terça-feira, 31 de março de 2009

P09 As mudanças começam

Apenas um cenário, por enquanto...
Num dia de sol, os funcionários do aeroporto de Brasília dão-se por felizes no final de mais uma sexta-feira. O último deputado embarcou com o último senador para suas cidades de origem, como sempre com o pretexto de "consulta às bases", eufemismo usado para tomarem uísque na beira de suas piscinas e negociarem mais algum conchavo político.

Na Esplanada dos Ministérios, funcionários fecham gabinetes e no Congresso, nos corredores vazios ouvem-se apenas conversas dos seguranças.

No Comando Militar do Planalto em Brasília chegam de forma discreta os carros dos oficiais comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha. Todos se reúnem na sala de conferências e decidem que o plano implementado há longo tempo e em total segredo deve ser posto em prática. Os oficiais de graduação menor também presentes dizem que seus quartéis estão preparados. É dada a ordem e eles saem, já transmitindo as palavras chaves para outros comandantes em guarnições militares.
No presídio da Papuda em Brasília, onde Cesare Battisti está preso, mas já na condição de anistiado político, com a anistia concedida pelo ministro da Justiça Tarso Genro e que ainda vai ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal, o dia corre tranqüilo. Já na certeza de logo estar solto, Cesare se dedica a ler um livro. Os agentes do presídio se espantam com os caminhões do Exército que estacionam na frente do presídio. Um capitão informa que estão alí para levarem Cesare Battisti para um quartel. Ante a recusa do diretor do presídio, blindados M-113 derrubam os portões e entram. Poucos minutos depois Cesare Battisti está algemado dentro de um dos caminhões sendo levado para o Comando Aéreo de Brasília.

Com a movimentação militar visível, programas de televisão e rádio começam a ser interrompidos para a divulgação das notícias. A comoção é imensa. No início atônitos, aos poucos a população do Brasil todo começa a dar apoio aos militares. Comboios de caminhões com soldados armados começam a passar pelas grandes avenidas de Brasília em direção ao Congresso Nacional. Tudo sendo filmado. Não há preocupação dos soldados em impedirem o trabalho da imprensa. Quanto mais os brasileiros souberem do que acontece melhor será. Um destacamento de soldados se posiciona na entrada do Supremo Tribunal Federal. Tanto lá como no Congresso Nacional, documentos, computadores e todos os arquivos começam a ser recolhidos. Entrada e saída são restritas e os prédios são tomados pelos soldados.

No Comando Aéreo de Brasília, Cesare Battisti é embarcado dentro de um avião Hércules C-130 com escolta armada, enquanto que o embaixador italiano notificado da situação informa seu governo de que Cesare Battisti está sendo levado para a Itália para ser entregue às autoridades italianas. Enquanto o embaixador passa a notícia, o avião decola.
O presidente Lula tenta sair de sua residência oficial, mas comunicam-lhe que para sua segurança ele será mantido sob custódia, enquanto a nação é informada do que acontece. Em Porto Alegre, o ministro da Justiça Tarso Genro acompanhando os fatos decide ir até o aeroporto Salgado Filho para embarcar em seu jato para Brasília. Ao chegar no aeroporto é preso por um destacamento da Aeronáutica que já o aguardava dentro hangar.
Durante o sábado e domingo prisões de diversos políticos se sucedem em todo o Brasil. Alguns fogem para países da América Latina pedindo asilo, outros se refugiam em embaixadas estrangeiras.
O inegável é que mudanças políticas e institucionais inacreditáveis acontecem. Alguns comentam que os militares sairão em algumas semanas, outros mais experientes acreditam em meses, outros mais versados em História se lembram de Getúlio Vargas e sabem que quinze anos é um bom palpite.

