domingo, 30 de outubro de 2011

P86 O professor Fernandinho

O novo membro do corpo docente da USP...
Com os recentes acontecimentos na USP, onde a Polícia Militar de São Paulo entrou em confronto com alunos da faculdade de Filosofia durante a detenção de três alunos que estavam fumando maconha dentro de suas dependências, fica mais uma vez publicamente exposta a degradação da instituição de ensino paulista, onde dentre seus inúmeros problemas, destaca-se agora o de consumo de drogas e muito provavelmente o nada invejável quesito de já abrigar lá dentro um ponto de venda de drogas de traficantes paulistas, ou pode-se dizer, uma boca de fumo universitária.
Na foto acima vê-se um suposto aluno da faculdade de Filosofia, que encapuzado na mais estreita semelhança com a figura de traficantes em pontos de venda de drogas ou rebeliões de cadeias, pretende posar de "defensor" dos pobres e oprimidos, sendo que se torna impossível dizer quem é o encapuzado. É realmente aluno da USP ou algum traficante fazendo pose de estudante esquerdista para defender seu território e as vendas de drogas para seus clientes universitários? E só poderia fazer isso com a colaboração dos seus alunos fregueses ou então ninguém sabe dizer quem é quem numa manifestação dentro da USP.
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Depois dos relatos de vários crimes cometidos dentro das dependências da USP, dos assaltos frequentes, de assassinatos cometidos contra alunos durante assaltos, do problema já público do consumo de drogas e bebidas alcóolicas pelos seus alunos e coroando tudo isso, a resistência de um grupo expressivo de alunos contra a presença da polícia dentro do campus da USP, sempre sob o disfarce de "defender a liberdade e as garantias democráticas de manifestação política", fica mais do que claro que esse grupo, senão grande parte dos seus alunos aproveitam essa conversa de "esquerdistas progressistas", "ativistas sociais", "defensores das liberdades" para defender a única liberdade que lhes interessa, a de consumir álcool e drogas à vontade dentro de um território onde sabem que a polícia não pode entrar. Querem no fundo aproveitar as vantagens do campus, agora rapidamente se transformando numa cracolândia custeada pelo dinheiro do contribuinte paulista. Sem ligarem para as notícias que logo se propagam pelos informativos especializados em análise das universidades no mundo, nos deixando nessa miserável e vergonhosa situação frente à comunidade acadêmica mundial.
Ao que tudo indica o pensamento que a USP tem inculcado nos seus alunos já de longo tempo pouco ou nada serve ao Brasil, a não ser por atitudes individuais que vão na contra-mão de um comportamento dos mais baixos.
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Leve-se em conta o mau exemplo de Fernando Henrique Cardoso, que formado por essa mesma faculdade que agora abriga traficantes com pose de "defensores dos oprimidos", apresentando-se sempre como defensor de um nacionalismo autêntico na década de 70, além de alinhado com pensadores contrários às oligarquias políticas, escreveu livros sobre a submissão, dependência e exploração da América Latina pelos grandes grupos econômicos e industriais estrangeiros, foi aclamado como o "pai do Plano Real" criado por outros mentores que não ele, que como sociólogo apenas assinava o que era decidido em outras instâncias, deixou o cargo e com o apoio de uma mídia alugada por essas mesmas oligarquias que ele sempre condenou, elegeu-se presidente em 1994 para então renunciar publicamente a todas as suas teorias, aceitar a entrega da infra-estrutura do país aos mesmos grupos estrangeiros que acusava de exploradores e dominadores, enquanto que no cenário interno aliava-se aos mais atrasados e retrógrados políticos oligarcas para sempre ter maioria em votações parlamentares.
