quinta-feira, 15 de março de 2012

P98 Bom tom e etiqueta nos assaltos

Sugestões de frases para anunciar uma ação...
Tem sido uma constante as queixas dos moradores de bairros nobres de São Paulo por causa de assaltos e arrastões promovidos por bandidos de alta classe, que é claro, deixaram de se interessar pela prática de assaltos em vielas e botecos onde no máximo conseguiam alguns trocados para pagar a refeição do dia, pelos assaltos aos ditos moradores dos bairros de gente rica, dos quais eles conseguem arrancar até mesmo relógios de 3 mil reais dos pulsos.
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Apesar da rudeza da observação, que tipo de idiota vai sair com um relógio de 3 mil reais no pulso? Só mesmo o idiota que pede para ser assaltado com esse chamariz à vista de todos. Nas delegacias, as queixas dos membros da classe rica e média alta, vítimas de assaltos tem sido uma repetição enfadonha. Melindrados pelo fato de terem sido obrigados a se despojarem dos seus bens e se deitarem no chão senão tomam um tiro e o que é pior, de bala comum e não de alguma marca européia famosa como Bulgari ou Pierre Cardin, que infelizmente ainda não fabricam munição de classe, tem eles expressado sua indignação pela impolidez dos assaltantes.
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Acostumados a maltratarem empregadas e motoristas com expressões rudes e ameaças de vínculo empregatício, ficam surpreendidos e magoados ao serem tratados da mesma forma e ainda por cima de cabeça baixa, frente ao irrespondível argumento bélico exibido pelos assaltantes, melhor dizendo, expropriadores, que incompreendidos em seu ingrato trabalho de tentativa de reequlíbrio das desigualdades sociais, são sempre mal falados pela imprensa, que os denigre de forma parcial, visto que a maioria dos jornalistas se constitue , não raras vezes, em serviçais da classe assaltada, melhor dizendo, expropriada.
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Vão aqui algumas sugestões para que os assaltantes comecem a anunciar suas abordagens com mais classe e elegância, com o mesmo palavreado que a classe rica está acostumada a ouvir de seus mordomos.
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Alteremos também os nomes como assaltos e arrastões, tão vulgares e desprovidos de charme para outras denominações que reflitam elegância e bom tom para a ocasião.
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Assalto passa a ser chamado de expropriação, como nos filmes políticos da década de 70, onde se romantizavam as ações da esquerda hoje no poder e arrastões passam a ser chamados de expropriações domiciliares, o que é, convenhamos, bem mais charmoso.
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1-Anúncio do assalto:
Senhores e senhoras, peço sua atenção por alguns instantes. Tendo em vista a grande concentração de ítens de joalheria e eletrônicos de última geração e de grande valor em posse das pessoas de fino trato aqui presentes neste restaurante da moda, pedimos que coloquem todos seus celulares, relógios caros, jóias de alto valor e também cartões de crédito e dinheiro em espécie na bolsa que nosso auxiliar estará passando entres vocês. Depois pedimos que se deitem para evitar o incômodo de receberem um disparo, que reitero, será feito somente em nossa legítima defesa. Nosso bando, perdoem-me, nosso grupo, agradece sua compreensão e contamos com sua presença na nossa próxima incursão. Após nossa saída pedimos que continuem suas refeições sem maiores problemas. Obrigado pela sua compreensão e pelos seus pertences.
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2-Expropriação do relógio de alto valor:
Prezado senhor, tendo em vista sua contumácia em carregar pelas ruas esse relógio de altíssimo valor, gesto temerário e desprovido de sentido, gentilmente lhe observo que neste momento sua pessoa está sob a ação de uma medida de coerção visando a expropriação desse bem. Solicito que o entregue para mim agora mesmo, senão serei obrigado a efetuar um disparo contra sua pessoa, para retirar o referido relógio do seu corpo inerte. Encare isto como medida puramente coercitiva sem nada de pessoal contra tão fina pessoa. Espero que não fique magoado com essa ação, que é em última análise, apenas uma expropriação necessária para reequilibrar ao menos em parte as graves distorções de distribuição de renda no nosso meio social. Agradeço pela sua presteza.
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3-Deitar alguma vítima mais renitente no chão:
Caro senhor, desculpe-me por esse golpe contundente na sua distinta cabeça. Solicitamos no início da expropriação e com toda gentileza que todos se deitassem no chão. No entanto, flagrei-o escondido atrás do vaso de flores e com o celular na mão de forma suspeitíssima. Sou obrigado a provocar esta contusão em sua cabeça com a coronha da pistola, pois sua atitude não me deixa outra alternativa. Além disso, esta açào é altamente pedagógica e instrutiva para os demais presentes, que à vista do sangue que pinga de sua nobre cabeça, tratarão de ser mais dóceis e mais rápidos na atitude de passarem seus bens sem nos criarem nenhum problema a mais. Conto com sua compreensão neste difícil momento e mais uma vez assevero que nada há de pessoal neste ato.
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4-Polida exigência de rapidez na entrega dos bens:
Reiteramos mais uma vez aos prezados frequentadores de tão fino estabelecimento, que sejam mais prestativos e mais rápidos na entrega de todos seus bens, como relógios, jóias, celulares, cartões de crédito e dinheiro e falando baixo. A demora na ação solicitada demandará mais tempo na expropriação dos bens, o que eleva em muito o risco de que os chamados agentes policiais, caso sejam alertados por algum observador externo, entrem no estabelecimento, com o que haverá um confronto bélico com intensa troca de tiros em todas as direções, com o que não poderemos de forma alguma garantir a segurança dos fregueses aqui presentes. Agradecemos se prestarem atenção neste detalhe e tornarem mais rápida a entrega dos bens, ação que visa preservar a nossa e a sua segurança.
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5-Saída do estabelecimento após a expropriação:
Agradecemos pela sua colaboração na entrega dos seus bens pessoais durante a expropriação. Realmente este é um estabelecimento requintado e que recebe somente pessoas de fino trato. Solicitamos para sua e nossa segurança que evitem chamar as forças policiais durante alguns minutos, enquanto empreendemos nossa saída sem maior alarde. Apesar da interrupção, poderão continuar a saborear sua comida e degustar seus vinhos finos, que tivemos o cuidado de deixar intactos sobre suas mesas. Esperamos reencontrá-los neste restaurante em outra ação ou em suas casas e apartamentos na nossa próxima expropriação domiciliar, já agendada para breve. Obrigado pela presteza e uma boa noite a todos.
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Assim todos serão felizes e os moradores dos bairros nobres não só de São Paulo como de outras metrópoles terão um tratamento mais digno durante as expropriações de alto padrão.
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Vellker
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