Matéria a verificar:
Militares comemoram Revolução de 31 de Março de 1964
Imagens do período do regime militar

quinta-feira, 12 de março de 2009

P08 Mudanças virão, minha amiga

Uma pequena conversa...
Minha prezada amiga Lia Luft, como está você? Permito-me chamá-la assim pois leio seus artigos há muito tempo. E ontem li seu artigo sobre os problemas que afligem nosso Brasil, que realmente são muitos. Nas suas observações creio que feitas ai nas terras do sul que conheço e acho lindas, mesmo com esses ares que trazem a suavidade do rio Guaíba, os pensamentos e os ânimos de qualquer um que se importe com política e com esse nosso país realmente ficam por baixo.
Mas que podemos por ora fazer? Certo, sem dúvida denunciar e de forma incisiva que vemos, porém me parece que o Brasil está tão cheio de contradições sociais que ele não terão mais uma solução pacífica. Mesmo porque interessa aos três poderes de hoje manterem essas contradições, pois é com elas e com o acirramente dos conflitos sociais que os verdadeiros barões feudais que hoje são chamados de políticos saem ganhando. É assim que eles constroem suas fortunas pessoais, às custas do sofrimento de milhões de brasileiros. E é assim que eles constroem seu prestígio político que serve tão somente para a adulação de bajuladores que os rodeiam rastejando no mais baixo servilismo. Querendo é claro um lugar na lama, quero dizer, ao sol.

Chocante não é? Mas essa é a descrição da classe política de hoje. E mais ainda dos jornalistas que dizem manter a habilitação da classe, cerrando fileiras para que qualquer um que queira escrever ou denunciar nas linhas de um jornal tenha que ter diploma. Assim segundo eles garante-se o alto nível da profissão. Que hipocrisia. É tudo reserva de mercado. Jornalistas formados hoje se espremem por qualquer mísero salário para trabalharem para políticos donos de jornais e revistas que jamais leram um livro e sob suas ordens escrevem qualquer coisa que lhes garanta o prato feito do dia. Isso segundo dizem, é manter o "alto padrão" do jornalismo brasileiro, coisa que no exterior provoca risos. Luminares do jornalismo mundial como Dan Rather, Walther Cronkite, Greg Palast e outros jamais teriam sido jornalistas no Brasil. Interessante quando você pergunta para um jornalista, até mesmo desses nascidos em 1985 o que foi o regime militar, ele descreve somente horrores. E quando você pergunta das leis do regime mais horrores ainda. E quando você faz a última pergunta sobre a Lei de Imprensa de 1967, ah, aí dizem, sábia decisão dos generais. E toca a trabalhar para o político dono do jornal, que telefona lá de Brasília para ditar o que ele deve escrever. Os jornalistas brasileiros de hoje poderiam muito bem trocar a exigência do diploma pela exigência de serem médiuns espíritas, afinal é outro espírito que dita a ele tudo o que ele na verdade psicografa. Se como os médiuns eles ao invés de colocarem seus nomes no final de cada artigo, colocassem a expressão "pelo espírito de tal sujeito" as coisas ficariam mais claras por aqui.

E sem dúvida podemos nos lamentar olhando o panorama geral. O que restou dos políticos que se pretendem honestos ou audazes hoje? Os que poderiam fazer alguma diferença, ao menos para marcar presença? Um ficou declamando versos de rap em comissões como protesto político. Outro que já até foi guerrilheiro saiu defendendo a liberação da maconha. Outra que se dizia candidata a presidente embarcou numa corrida sabidamente perdida e abriu caminho para que um ex-presidente cassado voltasse com todo poder para uma comissão política de alto nível.
Esses poucos e mais notáveis exemplos de oposição dão razão ao velho ditado político de que a esquerda brasileira só fica unida dentro da cadeia. Mas esses tempos já se foram. Agora as esquerdas brasileiras, mesmo brigadas e juradas de morte estão sempre unidas, ombro a ombro, na fila dos que vão receber as milionárias indenizações que eles mesmos votaram. Alguém já se perguntou porque essas leis demoraram tanto para serem votadas? E porque depois de votadas traziam sempre o recurso da indenização retroativa? Na verdade eram apenas punguistas enfiados num plenário e redigindo leis.
E em termos de honestidade, as coisas andam tão mal que hoje podemos comparar e dizer também que a direita brasileira só fica unida dentro da quadrilha. Fora disso é briga durante a partilha do que foi saqueado. Estão aí as divisões de partidos e coisas tais para constatarmos isso. Até um velho militante do norte já disse que um grande partido é mesmo chegado na corrupção. E outro histórico militante aí da sua terra do sul já disse que por qualquer 2 mil réis o partido se vende. Fico na dúvida se eles estão fazendo uma denúncia real ou se ficaram fora da partilha depois de mais algum assalto aos cofres públicos. Ora, durante 20 anos nunca falaram nada. Era só alegria, só constituinte cidadã. E agora toca a chorar feito bezerro desmamado.