Hoje ele defende publicamente a legalização do consumo de drogas, sendo que em sua teoria, os inevitáveis desastres sociais e criminais que isso vai acarretar deverão ser cobertos pela estrutura de saúde e segurança públicas. Segundo suas idéias, a sociedade ter de suportar o peso econômico e humano de todos esses desastres sociais e criminais que a disseminação das drogas vai provocar é a coisa mais natural que existe. Às custas da nação, é claro.
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Com seu entreguismo e oportunismo político perpetrado e registrado nos livros de história e hoje com sua tese de defesa do consumo de drogas e em última análise, do crime organizado, ao que parece sua trajetória se assemelha notavelmente com as dos alunos atuais de sua antiga escola.
Para maior humilhação do Brasil nos recentes acontecimentos dentro da USP, estudantes ou pelo menos assim os encapuzados se identificavam aos repórteres, seja lá como for, eles, o tempo todo encapuzados levantaram barreiras dentro do campus da faculdade de Filosofia com o objetivo de impedir a entrada de viaturas da polícia. De novo os capuzes na mais estreita semelhança com os traficantes encapuzados das bocas de fumo. Na foto acima quem pode dizer se são estudantes ou traficantes tratando de proteger o agora verdadeiro curral onde abastecem seus viciados?
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A motivação não é política, portanto das mais elogiáveis? No entanto ninguém mostra o rosto. Pior ainda os repórteres transitando pelo campus constataram que nas escadas da entrada da faculdade, os alunos haviam improvisado barracas com a venda de cerveja e gelatina de vodka. Esse é o relato que vai para as publicações especializadas das instituições estudantis no mundo todo.
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Não o relato de universitários improvisando refeições ou primeiros socorros a seus colegas em justa luta política, até aceitável numa sociedade civilizada num momento de confronto, mas o relato de encapuzados, provavelmente traficantes, impedindo a entrada da polícia, enquanto consomem cerveja e vodka. Esses é que se dizem "defensores dos valores democráticos".
Falta pouco para os ditos "estudantes da faculdade de Filosofia da USP" com chinelões, bermudas e fuzis, no melhor figurino dos traficantes de morro assumirem de vez o controle da vida acadêmica, já que as coisas chegaram a esse ponto. A tão cantada "defesa dos valores democráticos" por esse grupo de traficantes e viciados encapuzados e quando não encapuzados, alcoolizados, não resiste à mínima análise, passando para todos a verdadeira situação de decadência da USP.
Por esses tempos, vários traficantes, entre eles Fernandinho Beira-Mar já podem começar a pedir formalmente para terem benefícios no regime prisional. Para Fernandinho Beira-Mar talvez as perspectivas de vida fora dos muros do presídio não sejam muito animadoras, mas há uma coisa que ele pode tentar.
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Com a situação da faculdade de Filosofia da USP como vemos nos dias de hoje, Fernadinho Beira-Mar pode se candidatar à livre docência nessa instituição. Terá razoáveis chances de ser aceito pelo conhecimento que possui da matéria.
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Na primeira formatura depois de sua posse, é provável que vejamos o traficante Elias Maluco como paraninfo dos então orgulhosos alunos da faculdade de Filosofia da USP, com seu "espaço democrático" finalmente consolidado.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

