sábado, 7 de março de 2009

P07 Um ambulatório

Visita de uma tarde...
Estive ontem no ambulatório municipal. Nada demais, apenas um mal estar por causa do sol e calor durante uma pequena reforma do quintal. Com a pressão meio alta achei melhor dar uma passada lá.

Já escaldado com as notícias que vemos nos noticiários, fui até lá desconfiado, mas de forma surpreendente fui bem atendido, até mesmo já orientado a ir para o consultório após preencher uma ficha, pela análise da enfermeira. Passei na frente de várias mulheres com suas criancinhas de colo, meio constrangido.

Achariam que eu era protegido de algum político ou o próprio? No filme da imaginação vi um tijolo voando contra mim. Dei-me conta de que se eu fosse essa figura odiada eu não estaria alí e sim desfrutando de um bom plano de saúde, mas com o dinheiro dos outros, é claro..
Atendido pelo médico, após um breviário de perguntas ele mediu minha pressão e com presteza levou-me até uma sala, onde a enfermeira me fez engolir alguns comprimidos e depois voltou com uma injeção de um tamanho que me fez entender o porque da choradeira das criancinhas. Aí fui colocado numa sala com três camas.

Ao mesmo tempo em que descansava via a movimentação, o ambiente e as pessoas. Geralmente humildes, apenas aguardando um socorro que o Estado para o qual pagam impostos deve lhes dar. Olhei o quarto, simples, mas bem acabado, nada luxuoso e um pouco desgastado pelo uso mas nada infecto ou nauseante como vemos em reportagens de hospitais abandonados pelo poder público.
Pude perceber com clareza como um hospital assim, simples, bem limpo e higienizado, com camas também simples mas perfeitas seria fácil de ser feito e mantido por qualquer poder público. Ainda mais o poder público brasileiro que se esmera em gastar milhões de reais em obras inúteis e palácios, geralmente de alguma coisa que pretendam chamar de judiciário ou congresso e que nada representam a não ser uma visão feudal, às custas do seu próprio povo, hoje refém dessa situação.

Sentindo-me melhor fui até o corredor e vi um homem que sempre está pegando material para reciclagem nas ruas deitado em uma maca. Também passara mal com o calor, mas a despeito de estar desvalido, estava alí sendo atendido. Logo foi levado para um quarto. Enquanto isso mais mulheres com crianças chegavam.

Voltei para a sala da enfermeira onde ela mediu minha pressão e me encaminhou ao doutor, que após uma série de observações me aconselhou a procurar um médico para a devida consulta pois alí era apenas uma medicação de emergência.

Saí dalí me lembrando de todas as manchetes e noticiários sobre os desvios de dinheiro da saúde, do escândalo das ambulâncias superfaturadas e pensei em como num estado onde realmente se fizessem leis justas e houvesse um judiciário correto, nenhum desses culpados teria escapado impune. Aliás, com medo de leis e uma justiça implacáveis, nem sequer teriam pensado no crime que vieram a cometer com êxito.

No ponto de ônibus um cidadão lia um jornal onde vi a notícia de que prefeitos e um deputado queriam o comando da saúde. Me lembrei das cenas de grandes revoluções, onde os culpados de crimes de corrupção terminavam fuzilados e achei que seria uma boa coisa a acontecer por aqui.
Façamos tudo o que for possível para que aquele cidadão venha a ler tal notícia.

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