E quanto a direita e esquerda aqui no Brasil, quem disse que não se unem de vez em quando? Esses dois tipos de, podemos dizer assim, meliantes políticos só se uniram e esqueceram as divergências políticas e ideológicas na hora de se reunirem e votarem leis que os favoreciam e lhes davam privilégios, vantagens e prerrogativas marcadas por uma obscenidade política sem igual. Quem não se lembra das avassaladoras votações onde o patrimônio da nação brasileira foi entregue a estrangeiros, tendo apenas a tímida e trêmula voz discordante da oposição, que já de antemão se sabia perdedora na defesa do Brasil? Pior ainda sempre foram as votações de aprovação de tarifas e aumento de salários nas horas da madrugada, quando de forma "conveniente" a esbravejante oposição de esquerda ou de direita "dormia".

Vejo a memória de homens como o gaúcho Alberto Pasqualini, que deixou um legado de idéias políticas de um valor incalculável esquecidas. Vejo a obra nacionalista de um Getúlio Vargas retalhada e vendida a preço vil para proveito de estrangeiros.
Vejo nos dias de hoje que para andarmos em nosso próprio território temos que pagar pedágio a estrangeiros. Grupos econômicos estrangeiros é que decidem lá fora como o Brasil vai aplicar seus recursos e como vai vender mais partes de seu território.
E o que dizem nossos políticos sobre isso, pelas palavras dos jornalistas, seus escritores de aluguel? Dizem que isso é democracia e cidadania.
Minha querida amiga Lia, este é o retrato do Brasil de hoje e é claro que frente aos exemplos do passado não podemos deixar de encarar uma realidade. Isso aqui não tem mais saída pacífica. Que assim o seja.
E acredite que vai ser para melhor.

sábado, 7 de março de 2009

P07 Um ambulatório

Visita de uma tarde...
Estive ontem no ambulatório municipal. Nada demais, apenas um mal estar por causa do sol e calor durante uma pequena reforma do quintal. Com a pressão meio alta achei melhor dar uma passada lá.

Já escaldado com as notícias que vemos nos noticiários, fui até lá desconfiado, mas de forma surpreendente fui bem atendido, até mesmo já orientado a ir para o consultório após preencher uma ficha, pela análise da enfermeira. Passei na frente de várias mulheres com suas criancinhas de colo, meio constrangido.

Achariam que eu era protegido de algum político ou o próprio? No filme da imaginação vi um tijolo voando contra mim. Dei-me conta de que se eu fosse essa figura odiada eu não estaria alí e sim desfrutando de um bom plano de saúde, mas com o dinheiro dos outros, é claro..
Atendido pelo médico, após um breviário de perguntas ele mediu minha pressão e com presteza levou-me até uma sala, onde a enfermeira me fez engolir alguns comprimidos e depois voltou com uma injeção de um tamanho que me fez entender o porque da choradeira das criancinhas. Aí fui colocado numa sala com três camas.

Ao mesmo tempo em que descansava via a movimentação, o ambiente e as pessoas. Geralmente humildes, apenas aguardando um socorro que o Estado para o qual pagam impostos deve lhes dar. Olhei o quarto, simples, mas bem acabado, nada luxuoso e um pouco desgastado pelo uso mas nada infecto ou nauseante como vemos em reportagens de hospitais abandonados pelo poder público.
Pude perceber com clareza como um hospital assim, simples, bem limpo e higienizado, com camas também simples mas perfeitas seria fácil de ser feito e mantido por qualquer poder público. Ainda mais o poder público brasileiro que se esmera em gastar milhões de reais em obras inúteis e palácios, geralmente de alguma coisa que pretendam chamar de judiciário ou congresso e que nada representam a não ser uma visão feudal, às custas do seu próprio povo, hoje refém dessa situação.