P85 Com que nome te chamam

Nem sempre é o nome de nascimento...
A leitura de algumas notícias de ontem veiculadas pelo portal UOL nos leva a fazer uma interessante observação. Dirigindo-se a nós, cidadãos comuns em qualquer situação, com que nome nos chamariam os personagens principais das notícias do dia?
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É necessário ler apenas algumas das notícias para chegarmos a uma conclusão nada animadora, mas infelizmente mais do que real. E assim elas vão surgindo na nossa tela.
Barrado pela Lei da Ficha Limpa por abuso de poder político e econômico, Cássio Cunha Lima, da Paraíba, pode tomar posse como senador graças ao entendimento do Supremo Tribunal Federal de que a lei não o alcança, portanto ele está liberado para tomar posse em seu cargo.
Entendamos que a Lei da Ficha Limpa, ao menos acreditam as pessoas mais decentes, foi feita para impedir que maus políticos pudessem alcançar cargos de onde, é claro, passariam a cometer delitos acobertados e protegidos contra qualquer punição.
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Tal é a essência dessa lei tão carregada de civismo, decência e correção moral que qualquer jurista, filósofo ou mesmo o simples cidadão entenderia que o tempo não a alcança. Ela escapa a qualquer apreciação desse tipo. Juristas que contemplassem o civismo, decência e correção moral como valores realmente a serem preservados, entenderiam que tal lei, protegendo o patrimônio da nação contra políticos desonestos, seria de imediata aplicação. Porém o STF decidiu pelo contrário, talvez guiado por entendimentos contrários.
É provável que se Cássio Cunha Lima tivesse sido eleito para o cargo de tesoureiro e transportador de valores do mesmo Supremo Tribunal Federal, talvez o entendimento dos juízes desse tribunal fosse completamente diferente. Mas como ele vai mexer com o dinheiro do cidadão, o problema é do cidadão.
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Em outra votação interessante e mais do que nunca reveladora da situação de decadência moral e corrupção em que se encontram mergulhadas as instituições brasileiras, o político Valdemar da Costa Neto, sempre implicado em denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público, terminou absolvido de qualquer acusação com o arquivamento de uma ação contra ele, arquivamento decidido pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Uma entidade que também supostamente deveria zelar pelo bom nome do Congresso Nacional, tem um notável placar de arquivamentos de denúncias que chegam até ela.
Ou os denunciantes são sempre incrivelmente ineptos, fazendo sempre denúncias absurdas e sem fundamento ou o fundamento do Conselho de Ética é sempre o de dizer que não vê nada demais em certas práticas com o dinheiro público.
No estado do Maranhão governado pela família Sarney, deputados estaduais aprovaram na prática, a estatização da Fundação Sarney, que até hoje parece não ter tido grande impacto no progresso do Brasil e muito menos do estado do Maranhão, que continua mergulhado numa pobreza secular.
Em todo caso, o dinheiro dos cidadãos contribuintes do Maranhão e em certa parte dos cidadãos do Brasil vai arcar com as contas da Fundação Sarney. A fundação era investigada pelo Ministério Público, teve as contas reprovadas pelo TCU no período de 2004 e 2007, mas o problema agora é do cidadão.
Resta saber, já quase adivinhando, com que nome os principais personagens dessas notícias chamariam o cidadão comum. Sempre investigados, denunciados mas no fim das contas absolvidos por votos de tribunais e conselhos espalhados pelo Brasil afora, é mais do que claro.
Depois de tantos nomes como Piolin, Bozo e Tiririca, esse agora recebendo salário graças ao imposto que o cidadão paga, realmente Palhaço Cidadão ia ser um nome bonito mesmo.

