quinta-feira, 12 de março de 2009

P08 Mudanças virão, minha amiga

Uma pequena conversa...
Minha prezada amiga Lia Luft, como está você? Permito-me chamá-la assim pois leio seus artigos há muito tempo. E ontem li seu artigo sobre os problemas que afligem nosso Brasil, que realmente são muitos. Nas suas observações creio que feitas ai nas terras do sul que conheço e acho lindas, mesmo com esses ares que trazem a suavidade do rio Guaíba, os pensamentos e os ânimos de qualquer um que se importe com política e com esse nosso país realmente ficam por baixo.
Mas que podemos por ora fazer? Certo, sem dúvida denunciar e de forma incisiva que vemos, porém me parece que o Brasil está tão cheio de contradições sociais que ele não terão mais uma solução pacífica. Mesmo porque interessa aos três poderes de hoje manterem essas contradições, pois é com elas e com o acirramente dos conflitos sociais que os verdadeiros barões feudais que hoje são chamados de políticos saem ganhando. É assim que eles constroem suas fortunas pessoais, às custas do sofrimento de milhões de brasileiros. E é assim que eles constroem seu prestígio político que serve tão somente para a adulação de bajuladores que os rodeiam rastejando no mais baixo servilismo. Querendo é claro um lugar na lama, quero dizer, ao sol.

Chocante não é? Mas essa é a descrição da classe política de hoje. E mais ainda dos jornalistas que dizem manter a habilitação da classe, cerrando fileiras para que qualquer um que queira escrever ou denunciar nas linhas de um jornal tenha que ter diploma. Assim segundo eles garante-se o alto nível da profissão. Que hipocrisia. É tudo reserva de mercado. Jornalistas formados hoje se espremem por qualquer mísero salário para trabalharem para políticos donos de jornais e revistas que jamais leram um livro e sob suas ordens escrevem qualquer coisa que lhes garanta o prato feito do dia. Isso segundo dizem, é manter o "alto padrão" do jornalismo brasileiro, coisa que no exterior provoca risos. Luminares do jornalismo mundial como Dan Rather, Walther Cronkite, Greg Palast e outros jamais teriam sido jornalistas no Brasil. Interessante quando você pergunta para um jornalista, até mesmo desses nascidos em 1985 o que foi o regime militar, ele descreve somente horrores. E quando você pergunta das leis do regime mais horrores ainda. E quando você faz a última pergunta sobre a Lei de Imprensa de 1967, ah, aí dizem, sábia decisão dos generais. E toca a trabalhar para o político dono do jornal, que telefona lá de Brasília para ditar o que ele deve escrever. Os jornalistas brasileiros de hoje poderiam muito bem trocar a exigência do diploma pela exigência de serem médiuns espíritas, afinal é outro espírito que dita a ele tudo o que ele na verdade psicografa. Se como os médiuns eles ao invés de colocarem seus nomes no final de cada artigo, colocassem a expressão "pelo espírito de tal sujeito" as coisas ficariam mais claras por aqui.

E sem dúvida podemos nos lamentar olhando o panorama geral. O que restou dos políticos que se pretendem honestos ou audazes hoje? Os que poderiam fazer alguma diferença, ao menos para marcar presença? Um ficou declamando versos de rap em comissões como protesto político. Outro que já até foi guerrilheiro saiu defendendo a liberação da maconha. Outra que se dizia candidata a presidente embarcou numa corrida sabidamente perdida e abriu caminho para que um ex-presidente cassado voltasse com todo poder para uma comissão política de alto nível.
Esses poucos e mais notáveis exemplos de oposição dão razão ao velho ditado político de que a esquerda brasileira só fica unida dentro da cadeia. Mas esses tempos já se foram. Agora as esquerdas brasileiras, mesmo brigadas e juradas de morte estão sempre unidas, ombro a ombro, na fila dos que vão receber as milionárias indenizações que eles mesmos votaram. Alguém já se perguntou porque essas leis demoraram tanto para serem votadas? E porque depois de votadas traziam sempre o recurso da indenização retroativa? Na verdade eram apenas punguistas enfiados num plenário e redigindo leis.
E em termos de honestidade, as coisas andam tão mal que hoje podemos comparar e dizer também que a direita brasileira só fica unida dentro da quadrilha. Fora disso é briga durante a partilha do que foi saqueado. Estão aí as divisões de partidos e coisas tais para constatarmos isso. Até um velho militante do norte já disse que um grande partido é mesmo chegado na corrupção. E outro histórico militante aí da sua terra do sul já disse que por qualquer 2 mil réis o partido se vende. Fico na dúvida se eles estão fazendo uma denúncia real ou se ficaram fora da partilha depois de mais algum assalto aos cofres públicos. Ora, durante 20 anos nunca falaram nada. Era só alegria, só constituinte cidadã. E agora toca a chorar feito bezerro desmamado.

E quanto a direita e esquerda aqui no Brasil, quem disse que não se unem de vez em quando? Esses dois tipos de, podemos dizer assim, meliantes políticos só se uniram e esqueceram as divergências políticas e ideológicas na hora de se reunirem e votarem leis que os favoreciam e lhes davam privilégios, vantagens e prerrogativas marcadas por uma obscenidade política sem igual. Quem não se lembra das avassaladoras votações onde o patrimônio da nação brasileira foi entregue a estrangeiros, tendo apenas a tímida e trêmula voz discordante da oposição, que já de antemão se sabia perdedora na defesa do Brasil? Pior ainda sempre foram as votações de aprovação de tarifas e aumento de salários nas horas da madrugada, quando de forma "conveniente" a esbravejante oposição de esquerda ou de direita "dormia".

Vejo a memória de homens como o gaúcho Alberto Pasqualini, que deixou um legado de idéias políticas de um valor incalculável esquecidas. Vejo a obra nacionalista de um Getúlio Vargas retalhada e vendida a preço vil para proveito de estrangeiros.
Vejo nos dias de hoje que para andarmos em nosso próprio território temos que pagar pedágio a estrangeiros. Grupos econômicos estrangeiros é que decidem lá fora como o Brasil vai aplicar seus recursos e como vai vender mais partes de seu território.
E o que dizem nossos políticos sobre isso, pelas palavras dos jornalistas, seus escritores de aluguel? Dizem que isso é democracia e cidadania.
Minha querida amiga Lia, este é o retrato do Brasil de hoje e é claro que frente aos exemplos do passado não podemos deixar de encarar uma realidade. Isso aqui não tem mais saída pacífica. Que assim o seja.
E acredite que vai ser para melhor.

Um comentário:

  1. Amigo Velker, "estepaiz" é coisa perdida...

    Ps.: Parabéns pela excelência dos teus bilogues! Dá gosto de navegar... Estou ansioso pelo livro.

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