Sentindo-me melhor fui até o corredor e vi um homem que sempre está pegando material para reciclagem nas ruas deitado em uma maca. Também passara mal com o calor, mas a despeito de estar desvalido, estava alí sendo atendido. Logo foi levado para um quarto. Enquanto isso mais mulheres com crianças chegavam.

Voltei para a sala da enfermeira onde ela mediu minha pressão e me encaminhou ao doutor, que após uma série de observações me aconselhou a procurar um médico para a devida consulta pois alí era apenas uma medicação de emergência.

Saí dalí me lembrando de todas as manchetes e noticiários sobre os desvios de dinheiro da saúde, do escândalo das ambulâncias superfaturadas e pensei em como num estado onde realmente se fizessem leis justas e houvesse um judiciário correto, nenhum desses culpados teria escapado impune. Aliás, com medo de leis e uma justiça implacáveis, nem sequer teriam pensado no crime que vieram a cometer com êxito.

No ponto de ônibus um cidadão lia um jornal onde vi a notícia de que prefeitos e um deputado queriam o comando da saúde. Me lembrei das cenas de grandes revoluções, onde os culpados de crimes de corrupção terminavam fuzilados e achei que seria uma boa coisa a acontecer por aqui.
Façamos tudo o que for possível para que aquele cidadão venha a ler tal notícia.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

P06 Os miseráveis

Cidadãos brasileiros, os miseráveis...

Numa das grandes obras de Victor Hugo, “Os Miseráveis” vemos retratado em sua obra o estado de calamidade a que havia sido reduzida a população da França do ano de 1830, sofrendo sob o jugo de um poder político e judiciário cruel, poderes na época tomados pelo modo de agir de tempos antigos. Uma nova revolução se fez necessária e os injustiçados alcançaram um novo patamar de justiça para todos.

Deixo aqui mais um comentário escrito no site do Consultor Jurídico, sobre um artigo escrito também pelo advogado Ives Gandra da Silva Martins, intitulado “Justiça seja feita” onde como advogado, reconhece que exceto direitos políticos, o regime militar deu mais garantias ao cidadão. Foi uma época truculenta, mas nem de longe se compara ao que vivemos hoje.

Pior ainda, no retorno dos exilados políticos em 1979, havia no ar a esperança de uma fraternidade política, de um aprimoramento da nação e do povo brasileiro. Fomos enganados. Afora as pouquíssimas e honrosas exceções de sempre, os exilados, então anistiados em 1979 e contando com a confiança da população, cedo trataram de se unir em conchavos e acertos políticos com a única finalidade de alcançarem o poder, prestígio e fortunas pessoais. Em 9 anos se uniram em torno de uma assembléia constituinte, mais corretamente chamada de assembléia prostituinte, onde trataram de alicerçar sua impunidade para crimes a serem cometidos no poder sob o pomposo nome de prerrogativas. Leis para garantir a impunidade, que disseminadas pelos três poderes, mais do que nunca ao longo desses 19 anos os tornaram no Brasil um sólido refúgio para criminosos. Há como sempre as exceções nesse meio, mas que se tornam a cada dia mais impotentes para protegerem o povo e a nação brasileira.

Segue abaixo o comentário que deixei, com as partes que julgo mais merecedoras de reflexão realçadas em vermelho:

”Decididamente, olhando com frieza, não há mais solução pacífica para as contradições sociais do Brasil. É a análise correta que podemos fazer de tudo o que vivemos desde que o ciclo militar terminou em 1985 e os civis assumiram o poder, com as promessas de redenção social, aclamadas pela população que com toda a esperança acreditava neles.