sábado, 8 de outubro de 2011

P84 Um homem e seu sonho

Um sonho de todo ser humano...
Ainda sob o impacto da morte de Steve Jobs há três dias atrás, seus admiradores no mundo inteiro relembram com tristeza pela sua perda, a imagem de um dos criadores do computador pessoal que representou um marco inesquecível na história do mundo. Com sua aparência sempre informal nos modos e na vestimenta, sempre lembrando a mistura de autodidata, empresário, sonhador e cientista, Steve Jobs deixa uma marca toda própria num dos processos civilizatórios mais importantes pelos quais o mundo já passou.
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Mais do que isso, junto com o progresso que trouxe para o ser humano com a concretização de suas idéias, muitas vezes incompreendidas tamanho o alcance de sua visão, ele deixa também uma lição de vida que serve de exemplo a todos que trilhem um caminho semelhante e que ao mesmo tempo que tenham sonhos, se vejam premidos por todo tipo de dificuldades. Filho adotivo de uma família de poucos recursos, sempre interessado em ciências, Jobs deu mostras de sua tenacidade ao entrar numa universidade. Quase sem recursos para pagar as mensalidades, até mesmo catava latinhas de refrigerantes para reciclagem, com o que amealhava recursos para pagar suas contas. Mas mesmo com todo esse esforço foi obrigado a abandonar seu curso. Não abandonou porém seus sonhos.
Ao lado de seu companheiro de idéias, o engenheiro eletricista Steve Wozniac, deu os passos decisivos na criação do Apple I, o primeiro computador pessoal a alcançar sucesso entre as pessoas comuns e realmente abrir as portas de um novo processo de civilização que hoje alcança todas as pessoas do mundo. Numa época em que os circuitos eletrônicos digitais começavam a se tornar pequenos mas potentes o suficiente para serem montados por dois técnicos numa garagem, os dois amigos precisaram vender o único veículo que dispunham para transporte para financiar a compra de materiais para tornarem real o que hoje chamamos de computação pessoal. Na época Jobs já era um defensor entusiasmado do que ele dizia ser a possibilidade de levar o poder dos grandes centros de computação, até então fechados ao comum dos mortais, para entregá-lo à criatividade, lazer e cultura de milhões de pessoas pelo mundo afora. E conseguiu tal proeza.
Na história da civilização humana desde tempos remotos, os progressos sempre foram difíceis e boa parte das conquistas arrancadas da natureza pelo ser humano sempre veio do seu caminho passo a passo na direção do conhecimento, com o que a natureza, de inimiga impassível passava a aliada sempre que seus segredos eram compreendidos e transmitidos para as novas gerações.
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Ao longo de milhares de anos, o conhecimento acumulado deixou de ser estático em imensas bibliotecas para ser dinâmico em gigantescas máquinas de processamento desse mesmo conhecimento. Até mesmo pelas imposições da tecnologia disponível isso só podia ser feito em imensos centros de processamento. Na época em que iniciou seus estudos, Jobs foi um visionário que via na tecnologia já acessível do seu tempo a possibilidade de miniaturizar aquelas máquinas tornando possível que todas as pessoas dispusessem de toda a força do processamento das informações acumuladas pela humanidade em todos esses milhares de anos.
Com a criação em definitivo da indústria da computação pessoal, tornando a informática um meio de desenvolvimento pessoal, educação e aprimoramento de milhões de pessoas pelo mundo todo, Jobs desencadeou uma revolução na qual nem ele mesmo com toda sua genialidade esteve imune aos efeitos de mudanças abruptas. Foi essa mesma genialidade que se em determinado momento o tirou da liderança de sua empresa, o trouxe de volta tempos depois exatamente para impulsionar a criação de mais e mais aparelhos que elevaram a computação pessoal a um nível do qual talvez nem mesmo ele pudesse sonhar quando começou sua jornada.
Já doente desde 2004 com um câncer de diagnóstico negatvio, ainda assim Jobs demonstrou mais uma vez sua capacidade de superar os problemas que se abatiam sobre ele e lançou-se à luta contra a doença. Mesmo sabendo de que talvez não tivesse muito tempo de vida, assim que se recuperou após o primeiro tratamento, voltou à ativa na sua empresa e deixou o mundo assombrado com suas aparições em apresentações onde demonstrava novos aparelhos criados pela sua empresa, baseados sempre em suas idéias e observações de que os produtos deveriam ser simples, elegantes e funcionais, acima de tudo porque eram destinados à computação pessoal.
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Steve Jobs morreu mas deixou esse legado de um avanço sem precedentes na história da civilização pelos meios que criou desde um simples começo com expectativas nada animadoras até chegar a uma das maiores empresas do mundo, sempre orientada pelo seu gênio criativo. Hoje não milhões, mas bilhões de pessoas tem ao seu alcance tudo o que o processamento de informações pode oferecer em termos de lazer, conhecimento e desenvolvimento pessoal.
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Tudo isso que o mundo hoje desfruta se originou de um sonho que esse gênio jamais abandonou, mesmo quando as dificuldades o cercavam por todos os lados.
Numa imagem simples, como era seu estilo, seus seguidores o homenagearam após sua morte, profundamente entristecidos pela perda do criador de inventos que alteraram suas vidas para melhor.
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Sempre nos livros de história, a vida e a obra de um homem chamado Steve Jobs serão lembrados da forma simples que ele deixou como sua marca pessoal, mas a magnitude de sua criação será de uma riqueza sem fim ao longo dos tempos que virão.

