domingo, 15 de abril de 2012

P101 No final do mês

Sempre no final...
Depois do incêndio que atingiu o prédio público de serviços ambientais de Porto Alegre, os funcionários se recusam a voltar ao trabalho alegando a insegurança a que estão expostos. Alegam também que praticamente não contam com dispositivos de segurança no prédio. Como mais de 700 pessoas ficam no prédio durante o serviço, os funcionários decidiram ficar do lado de fora, já que perceberam que o retorno das autoridades responsáveis é parco e lerdo, quando não ausente, já que na tradição política brasileira, os dirigentes trabalham em sedes amplas, luxuosas e bem servidas, enquanto os funcionários se esfalfam em salas precárias e mal servidas.
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Para a população largada em salas de espera em pior estado, a situação é ainda mais difícil.
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O secretário de meio ambiente gaúcho ja informou que está procurando um novo edifício para alojar esses funcionários. Entrevistados pelos jornais, os funcionários informaram também que o prédio público comprado em 1960 não possui alvará de habitação e nem plano de prevenção a incêndios, mas o secretário já informou que a procuradoria gaúcha está regularizando a situação. O secretário só não informa se isso vem sendo feito desde 1960.
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Também informou que até o fim do mês um novo sistema de controle permitirá saber a real situação dos milhares de prédios públicos alugados pelo governo gaúcho, que hoje conta com um precário e desatualizado sistema de acompanhamento.
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Essa é mais uma das tradições políticas brasileiras. Sempre que são entrevistas sobre uma irregularidade ou problema, os secretários, chefes ou governadores responsáveis sempre terminam uma declaração dizendo que "até o fim do mês, um novo sistema será implantado para...".
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E lá vem, como há mais de um século, sempre o novo sistema "no fim do mês" para acompanhar obras com irregularidades, para acompanhar as obras da Copa do Mundo cheias de denúncias, para melhorar as obras dos aeroportos cheios de problemas, para sanear os problemas de algum hospital cheio de pacientes mortos, para acompanhar melhor as planilhas de custos para impedir desvios de dinheiro público.
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No fim do mês o que vem sempre é o polpudo salário dos dirigentes políticos brasileiros.
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Vellker
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