcir o valor das passagens agora que todos ficaram sabendo, porque já não pagou logo do próprio bolso para evitar constrangimentos?

E a segunda, lembrando do caso da também jornalista Mônica Velloso, no ringue amoroso com o senador Renan Calheiros, é um pensamento que vem a calhar imaginar que atração exercem as jornalistas de nome Mônica sobre os parlamentares.

Pior ainda que em janeiro de 2007 Suplicy também gastou 15 mil reais pagando a passagem de Mônica para Paris, já também devolvida, quando foi convidado pelo governo chinês para uma visita à China. Supõe-se que o governo chinês tenha convidado o senador e somente ele. Até por uma questão de cortesia, parece, os chineses arcaram com o gasto da viagem de sua namorada no trecho Paris-Pequim.

Resta saber quem pagou a volta dos dois namorados ao Brasil. E também seria interessante saber se por acaso a prefeitura de Paris cedeu um lugar em um de seus albergues municipais para a estadia de Mônica ou se o cidadão brasileiro arcou com as despesas de hotel também, sem saber até hoje. E na China, ou Mônica hospedou-se em alguma fazenda coletiva chinesa, onde trabalhou duro enquanto seu amado tratava de assuntos relevantes com as autoridades chinesas ou se novamente o contribuinte brasileiro trabalhou duro para ver seu imposto ir parar nos cofres de algum hotel chinês, para ressarcir os gastos que eles tiveram.


Se existiam apenas uns poucos parlamentares que se contavam nos dedos das mãos defendendo o que era justo e correto, com essa atitude deixa o senador Suplicy de fazer parte desse seleto grupo, minguado a cada dia que passa e que abrimos um jornal qualquer com mais alguma denúncia. Ficamos com a sensação de termos apenas nove dedos nas mãos. O dedo que falta já foi confiscado para pagar passagens aéreas.


Seja lá como for, depois dessas denúncias, vemos claramente que o avião do discurso de moral política pilotado pelo senador Suplicy em suas falas no senado, derrapou feio para fora da pista do bom comportamento. Sem dúvida uma pista muito fácil de derrapar.

Quantos aos vôos então, nem se fala, já que não vemos o que acontece lá em cima.

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