Todos nós fomos traídos por esse grupo de exilados, que retornando do exterior, se puseram a ocupar confortavelmente postos administrativos e políticos em proveito próprio, traduzidos em poder político, exercido de forma que nada fica a dever ao modo de agir dos coronéis da República Velha, desmontada por Getúlio Vargas em 1930. Na esteira desse modo de agir, trataram de angariar o poder financeiro, resultante dos postos de comando preenchidos por amigos e cúmplices, notadamente membros da imprensa brasileira, uma das mais vendidas do mundo. Os antigos coronéis tinham jagunços armados com Winchesters .44, os modernos coronéis do regime civil tem seus jagunços eletrônicos armados com redações de jornais e estúdios de televisão. Foi tudo o que se viu durante esse período de 22 anos de governo civil.

Os militares que se retiraram do poder viveram suas vidas com as aposentadorias do trabalho que exerceram. O falecido presidente Médici até teve dificuldades no fim da vida para pagar seu tratamento de saúde. Geisel deixou um relato do que viveu na presidência, onde fala de ícones da política brasileira, que diziam estar a favor do povo, mas que faziam os conchavos que mais lhes dessem vantagens. O presidente Figueiredo não deixou nenhum relato, mas certa vez, entrevistado sobre o que vivera na presidência, disse em tom de desabafo: "O Brasil? Só tocando fogo em tudo e começando de novo!". Enquanto isso, na década de 80 e 90 vimos os antigos exilados que tinham voltado sem um tostão no bolso já donos de jornais e propriedades milionárias. Sem falar na indústria de indenizações, com leis e regulamentos criados por eles próprios.

Por meados de dezembro passado escrevia isso para um amigo, sobre a falta de perspectivas para uma solução pacífica para nossos problemas. No outro dia saia a notícia de 7 mortos num ônibus incendiado no Rio de Janeiro. Sim, o regime militar foi impiedoso e em muitas coisas agiu com truculência desnecessária. Mas procuramos os noticiários daquela época e não encontramos nada semelhante à chacina de Vigário Geral, de Nova Iguaçú, dos ataques do PCC, dos últimos ônibus incendiados e das dezenas de cidadãos fuzilados no meio da rua.

Hoje somos exilados jurídicos em nosso próprio país enquanto os antigos fugitivos do regime militar cometem delitos tranqüilamente protegidos pelo foro privilegiado. Os antigos acusadores do regime militar são os mesmos que se reúnem no congresso para votarem leis de privilégios e injustiças.Somos abandonados ao assalto do banditismo armado que é muito, muito pior do que os antigos grupos de repressão política que seqüestravam apenas os chamados subversivos. Hoje esses grupos incendeiam ônibus, metralham sobreviventes, seqüestram e extorquem suas vítimas, para muitas vezes o seqüestrado ir parar numa das 200 ossadas já encontradas nos morros do Rio de Janeiro.

No regime militar acontecia isso? Pelo menos o seqüestrado naquela época tinha boas chances de parar na frente de um tribunal militar e tentar se defender. Pior ainda, os exilados que retornaram prometendo o primado do social, cedo se aliaram ao capital, retalhando e vendendo a nação brasileira a grupos estrangeiros. Atitude bem diferente de quando gritavam e bradavam que os militares eram entreguistas. Podemos concluir que na verdade essa gente nunca foi pelo social, pelo povo ou pela justiça. Eram antes partidários do capital, da sociedade anônima e da injustiça. O único detalhe é que gritavam chavões comunistas e brandiam bandeiras vermelhas em 1964. Então ficaram sem ter para onde ir de uma hora para outra. Tudo o que faziam era teatro: era um charme impressionar as garotas da faculdade com pose de esquerdistas enquanto tentavam entrar no Country Club.

Essa é a triste verdade de tudo o que vivemos e de tudo o que sofremos hoje. A conclusão fria é de que somente começaremos a arrumar esse Brasil com um segundo Getúlio Vargas e um segundo Estado Novo. Porque o estado que temos hoje, não é nem velho nem novo. É somente lamentável.”


