




Vendo que a posição de Sarney já estava na situação do folclórico "balança mas não cai", até a ministra Dilma Roussef, mesmo visivelmente desgastada pelas sessões de quimioterapia, levantou sua enfraquecida voz a favor do senador, uma vez que ela e Lula contabilizam de antemão os prejuízos políticos para a candidatura dela na eventual renúncia do presidente do senado, que nada por nada é membro do PMDB que fez uma aliança com o PT de olho nas eleições presidenciais de 2010. Dizendo que Sarney não deve ser demonizado por atos de outros e evitando tocar na tecla de porque o presidente do senado não escancara de vez o que aconteceu, a ministra Dilma fez o que pôde, mas também caiu junto com Lula na desconfiança da opinião pública.
Para dar uma pausa aos falantes já cansados de tanto falatório sem resultados, o PT chamou sua outra voz de plantão e sempre às ordens, a de Ideli Salvatti, senadora catarinense pelo PT, líder da bancada governista e conhecida últimamente como a mais fiel trombonista política do seu partido, que prontamente subiu na tribuna do senado e fez um discurso defendendo José Sarney de todas as formas possíveis, mas mesmo assim seus protestos passaram no máximo em branco. Visivelmente abatido, o senador Aloísio Mercadante também ocupou a cena política para as defesas exigidas pelo partido.
O que se denota de tudo isso é a vergonhosa atuação de um presidente como Lula, que se nos anos 90 chamou o congresso de um bando de picaretas, hoje se alça ou melhor se rebaixa de forma voluntária à condição de galpão de guarda de todas as ferramentas de arrombamento de que dispõe o senado nacional. O arrombado como sempre é o patrimônio do povo.
Ideli Salvatti, já revendo seu futuro político, marcado pelo seu modo servil de discursar exatamente como os políticos mais conservadores e atrasados que o Brasil já viu no passado, pode esquecer de falar em seus discursos ao povo de seu estado e também do Brasil de qualquer idéia de defesa dos trabalhadores, os quais dizia defender em seu cargo. O senador Aloísio Mercadante que se revezava com Lula nas denúncias contra o congresso, hoje até mesmo sem conseguir disfarçar seu abatimento, aparece também para fazer o papel de defensor de capa e espada do seu partido. Ideologia, defesa dos trabalhadores, tudo é coisa do passado.
Já a ministra Dilma Roussef, que nos anos 70, travestida de guerrilheira Vanda pegou em armas dizendo defender a democracia e lutar contra as classes exploradoras dos trabalhadores, hoje decidiu trocar de lado e sem meias palavras aderiu de armas e discurso às classes que um dia disse combater, hoje na defesa do conservadorismo político.
O que parece mais triste em tudo isso, relembrando a biografia dos quatro, é que fazendo uma comparação com os soldados do filme "Tropa de Elite" que realmente lutavam para acertar as contas com os bandidos fosse como fosse, neste caso, Lula e seus aliados fazem o papel não de uma tropa de elite, mas sim de uma vergonhosa tropa da elite.
Olhando tudo pelo que chamamos de ética, não muito diferente disso, lá pelos idos de 1920, os cangaceiros cearenses aterrorizavam a população de seu estado, mas alguns grandes proprietários de terras ligados a políticos permaneciam longe do alcance de suas armas. Eram os mesmos que lhes traziam armas e munições. Longe da aura romântica e heróica que canções populares lhe atribuíam, os cangaceiros sabiam que no fundo eram apenas isso, jagunços da elite. O que Lula, Dilma, Ideli e Mercadante tem feito nos dias de hoje não é muito diferente. Apenas usam roupas novas, mas continuam perpetuando a tropa da elite.
Mudam as roupas, a tropa continua a mesma.
O individualismo realmente não é um defeito, mas com ele deve coexistir o senso de coletividade, sem o que nenhum grupo social sobrevive. Aí será um individualismo sadio, fora disso não passa de um egoísmo absurdo. Mas talvez Diogo tenha mudado em 2009.
Em outro trecho ele declara abertamente que odeia o Brasil como um todo. Alí ele diz que o jeito de tudo o que é brasileiro o irrita. Os leitores da revista "Veja" e seu próprio publicador devem estar incluídos nessa irritação. Mas porque será então que Diogo Mainardi perdeu tempo escrevendo um livro no Brasil e para brasileiros? Melhor teria sido que escrevesse no exterior e para estrangeiros. Mas 20 anos depois ele pode ter mudado.
Prosseguindo com suas revelações, Mainardi diz que quem o sustenta é a mulher, mas isso também deve ter mudado. Nada há de errado nisso. Quantos escritores devem ter tido como sustento o trabalho de suas mulheres? Mesmo Henry Miller, um ilustre desconhecido na década de 30 teve como mecenas a escritora Anaís Nin, o que o ajudou no caminho de ser conhecido dos leitores de todo o mundo. Novamente o tempo deve ter feito suas mudanças.
Realmente o tempo muda tudo. O homem que odiava tanto o Brasil e tudo o que era brasileiro, hoje mora no Brasil e escreve para brasileiros numa revista brasileira. Resta saber porque Diogo Mainardi tem esse inconfesso ódio pelo que é brasileiro, porque verbera tanto contra movimentos sociais. Isso qualquer um tem o direito de fazer, mesmo porque alguns movimentos ditos sociais primam pelo exagero e pelo desequilíbrio em suas atitudes.
O que norteia a criação de um movimento social é a denúncia e resistência contra uma injustiça. Erros e parcialidades em suas ações é que o levam a tornar-se também mais uma injustiça, mas apenas um injustiça gritante. Há uma necessidade de saber distinguir isso na crítica.
O sistema político do Brasil por exemplo. Seus integrantes e tanto faz a ideologia nisso, fazem truques, mas com a cartola alheia ou melhor dizendo, com o dinheiro alheio. Sem as emendas orçamentárias onde eles fazem a festa, suas cartolas ficariam vazias. Sem o foro privilegiado e votações secretas, eles seriam realmente punidos por seus crimes. Contam com ajudantes na forma da lei que eles mesmo criam, mas nem sempre. Algumas vezes eles tem ajudantes na forma de polemistas. A lei apenas faz tudo o que eles querem, mas não diz.
É aí que Diogo Mainardi se destaca. Negativamente. Parece que aí o tempo não fez diferença. Com suas críticas a todos os movimentos sociais de forma indistinta e com visão parcial, ele ecoa como uma voz do passado, mas um passado tão distante que o exemplar da revista "Veja" de 1989 parece tão novo como uma primeira edição.
Estou Longe de colocar o atual governo como uma novidade ou mudança. Na verdade ele sempre foi partidário de uma só coisa: prestígio e ganhos pessoais sob o disfarce de uma inovação política, quando na verdade distribui migalhas.
No filme da vida, seria interessante ver como Diogo Mainardi se portaria se seu editor passasse a ser alinhado com o atual governo. Por certo teria que recorrer a um ilusionismo para manter seu cargo de ajudante de mágicas.
O que pode ser visto melhor na imagem abaixo, em tamanho real, sem ilusões.