sábado, 24 de setembro de 2011

P83 O mundo era perfeito mesmo

Os israelenses pouco se importam...
No tempo em que segue sem uma decisão final o pedido da Autoridade Palestina para o seu reconhecimento como nação pela ONU, vemos que na verdade os israelenses pouco se importam com a possibilidade de levarem o mundo a um confronto de final imprevisível. Tendo conquistado seu reconhecimento como nação independente em 1948 através da ocupação militar da região, alegando direitos de posse das terras e defesa da nação que surgia, depois de passarem os últimos 63 anos provocando conflitos na região, pode-se constatar que Israel prefere ameaçar em última instância com a possibilidade de incendiar o Oriente Médio que é vital para muitos países do mundo pelo petróleo que produz do que ceder ao bom senso e reconhecer a existência da Palestina como nação.
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Negando aos palestinos o que acharam ser em 1948 seu direito natural, embasados numa absurda e medieval concepção de nação favorecida por direito divino pela interpretação literal dos textos do Velho Testamento, que é o livro sagrado dos judeus, persiste o Estado de Israel nesse caminho sem volta, visto que o que uma das coisas mais temidas pelos israelenses aconteceu. Uma nação islâmica, no caso o Irã, conseguiu levantar-se das cinzas da guerra contra o Iraque na década de 80 e construiu sozinha seu sistema de enriquecimento de urânio, com o qual conseguirá sua arma nuclear em breve. Os mísseis para lançamento dela já foram mostrados ao mundo em 2010 em testes bem sucedidos. Para piorar, nações árabes foram varridas por uma onda de transformações onde novos líderes questionam de forma nada animadora a instransigência e no fundo, crueldade de Israel quanto aos palestinos. Tudo baseado na visão de povo favorecido por direito divino, um absurdo que permite aos governantes israelenses cometerem contra qualquer um as piores atrocidades a título de defesa do seu estado, que se torna em última análise, a defesa da vontade divina.
Contando com o Exército americano para fazer na região o que jamais poderia fazer por si só, Israel beneficiou-se por mais 10 anos com o avassalador ataque direto dos Estados Unidos aos Afeganistão e ao Iraque, primeiro em 1991, depois em 2001 e 2003, alegando nos últimos ataques retaliação pelo ataque contra as Torres Gêmeas em 2001. Com as forças americanas preparando sua retirada, financeiramente esgotadas e sem terem cumprido a tarefa de derrota total contra os talibãs e contra os radicais islâmicos iraquianos, os israelenses mesmo vendo um negro cenário à sua frente, persistem ainda em sua postura de confronto. O final será com certeza triste para ambos os lados.

Enquanto não sai a decisão final, que todos poderemos comentar, deixo aqui, numa espécie de nostalgia bem-humorada, a lembrança de como o mundo era mesmo perfeito em tempos passados como na década de 60. Afinal pelo menos podíamos ir ao cinema mais despreocupados com essas questões.
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Texto originalmente postado em
20.09.10 no bilogue Cartas no Dia
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Como o mundo era bom naqueles tempos... O filme se chama "Adivinhe quem vem para jantar". Tendo reencontrado um dos grandes sucessos do cinema da década de 60, que assisti no século passado (bem, metade do planeta pode dizer isso) tratei de levá-lo para casa para rever um dos melhores filmes já feitos, que mistura um ótimo elenco, romance, comédia e reexame de relações raciais, que em 1967, ano em que foi feito, foi um filme justamente premiado pela mensagem de respeito e tolerância que levou para o público americano e para o mundo.

Mas esquecido da cena inicial, que havia visto aos 12 anos num pequeno cinema do interior paulista, é que me dei conta de como o mundo era perfeito. O filme começa com a aproximação de um avião a jato. Enquanto ele se aproxima soltando uma quantidade de fuligem proibida nos dias de hoje, a câmera passa para um plano alto e aí a trilha sonora, lindamente cantada, começa. Aí, de forma inevitável e cativante comecei a relembrar das coisas que vivíamos então, num mundo perfeito. O avião, um Boeing 707, com imensas 4 turbinas, grandes consumidoras de querosene e que na época despejavam toda a poluição possível, fora o rugido também proibido nos dias de hoje, é de uma época em que os combustíveis eram baratos, a poluição de hoje era só um assunto desconhecido, aquecimento global era uma coisa nem sonhada e por um instante todos nós nos sentíamos americanos dentro daquele avião, com todo o luxo possível, não brasileiros comendo pipoca dentro de um cinema.