Nos últimos acontecimentos de descobertas da Polícia Federal, na Operação Navalha, depois do habitual desfile de acusados sendo liberados e autoridades dizendo que de nada sabem e tudo ignoram, apesar das conversas que mantinham com o principal acusado, dono da construtora Gautama, assistimos no noticiário de ontem, 23.05.07 as reportagens sobre as mortes seguidas de bebês em hospitais públicos, onde os enfermeiros mostram a absoluta falta de condições de trabalho, devido a falta de verbas e equipamentos. Enquanto isso sabemos que essa construtora recebeu em licitações forjadas mais de 100 milhões de reais. São tempos em que o rei Herodes da Bíblia, que ordenou o assassinato de bebês, se voltasse a viver não quereria mais ser rei e sim dono de construtora. Construiria seu palácio com mais facilidade e com verbas federais.

Se junto com o rei Herodes, Victor Hugo voltasse da morte para viver no Brasil de hoje, vendo tudo isso, vendo a situação da população, ele não reescreveria “Os Miseráveis”. Entristecido, só caminharia pelas ruas com lágrimas nos olhos.

Matéria a verificar:
Justiça seja feita

Republicação do texto original de 24.05.07

P05 Um retorno

Uma pequena pausa...
Peço desculpas aos amigos que vieram neste espaço e quase nada encontraram. É tempo de retornar.

Por alguns problemas de saúde de um parente próximo estive sem tempo de fazer algumas leituras, dessas que por vezes fazemos antes de escrever, como costumamos dizer, algumas poucas linhas. E certas vezes muitas linhas, dependendo do assunto, que pode nos levar num caminho de palavras.
Assim, já refeito e ao mesmo tempo esperando que esses problemas não voltem tão cedo, me dedico a preparar mais algumas coisas. Por hora republico um texto que fiz há algum tempo.
Um grande abraço e obrigado pela compreensão.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

P04 Negócio da China

Uma notícia não muito notada...

Ao longo desses dias em que se negocia no congresso (é com letra minúscula mesmo), a disputa pela presidência do senado e da câmara dos deputados, vemos de forma clara que toda nossa estrutura política é de fato das mais lamentáveis que já tivemos conhecimento. Pior que isso, como cidadãos somos obrigados a sofrer suas consequências sob o atual ordenamento constitucional, que de ordem só tem o nome.

A disputa não diz respeito ao embate de opiniões entre homens sábios, que irão contribuir com suas decisões para um melhor destino para nossa nação. Diz respeito apenas e tão somente isso, a quem é que vai ter nas mãos a chave do cofre, nas funções de controle do orçamento da União. O ocupante do cargo será aquele que decidirá que partido ou que emenda parlamentar vai ter o dinheiro de que necessita.

No fundo é apenas isso, dinheiro. E qual amigo vai recebê-lo para fazer o que bem entender e qual adversário ficará de pires na mão pedindo o que não vai receber. Nada contra a dministração das riquezas que o trabalho de milhões de cidadãos produz no dia a dia da nação.

Há uma quantia imensa resultante disso e cabe a quem for votado e empossado empossado nesse cargo fazer a correta distribuição dos recursos. Mas tudo se resume a uma briguinha contra os partidos adversários, a abrir o cofre para os partidos amigos, a privilegiar obras eleitoreiras e só.

Infelizmente nosso sistema político, secularmente viciado nos procedimentos mais baixos e nascido na política de compadres, onde conchavos e acertos entre amigos são feitos para benefício próprio, mostra nesse cargo toda a perversidade do sistema do qual por ora somos reféns. Não só nós cidadãos, mas a nação inteira, como se entende o conceito de nação.

Imersos no trabalho do dia a dia, cansados no retorno a suas casas, mal podem os cidadãos entender o que se passa. E se pudessem, toda uma estrutura jurídica e legislativa já foi montada por esses grupos políticos que por hora infelicitam a nação, para até mesmo mobilizar em escala nacional a coerção de tribunais e polícias para conter qualquer manifestação contrária a isso. Já qualquer manifestação de ordem jurídica está fadada ao fracasso, pois pelas leis viciadas editadas pelo nosso assim chamado congresso foram de forma premeditada pensadas para isso.

Continua assim a festa dos amigos nos cargos, os famosos trens da alegria, a corrupção em todos os níveis dos três poderes, enquanto que ao cidadão resta, chegando num posto de saúde, saber que o remédio que ele necessita com desespero não tem data para chegar e ao mesmo tempo saber que na câmara legislativa em frente, o salário dos políticos mais corruptos chega pontualmente.


