sexta-feira, 19 de junho de 2009

P19 O ilusionista

Mágicos e ajudantes...
Existe um bonito filme sobre mágicas. É "O Ilusionista" com Edward Norton, onde ele interpreta um mágico capaz de façanhas assombrosas, por vezes com o auxílio de um ajudante no palco deixando a platéia totalmente desnorteada com seus truques. Fazer uma planta brotar de um vaso sem nada dentro, chamar espíritos no palco, nada lhe parece impossível. Em certo momento do filme consegue até mesmo impedir um golpe de estado de um príncipe herdeiro contra seu próprio pai. E novamente seus ajudantes entram em cena. Existem ilusionistas assim, de tal forma tão bons que ficamos nos perguntando se foi realmente um truque o que eles fizeram.

É o caso de Diogo Mainardi, que verbera algumas ilusões na revista "Veja" todo seu ódio contra tudo que seja brasileiro. Palavras dele e não minhas, publicadas pelo seu próprio editor, mas em tempos idos. Uma pessoa com o passar dos anos pode mudar para melhor ou pior. No caso, com a coluna que escreve, é provável que tenha mudado para pior.

Qualquer colunista político ataca e com razão o que julga errado em seu país. É normal. Mas acreditamos que o move o nacionalismo sadio e a visão correta das instituições, onde ficamos em terreno nada firme. Move-o também o que chamamos de noção de coletividade. E nesse primeiro ítem Diogo Mainardi parece pecar, mas talvez tenha mudado. Por um desses acasos da vida, numa mesa de biblioteca me deparei com o exemplar da revista "Veja" de 1989, a qual me pus a folhear para ver a "novidades" de tanto tempo atrás. Me deparei com uma entrevista do próprio Diogo Mainardi, acerca de um livro que publicara e de suas impressões sobre a vida e o Brasil. Em um trecho dela, ele deixa explícito seu egoísmo absoluto:

O individualismo realmente não é um defeito, mas com ele deve coexistir o senso de coletividade, sem o que nenhum grupo social sobrevive. Aí será um individualismo sadio, fora disso não passa de um egoísmo absurdo. Mas talvez Diogo tenha mudado em 2009.

Em outro trecho ele declara abertamente que odeia o Brasil como um todo. Alí ele diz que o jeito de tudo o que é brasileiro o irrita. Os leitores da revista "Veja" e seu próprio publicador devem estar incluídos nessa irritação. Mas porque será então que Diogo Mainardi perdeu tempo escrevendo um livro no Brasil e para brasileiros? Melhor teria sido que escrevesse no exterior e para estrangeiros. Mas 20 anos depois ele pode ter mudado.

Prosseguindo com suas revelações, Mainardi diz que quem o sustenta é a mulher, mas isso também deve ter mudado. Nada há de errado nisso. Quantos escritores devem ter tido como sustento o trabalho de suas mulheres? Mesmo Henry Miller, um ilustre desconhecido na década de 30 teve como mecenas a escritora Anaís Nin, o que o ajudou no caminho de ser conhecido dos leitores de todo o mundo. Novamente o tempo deve ter feito suas mudanças.

Realmente o tempo muda tudo. O homem que odiava tanto o Brasil e tudo o que era brasileiro, hoje mora no Brasil e escreve para brasileiros numa revista brasileira. Resta saber porque Diogo Mainardi tem esse inconfesso ódio pelo que é brasileiro, porque verbera tanto contra movimentos sociais. Isso qualquer um tem o direito de fazer, mesmo porque alguns movimentos ditos sociais primam pelo exagero e pelo desequilíbrio em suas atitudes.

O que norteia a criação de um movimento social é a denúncia e resistência contra uma injustiça. Erros e parcialidades em suas ações é que o levam a tornar-se também mais uma injustiça, mas apenas um injustiça gritante. Há uma necessidade de saber distinguir isso na crítica.

O sistema político do Brasil por exemplo. Seus integrantes e tanto faz a ideologia nisso, fazem truques, mas com a cartola alheia ou melhor dizendo, com o dinheiro alheio. Sem as emendas orçamentárias onde eles fazem a festa, suas cartolas ficariam vazias. Sem o foro privilegiado e votações secretas, eles seriam realmente punidos por seus crimes. Contam com ajudantes na forma da lei que eles mesmo criam, mas nem sempre. Algumas vezes eles tem ajudantes na forma de polemistas. A lei apenas faz tudo o que eles querem, mas não diz.

É aí que Diogo Mainardi se destaca. Negativamente. Parece que aí o tempo não fez diferença. Com suas críticas a todos os movimentos sociais de forma indistinta e com visão parcial, ele ecoa como uma voz do passado, mas um passado tão distante que o exemplar da revista "Veja" de 1989 parece tão novo como uma primeira edição.

Estou Longe de colocar o atual governo como uma novidade ou mudança. Na verdade ele sempre foi partidário de uma só coisa: prestígio e ganhos pessoais sob o disfarce de uma inovação política, quando na verdade distribui migalhas.

No filme da vida, seria interessante ver como Diogo Mainardi se portaria se seu editor passasse a ser alinhado com o atual governo. Por certo teria que recorrer a um ilusionismo para manter seu cargo de ajudante de mágicas.

O que pode ser visto melhor na imagem abaixo, em tamanho real, sem ilusões.

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