A trilha sonora no estilo de Ray Conniff, claro era apreciada, se bem que essa trilha é um caso à parte, é linda mesmo de se ouvir abraçado com a mulher amada. Na época, ser elegante e fino e aparentar um certo conhecimento do estilo de vida nas grandes cidades era ter o último disco de Ray Conniff. Quem tinha aparelho de som, coisa rara na época, corria para a discoteca (naquele tempo, discoteca era para vender discos mesmo) A MPB era chata demais por isso só uns 3 ou 4 na cidade ouviam. No caso tínhamos a vitrola monofônica de 78, 45 e 33 rotações por minuto. Bom mesmo era o som estereofônico dos aparelhos High-Fidelity ou os chamados Hi-Fi, que aprendíamos a pronunciar para não dar furo na frente das meninas : rái-fái. De novo, tudo vinha da genialidade dos americanos. E lá íamos nós nos bailinhos de jovens inocentes de tudo, dançando de mãos dadas e corpos separados, sob o olhar vigilante dos pais e mães no que era chamado de "brincadeira dançante". Os carros que víamos no filme, claro, deixavam todos nós nos perguntando que tipo de tesouro a América tinha encontrado afinal? Estávamos acostumados a andar de Volkswagen, o usual da época. Naquele tempo, 4 entre 5 donos de carro tinham um. Ou então o velho Jeep, Rural Willys e coisas assim. Vez por outra, algum parente mais rico de algum conhecido vinha da capital no seu Impala importado, e ficávamos de olho naquela lataria reluzente. Nos filmes da época, quase todos os carros como táxis, viaturas de polícia, carros do vizinho ou do protagonista do filme, eram o lindo e imbatível Ford Galaxie. Por dentro e por fora, nos mostrava o que era ser americano. Luxuoso e bem acabado, uma lataria super reforçada, pára-choques de aço capazes de derrubar um muro e com o consumo em inacreditáveis 3 quilômetros por litro. De gasolina azul, é claro. Mas na época, comprar gasolina era como comprar água mineral hoje.
Terminado o filme, íamos para casa certos de que víviamos no mundo mais perfeito possível. Naquela época, o mundo era dividido somente em bloco capitalista e bloco comunista. Por sorte tínhamos nascido na parte capitalista, ou melhor dizendo, americana. A civilização estava em volta de todos, mesmo que incipiente.

Em casa, antes de dormir, íamos escovar os dentes. E todos nós, com um sabor de vida americana na boca, fazíamos isso usando a pasta dental Kolynos. Ou Colgate. Podia ter coisa mais americana do que essa? Não tínhamos carros de luxo e nem aviões, mas pelo menos a pasta de dentes estava lá. Ou que outra coisa poderia fazer com que nos sentíssemos a um passo de começar a falar inglês no próximo momento, como se de repente nos tornássemos parte da vida que tínhamos visto no filme?