Enquanto isso, a degradação política, moral e social do Brasil aumenta, já envolvendo até mesmo seus responsáveis por ela fisicamente, nas ruas em volta de seus tão falados palácios da justiça, do legislativo e outros com nomes tão falsos quanto vazios.

Por enquanto estamos reféns desse sistema. O povo francês esteve refem de uma situação assim e um dia, numa explosão de revolta justa e legítima, derrubou seus opressores na tão relembrada Revolução Francesa.

No Brasil, apesar da tranqüilidade desses modernos cortesãos, não vai ser diferente.

Links a verificar:
Tráfico avança em direção à câmara em SP
SUS depois de 10 anos não saiu do papel

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

P03 Os ferramenteiros

Simples ferramentas...
Na época em que as comunicações começaram e se tornar cada vez mais difundidas, com o advento de tecnologias como os satélites na década 60, um sociólogo americano se destacou com suas teorias sobre o poder da comunicação. Marshall Macluhan com suas idéias novas sobre o fenômeno da comunicação instantânea, criou uma frase que merece ser pensada: “Os homens criam as ferramentas, as ferramentas recriam os homens.”.
Passados 28 anos de sua morte, até mesmo uma visão da Internet que ele teve naquela época nos parece admirável. Descreveu a potência que seria uma rede de computadores usados para a comunicação entre si. Ainda não existia a Internet como a conhecemos. Até mesmo contestado por outros pensadores da época, Macluhan deixou viva em todos a discussão de que um mundo novo viria pela frente.
Mesmo a rede de satélites para todos os fins que começava a ser montada então era resultado das idéias de outro notável cientista, Arthur C. Clarke, que a apresentou pela primeira vez em 1945, após ter trabalhado como físico no desenvolvimento de radares, lançou essa idéia num tempo em que os foguetes para isso ainda não existiam. Na década de 60, seu romance “2001, Uma Odisséia no Espaço” tornou-se um filme cultuado até hoje.
Mais que isso, 2001, como peça de ficção orientou toda uma nova forma de pensar da simbiose ser humano-máquina, coisa prevista por muitos cientistas, porém vista com ceticismo. As idéias do ser humano potencializadas pelo poder da máquina. Ou ferramenta.
Naquela mesma época, um adolescente franzino passava horas na frente da tela de um computador PDP-11 com incríveis 32K de memória, trabalhando nele até altas horas da noite. Anos depois, esse jovem agora conhecido como Bill Gates lançou um livro chamado “A Estrada do Futuro” onde mostrava suas idéias sobre um mundo interconectado por computadores e a transformação que isso iria causar.
Bem, hoje, escrevendo e lendo estas linhas vivemos nos tempos que eles prenunciaram e tornaram possíveis por suas teorias e suas criações. Vindas de um sociólogo, de um cientista e de um jovem programador, a verdade é que somos hoje todos participantes desse mundo novo, que se torna mais e mais capaz de nos mostrar uma nova vertente da realidade, poderíamos dizer assim a hiper-realidade.
Mas acima de tudo, a vertente que origina tudo isso, todo esse progresso do ser humano é a política, que analisada em sua forma mais simples é também só uma ferramenta. Mas das mais importantes. Seu uso correto determina o surgimento de uma nação da forma mais feliz possível. Seu uso incorreto determina até mesmo o desaparecimento dela, como vemos na história do mundo.

Assim, na propagação das idéia políticas nos dias de hoje, sem dúvida que os meios que foram criados mostram-se ferramentas de uma utilidade incrível para levarmos uns aos outros visões da realidade e conceitos de política que podem realmente transformar muita coisa em nosso mundo.

Como cidadãos, hoje mais do que nunca, podemos fazer muito mais do que era possível há uns 20 anos atrás. Com a exposição de idéias, utilizando esses novos recursos, é um gesto que torna o caminho que esses criadores abriram cada vez mais cheia de gente, de opiniões, de idéias. Acima de tudo é um caminho que tem lugar para todos na direção do progresso humano.
Vamos caminhar então.