Era um mundo perfeito mesmo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

P82 A coisa pode piorar

A situação pode ficar mais feia do que já é...
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Saiu nos jornais a notícia de que Heloísa Helena e Marina Silva vão se juntar para fundar um novo partido. Sim, a política nacional já estava feia e pode ficar mais feia ainda se vingar essa união.
Heloísa Helena que tratou de atrapalhar como foi possível a reeleição de Lula, depois de ver que seu partido não rendeu os bons balanços financeiros esperados, trata de partir para outro fundo de ações e investimentos, coisa que os políticos brasileiros chamam de "novo partido" quando criam mais um, pois na verdade é apenas nisso que se traduz a política brasileira.
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Abandonando o partido que criou, o PSOL, que traz na sigla a idéia de socialismo e liberdade, coisas que pelo jeito não atraem muito a sua fundadora, depois de sua malfadada criação e reprovação pessoal e política pelos eleitores, ela trata de embarcar em outro projeto empresarial, já que o último só rendeu seu esquecimento, o "sequestro" dos bens do seu empreendimento pelos seus "colegas" de partido mais espertos e para o cidadão brasileiro ficou o prejuízo de pagar o salário do ex presidente Fernando Collor de Mello, que graças à tentativa de Heloísa Helena de tentar a presidência da república em 2006 por conta de sua briga com Lula, foi incensada pela imprensa partidária da candidatura de Geraldo Alckmin do PSDB como grande coisa, quando na verdade o que Alckmin e essa imprensa queriam era alguém que roubasse o máximo de votos possíveis de Lula.
Depois da derrota, já visível quando anunciada essa candidatura, Heloísa Helena saiu dizendo que como não era a candidata dos banqueiros, não tinha tido o mesmo espaço que os outros dois candidatos. Bonito fazer demagogia para esconder a briga entre seus partidários e a reprovação do eleitorado. Pessoalmente deploro esses personagens políticos nauseantes. Um ex sindicalista e ex retirante que aliou-se ao que há de pior e mais atrasado na nossa política, conseguindo bons lucros com isso, um governador do estado paulista pronto a entregar tudo para estrangeiros e no meio deles ex senadora que faz de conta que se importa com o Brasil, chamando a política alagoana de criminosa e hoje fazendo parte dela como vereadora.
Do outro lado aparece Marina Silva, que já teve que declarar a falência do seu empreendimento por absoluta falta de investidores, já que com o cenário atual seu maior financiador e dono de uma das maiores empresas do Brasil se recusa a botar dinheiro num fundo que não rende nada. Também partindo para sua tentativa de autonomia financeira depois de se desentender com Lula, bem que tentou em 2010, para alegria de José Serra também do PSDB, aparecendo para roubar votos da cria de Lula, a atual presidente Dilma Roussef, mas não deu. Agora é juntar forças ou fundos com Heloísa Helena e tentar um novo negócio. Afinal o que é a política brasileira? Negócios.
O cronista Nelson Rodrigues, jornalista, escritor e dramaturgo, brilhante analista das mazelas da sociedade brasileira, dizia sempre que a esquerda brasileira só ficava unida dentro da cadeia. Ele se referia às incontáveis facções em que se dividia a chamada esquerda brasileira entre a linha soviética, chinesa, albanesa, iugoslava e mais divisões do tipo, que longe de representarem um pensamento inovador, representavam apenas o desejo de poder pessoal dentro de suas agremiações. Se uma bandeira já tinha sido encampada, quem ficava sem poder tratava de fundar algum outro partido dizendo adotar outra linha de outro país comunista, esse sim, iluminado redentor dos povos, verdadeiro baluarte da revolução e coisas do tipo.
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E partiam para uma briga assassina, onde não faltava a delação anônima aos orgãos de segurança do regime militar sobre onde seria a próxima reunião dos membros do partido concorrente, quando assim ficavam livres de desafetos sem darem um tiro que fosse. Só terminavam juntos quando por sua vez eram presos e acabavam cumprindo pena dentro da mesma cela. A esquerda brasileira não mudou nada desde a década de 60. Mudaram apenas os termos, os aparelhos de som e os telefones, ela continua a mesma. E apareceram os marqueteiros também, dos quais ela se serve.
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Bem nem tanto que ela tenha mudado assim. Hoje Nelson Rodrigues veria que a esquerda brasileira nem sempre só fica unida dentro da cadeia. Onde existirem bons negócios, ela supera as divisões e se une.
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É necessário um movimento de renovação da política nacional. Urge que sejam dados novos rostos e novas formas às nossas ideologias.
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Este espaço de comentários políticos propõe que os espaços da política brasileira sejam ocupados por novas atrizes que com certeza darão uma feição mais bela às nossas vivências políticas.
Kate Beckinsale para candidata a qualquer cargo político em nova agremiação partidária será, sem dúvida, muito bem vinda e bem votada pelo eleitorado.
Famke Janssen será sem dúvida um dos mais belos rostos a marcar a verdadeira renovação da política brasileira para alegria de todos os eleitores.
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O que não pode é a política brasileira já estar feia e ficar mais feia ainda. Que situação.

domingo, 11 de setembro de 2011

P81 Lembranças de um dia triste

Era um dia como qualquer outro...
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11 de setembro de 2001. Milhões de pessoas foram se aglomerando em volta de aparelhos de televisão e viram o inacreditável.
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Naqueles momentos, era difícil acreditar mesmo. Era simplesmente impossível aceitar que tudo tudo aquilo estava acontecendo. Mas era verdade.
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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

P80 Se você acredita...

Dependendo do que você disser...
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Se por acaso você estiver no consultório de um psicológo, em processo de avaliação para ser admitido em alguma empresa no emprego que você sempre quis, o médico vai fazer algumas perguntas para testar sua coerência e sanidade mental.
Se você disser sinceramente que acredita em duendes, ele vai entender que sua crença vai ser até benéfica nos processos criativos no setor de publicidade da empresa.
Se você disser convicto que acredita em discos voadores, ele vai anotar que sua crença vai ser útil em inovações tecnológicas no setor de engenharia da empresa.
Se você disser que acredita realmente que Papai Noel existe, ele vai fazer a recomendação de que sua crença será útil no setor de relações públicas da empresa.
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Já quase lhe recomendando você para o emprego, ele ainda vai fazer mais uma última pergunta, para testar de vez sua sanidade mental.

E se você disser emocionado que realmente acredita em políticos brasileiros, qualquer chance de conseguir esse emprego acaba de ser jogada no lixo.
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Para ver se você não está brincando, o médico vai fazer uma última e definitiva pergunta.
E se você disser com toda emoção que além de acreditar em políticos brasileiros, você também realmente tem fé e acredita piamente na justiça brasileira, é provável que ele chame os seguranças da empresa para que ponham você na rua agora mesmo.